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UM PALAVREADO INICIAL: NO RASTRO DA CRÔNICA, POSSIBILIDADES DE SE HISTORICIZAR


Jakson dos Santos Ribeiro

Professor Adjunto da Universidade Estadual do Maranhão. Doutor em História pela Universidade Federal do Pará –UFPA; Mestre em História pela Universidade Federal do Maranhão – UFMA; Especialista em História do Maranhão pelo Instituto de Ensino Superior Franciscano -  IESF; Licenciado em História pela da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA.


A chronica, que é uma palavra derivada do Latim, tem como significado a construção de um relato, relatos esses que são gestados no fazer do cotidiano, ou seja, fatos, acontecimentos do cotidiano, e que aparecem na estrutura da crônica em uma ordem predeterminada.
Nessa ótica, tendo o cotidiano como um terreno privilegiado para suprir sua existência, a crônica consegue sobreviver na mesma esfera que se encontra o jornalismo e a literatura, garantindo-lhe ser expressiva dentro da sua intencionalidade para com o seu público, como também ter um bom desempenho textual.
No entanto, apesar de suas vantagens, a crônica deve comportar-se diante de suas limitações, pois, o espaço que proporciona articulação com o seu público, existe todo um conjunto de regras normativas, que apontam como esta deve ser, nesse caso, dentro da estrutura do jornal.
Nesse jogo, o jornal como um veículo de informação e que segue perspectivas ideológicas, obriga o cronista, ao propor suas intencionalidades para com a crônica, estruturá-la de forma sucinta, com uma economia de palavras, mas que nunca deixe de lado sua riqueza de detalhes e intenções.
Ao olhar para crônica poderia percebê-la como um gênero comum e com grau de relevância menor. E poderia concebê-la assim, com este olhar menor, porém, se acompanharmos com mais afinco os diálogos que a história já vem constituindo nos últimos tempos, podemos apontar que o chamado giro linguístico, entre outras mudanças, possibilitou transformações dentro do terreno da história.[1] Desse modo, notamos que as possibilidades de historicizar, de fazer história, foram fomentadas com outras abordagens, variando os modos de fazer, e imbuindo-se de metodologias, para conseguir realizar o ato da historicização.
Pensando por esta perspectiva, Sandra J. Pesavento nos aponta quais as possibilidades que a crônica proporciona para história e para o seu artesão.

A crônica é uma narrativa por excelência apropriada para o estudo do imaginário de uma época, entendendo nesta designação não só o sistema de ideias e imagens que toda comunidade constrói para si, mas, também, um conjunto de significados de que esta representação coletiva é portadora (PESAVENTO, 1997: 34).

Assim, problematizamos a crônica como sendo um gênero literário que consegue encontrar um lugar no espaço do jornal, e faz uma conexão de diálogos com as vidas das pessoas na cidade, como também, constitui uma ponte de compreensão sobre a vida dessas, além de propiciar entendimento sobre quem as compõem.
Desse modo, no primeiro momento do trabalho, o olhar inicial da pesquisa será perceber como os artesãos de Clio se comportam ao trabalharem com as crônicas em suas produções. Este exercício é realizado objetivando constituir uma base teórica e metodológica fortalecida, para que se possam criar diálogos frutíferos da história e o historiador, quando estes fazem o uso da crônica.  Para Chalhoub,

[...] a proposta é historicizar a obra literária – seja ela conto, crônica, poesia ou romance, inseri-la no movimento da sociedade, investigar as suas redes de interlocução social, destrinchar não a sua suposta autonomia em relação à sociedade, mas sim a forma como constrói ou representa a sua relação com a realidade social – algo que faz mesmo ao negar fazê-lo.[2]

Assim, sobre esse prisma de buscar compreender como os historiadores se comportam diante da crônica e da própria utilização desta nas produções do campo historiográfico, nos tornamos tributários das concepções de Bakhtin em relação aos gêneros discursivos, como também da própria linguagem para compreensão da constituição sócio-histórica que pode emergir a partir da interação do sujeito no processo de tessitura, de composição da crônica, e principalmente, a partir do olhar do cronista.

Neste sentido, reflexo, expressão, testemunho, articulação, influência e termos similares são o léxico que costuma vincular o texto literário ao que há de coletivo e social para aquém e para além de suas páginas. Aliás, a escolha de um ou de outro termo já implica não só menor ou maior grau do entrelaçamento postulado entre literatura e história, como também e, sobretudo o modo como se postula tal entrelaçamento.[3]

Nesse caso, a orientação das palavras deve ter uma função significativa para o interlocutor, um significado expressivo, pois a realidade é composta de palavras, que possuem sentido dúbio, e por que incrementa em suas bases a representação do fato em que procede, o fato do qual essa palavra se dirige. Ela constitui justamente o produto da interação do locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação ao outro (BAKHTIN, 2006: 115).
A palavra é revestida de poder, pois é constituída de um produto originado da interação entre o locutor e o ouvinte. Nessa ótica, o discurso literário, retórico, filosófico, e o das ciências humanas, torna-se o reino das “opiniões”, das opiniões notórias, e mesmo nessas opiniões, não é tanto o “quê”, mas o “como”, individual ou típico da opinião em causa que ocupa o primeiro plano (BAKHTIN, 2006, p. 200).
Notamos, assim, que é por meio da palavra que é definida a ponte entre quem fala e quem ouve, entre o “eu” e o “outro”. Por isso que a palavra se torna, nesse processo, o território comum do interlocutor e o locutor. “Através da palavra, defino-me em relação ao outro, isto é, em última análise, em relação à coletividade” (BAKHTIN, 2006, p. 115).
Nesse curso, podemos arrolar aqui que a atividade mental é centrada no desenvolvimento do cotidiano através da ideologia. A palavra é envolvida de um poder ideológico, ela constitui como propósito falar dos gestos e acompanhar os atos. “Considerando a natureza sociológica da estrutura da expressão e da atividade mental, podemos dizer que a ideologia do cotidiano corresponde, no essencial, àquilo que se designa, na literatura marxista, sob o nome de “psicologia social” (BAKHTIN,2006: 121).
Assim, dentro dessas possibilidades, outro aspecto, ou melhor, outro sujeito que se torna interessante a ser estudado e ganha um grau de relevância na mesma intensidade que a crônica é o próprio cronista, pois ele é a fonte e ponte ao vivido, ao narrado na crônica, que pode tratar o assunto em um tom ficcionalizado ou não. 

Deve considerar paralelamente que ‘o mundo do leitor’ é sempre aquele da ‘comunidade de interpretação’ (segundo a expressão de Stanley Fish) à qual ele pertence e que é definida por um mesmo conjunto de competências, de normas, de usos e de interesses. O porquê da necessidade de uma dupla atenção: à materialidade dos textos, à corporalidade dos leitores.[4]

Este sujeito, no caso, o cronista, pode ser comparado ao próprio flanêur benjaminiano, que observa a cidade, que descreve os comportamentos e vê o movimento dessa urbe, como também às próprias singularidades tecidas no desenrolar do cotidiano. É um sujeito de relevância para caminharmos por vias de compreensão da crônica em relação ao cotidiano e a própria memória da cidade. Sob este prisma, Jean Rolin Jeudy nos aponta:

O autor parece fundir-se em um tecido urbano que permaneceria inextricável se ele não desse nomes que, de uma maneira encantatória, evocam cidades conhecidas. O movimento de sua descrição, ao ritmo de sua observação detalhada, permite ir-se representando no pensamento do leitor toda a vida cotidiana em sua realidade imediata. (...) Cada situação surge e depois desaparece, cada visão da cidade delineia-se de acordo com uma realidade que advém, que marca, que capta e que se esvai em seguida dentro da noite dos tempos. (...) É a partir de um jogo da contingência e da determinação que o escritor cria as condições de expectativa de seu olhar. Essa disposição torna possível a singularidade da emergência dos acontecimentos mais banais.[5]

Com essa perspectiva, o cronista torna-se um sujeito privilegiado dentro da ótica citadina, pois tem a possibilidade de trazer a cidade de maneiras diversas, como também o próprio movimento que embala o ritmo do fazer do cotidiano dessa cidade. Além de trazer à tona a vida urbana por um ângulo, em que as lentes estão mais focadas, mais concentradas nesse cotidiano.

O cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente. Todo dia, pela manhã, aquilo que assumimos, ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou viver nesta ou noutra condição, com esta fadiga, com este desejo. O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. É do interior. É uma história a meio-caminho de nós mesmos, quase em retirada, às vezes velada. [6]

Nessa relação, podemos perceber que existe entre o cronista e a cidade uma relação de alma e corpo, na qual a ação do cronista, momento em que realiza a tessitura de uma crônica sobre a cidade, está produzindo a própria memória dessa cidade.

Sem ser tão despretensiosa e ligeira quanto supõe parte da crítica, a crônica não se presta também a definições gerais que tentem, de uma tacada, englobar todos os seus sentidos e características, como se fosse possível chegar a sua suposta essência. Se a própria delimitação dos diversos gêneros literários se mostra frágil e incerta, qualquer definição abstrata de crônica terá sempre, como limite, a concretude de cada um desses pequenos artigos. Escritas em verso ou prosa, ligadas à verdade ou ao sonho, têm em comum o tipo de relação que estabelecem com a indeterminação da história. [7]

Seguindo esse prisma, o cronista sob a ótica das suas lentes de observação, nos possibilita perceber imagens da urbe, tempos, momentos, vidas, gestos e sentidos que compõem a vida de uma cidade. Podemos encarar o cronista também como sujeito-historiador que no ato de olhar para cidade, consegue nesse giro do olhar perceber ainda, a alma da cidade em meio ao movimento do tecido urbano.

Na fase de pesquisa sobre o passado e me recuperar informações esquecidas, ou suprimidas, ou obscurecidas, e, é claro, extrair delas todo o sentido que puderem. Mas entre esta fase de pesquisa do seu trabalho, os historiadores estão empenhados em descobrir a verdade sobre o passado e em recuperar informações esquecidas, ou suprimidas, ou obscurecidas, e, é claro, extrair delas todo o sentido que puderem. Mas entre essa fase de pesquisa, que na verdade não se pode distinguir da atividade de um jornalista ou um detetive, e a conclusão de uma história escrita, é preciso realizar várias operações transformadoras importantes, nas quais o aspecto figurativo do pensamento do historiador é mais intensificado do que diminuído. [8]

E assim, nesses momentos em que faz o registro do movimento citadino, movimento da urbe, da cidade, esse cronista realiza um processo de materialização da realidade histórica, que consequentemente, produz a memória social dessa geografia urbana, dessa cidade.
O autor da crônica também pode ser ele mesmo ator principal nesse ato de narrar, pois pode deixar sua alma falar, apresentar na crônica suas próprias experiências. Além de tomar uma posição acerca dos fatos políticos, ou mesmo outros assuntos.

Embora a narrativa histórica não possa jamais ter a liberdade de imaginação da narrativa ficcional, ela nunca poderá se distanciar do fato de que é narrativa e, portanto, guarda uma relação de proximidade com o fazer artístico, quando recorta seus objetos e constrói, em torno deles, uma intriga.[9]

Por isso, mesmo sendo encarada como um gênero menor, com uma forma diferente dos demais gêneros, como o conto, a poesia, entre outros, porém, não perdia sua singularidade diante da cena social. Assim, segundo Antônio Candido, sobre essa questão o mesmo acrescenta:

[...] a crônica não é um ‘gênero maior’ [...] ‘Graças a Deus’, - seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós. E para muitos pode servir de caminho não apenas para a vida, que ela serve de perto, mas para a literatura [...]. Por meio dos assuntos, da composição aparentemente solta, do ar de coisa sem necessidade que costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo o dia[...]. Principalmente porque elabora uma linguagem que fala de perto ao nosso modo de ser mais natural.[10]

Nesse jogo, podemos apresentar que a crônica tem um traço “natural”, em que sua linguagem ganha ares mais leves, e com essa leveza na sua composição, o gênero textual ganha elementos atrativos fazendo com que o leitor, aproxime-se da crônica com mais facilidade. Assim, [...] “o ofício do historiador, todavia, nos faz olhar para essa fonte literária como registro sensível do tempo, para, assim, tentar realizar a ambição de apreender o sentido das ações dos homens no passado”. [11]
Por isso, Candido aponta o quão a crônica estabelece ou restabelece uma ligação com as pessoas e suas coisas, visto “[...] um cenário excelso, numa revoada de adjetivos e períodos candentes, pega o miúdo e mostra nele uma grandeza, uma beleza ou uma singularidade insuspeitadas”. [12]

Nos rastros das “coisas miúdas, possibilidades de grandes coisas”: como é ele na crônica? E o que é sua crônica? A narrativa a partir da crônica

Vítor Gonçalves Neto, ao contrário de muitos escritores, jornalistas da sua época não se enquadra na linha comportada de fazer seus comentários sobre os fatos do cotidiano, sobre as coisas vividas por ele em sua trajetória de vida tanto profissional, quanto pessoal. Nas suas considerações, as coisas ganham um estilo próprio, singular, que o nosso personagem jornalista/escritor torna-se único, uma figura que marca e deixa marca, que notifica as suas coisas, como coisas tolas, mas coisas tolas que são importantes, não se importando com o que os outros, os críticos iriam falar.
Nas suas crônicas apresenta lembranças, desejos, amigos, família, seus encontros e desencontros, seus momentos, seus ânimos, desânimos, sem ao menos procurar saber se isto seria importante para as pessoas. Nas suas crônicas também aparece o que suas lentes de observador conseguiram capturar, o indizível se torna dizível, o menos importante ganha intensidade. Nesse caso, o cronista,

[...] usa de uma densidade característica, pois é essa densidade a linha tênue entre crônica e conto. No conto, o autor mergulha no universo do personagem, do tempo, do espaço e da atmosfera que darão força ao “fato exemplar”, o cronista age de maneira mais solta, dando a impressão de que pretende apenas ficar na superfície de seus próprios comentários.[13]

Para Vítor, o vivido se apresenta através das palavras, são elas que erguem na zona de percepção social, o que ele pensou, o que ele viveu, isto é, o que ele simplesmente inventou. Para ele, as várias palavras usadas em suas crônicas, quando juntas podem dar uma dimensão representativa das suas aventuras e dos seus pensamentos, ou mesmo voos da sua imaginação. Por isso, Pesavento considera que:

[...] ao historiador que se debruça sobre as crônicas em busca das vozes e sensibilidades que chegam do passado, falando de um ou tempo, há que ter em conta esta presença da imaginação criadora tanto na produção quanto na literatura do texto, e é na perseguição destes cruzamentos, partilhas, identificações e contradições que se encontra os maiores desafios.[14]

Nessa escala de representação das coisas pensadas, vividas, sentidas, suas memórias quando vêm à tona, ganham funcionalidade de mostrar ao grande público o próprio Vítor, descalço, nu, vagando pelo mundo da literatura, ou mesmo sentado em um canto, simplesmente escrevendo.
Mas, voltando às palavras, quando Vítor realiza combinações, elas traduzem a rua, se ela está solitária, movimentada, como também representam seu esquecimento, o esquecimento do grande amor da sua vida. Uma falta que ele mesmo reconhece.
Nas considerações, as dimensões da experiência, ou melhor, das suas experiências, se tornam a fonte para que se faça mover suas mãos e as colunas dos jornais, nas quais trabalhou, onde ganhava ao final textos singulares. Assim, em relação a essa questão, Pesavento, aponta que no caso da crônica, “[...] o escritor é alguém capaz de realizar uma operação metonímica no seu texto, fazendo do incidente miúdo a chave para a compreensão do mundo e da vida”.[15]
A memória, o seu passado, vem como uma furação, sem um ordenamento, sem pudor, sem medo, sem receio, vindo conforme ele acha que deve ter o tom da crônica para que ela ganhe destaque. O simples, o banal, nesse caso, não pode ser contado por Vítor, como simples e banal, devem ser vistos e contados e expressados, para que as pessoas vejam além das palavras, vejam nelas o sujeito que as viveu. Assim, notamos Vítor tentando contar suas experiências como uma forma de dizer, “somos seres humanos, somos seres instituídos de falhas, somos pessoas frágeis e cheias de feitos”.
Nota-se nas crônicas de Vítor, o homem falho, o homem machista, o homem amante do sorriso, o homem solitário, o homem alegre, o homem, comum, o homem escritor, que assim como os outros devem manter posturas e seguir regras.
Tais regras não funcionam com Vítor, principalmente no campo da escrita. Pois suas crônicas tornam-se a fonte para compreensão dessa característica. O seu limite é não ter limite, visto como o sujeito Vítor, o escritor Vítor Gonçalves Neto, desdenha, debocha de si e dos outros, transforma o íntimo em público, escancara suas partes, suas emoções. Uma demonstração de um sujeito inquieto com as regras, com o perfeitamente correto.
Em Vítor, nota-se os extremos, os vícios, os defeitos, ou simplesmente o ser humano. Ele não esconde os defeitos, como a maioria das pessoas. Ele recria em suas crônicas o homem, o ser humano que muitos homens são forçados, por regras e percepções sociais punitivas a esconder. Nas suas crônicas, o medo, a melancolia, o não gostar são ditos, sem arrodeios, são simplesmente ditos.
Nas suas crônicas o mundo se torna presente. Elas expressam o homem que viu as folhas caírem, o vento mover a areia da praia, o homem que sentiu a melancolia da noite, que contemplou a lua e as estrelas. Nelas, as águas do Rio Itapecuru foram temas de seus momentos, das suas reflexões. O sertão, assim como o rio, torna-se lugar de ocupação do seu espírito rebelde, da sua inquietação.
Os botecos, as ruas, foram lugares dos seus momentos de contemplação, de extravagância em companhia das bebidas ou mesmo dos seus amigos. Outra coisa que Vítor tem orgulho, seus amigos, e as mais diversas experiências que viveu com eles. Para ele, momentos que se eternizaram nos laços da memória.
Sua fé é posta em dúvida por ele mesmo. A sua crença, segundo ele mesmo, está no amor. Outro aspecto presente em seus momentos de rememoração, o amor que dedica à família, ao vento, ao sol, ao rio, a cidade, aos amigos.
Como dito anteriormente, o pequeno é que se torna importante, é o merecedor de ser lembrado, de ficar registrado, pois como ele mesmo diz, pertence a ele. Então é importante. Assim, ele fala da bolsa, dos óculos, como sendo objetos que ao longo da sua vida foram importantes, e eram importantes, por isso ganhavam nas linhas das suas crônicas palavras, frases, períodos, pequenos e grandes, justamente para serem descritos.
Vítor sabe das verdades instituídas, porém, não leva a regra para prática, não a pratica, pois, a via contrária tem uma paisagem mais interessante, mais cheia de charme, por que para ele, é simplesmente na via contrária que estão as coisas que acha interessante. Menciono essas, como muitas outras que falei, quando ele escreve uma crônica intitulada Setembro. Ele compõe a crônica de palavras e frases que expressam o quanto gosta do mês, e como durante todo o ano tal mês é esperado com ansiedade, uma vez que tem um significado especial, simples assim.
Porém, ele recobre a lucidez instituída socialmente sobre a função social do cronista, que diz que o cronista tinha que fazer com que as pessoas se divertissem com as palavras pensadas e apresentadas. Por isso, Vitor freia suas memórias e considera “[...] quase olvidei meu papel de cronista social – cujo o dever aqui é alegrar a gente do ‘bem’, comentando festas e anunciando os outros acontecimentos”.[16] Mas como apontei, ele envereda sua caminhada como cronista seguindo a “lógica” das suas memórias, do seu desejo, da sua vontade, sem esperar para escutar o que deveria ser importante.
No trajeto do seu escrito, o que é relevante, em se tratando desse momento em que se lembra do mês de setembro, por exemplo, é falar por que é mais importante lembrar-se do mês de setembro e justificar que compor uma crônica pensando o lado efêmero das práticas sociais. Por isso ele diz que se lembrar do mês de setembro seja assim, um passatempo mais interessante, pois tem algo dele no mês de setembro, que só no mês de setembro consegue identificar. Nesse jogo de qual é, e o que é importante ele aponta por que setembro possui um significado simbólico.
Nesse certame, Vítor diz saber qual a razão, mas sempre foi para ele um mês que simpatizava muito. E principalmente neste ano em que se tem lua cheia.

Talvez seja devido à ilusão da primavera – “quando o Sol entra na constelação de Libra e percorre mais o signo de Escorpião e Sagitário, enquanto que a Terra passa pelos signos de Aries, Tauros e Gêmini”. Ou então pela minha ciência de que neste mês e nesta região onde vivemos continuarão – os “roçados e queimadas, bem como a colheita do algodão, da mandioca, da cana de açúcar, do arroz e da mamona. Tempo das farinhadas românticas perdidas no lirismo brutal lá dos sertões. Início da colheita do fumo e amendoin – melancia e gerimun. Época do plantio de hortaliças e da pesca do pirarucu. Setembro gostoso como que.[17]

Observa-se que Vítor, mesmo trazendo uma questão pessoal, vê nela, uma grande importância. Mesmo quando isso acaba ganhando um ar de desagrado para muitos, naquele momento, é importante, tem peso, é algo que para ele é bom para se lembrar. Assim, abro um parêntese, e penso na própria escrita do historiador, de julgar o que é importante, o foi importante e o que deve ser encarado como importante. Pois, às vezes, regido por regras, por burocracias acadêmicas, somos levados a podar nossos desejos, nossa escrita, para que ela possa ser vista, como algo importante para os pares da academia.
Nesse jogo de escrita, Vítor, também deixa rastros, pistas de pensar, não apenas a sua personalidade, mas também aspectos deste próprio mundo em que ele vive. Menciona esta questão ao passo de ouvi-lo, quando está falando das suas viagens, e aqui em especial, devido às questões que são abordadas pelo cronista.
Na ocasião, Vítor diz que viajar é sempre um ritual. Ritual, principalmente da sua valise. Confesso aqui, nunca ter ouvido falar, mas olha que valise nada mais é que a mala. Esta que para ele é como se fosse “fiel como cão de fila derramada aos pés”[18].
Certo da sua fiel companheira, Vítor, cita outro aspecto desconhecido agora, mas que no momento em que viveu, era a marca de produto da vez. A pasta de creme dental Kolynos. Mostra a sua veia de consumidor de produtos de grande circulação naquele momento.

Referências

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e filosofia da linguagem. São Paulo: Hucitec, 2006

BARBOSA, M. J. S. Chorar verbo intransitivo. Cadernos Pagú, Campinas, n. 11, p. 327-328, 1998

COUTINHO, Milson.  Caxienses ilustres. Rio de Janeiro: Lithograf, 2002.

ERTZOGUE, Marina Haizenreder. Solidão, narrativa e imaginação no fin-de-siècle: história e sensibilidade através de crônicas. Projeto História nº 43. 346 Dezembro de pp. 345-366. 2011.

 

GALVES, Marcelo Cheche. “Pequena imprensa” o poder político: pensando os jornais locais como objeto e fonte de pesquisa. Revista Outros Tempo, pp. 66-73, vol. 1

GINZBURG, Carlo. História Noturna. SP, Cia das Letras, 1991

JEUDY, Henry-Pierre. Espelho das cidades. S.l: Casa da Palavra, s.d.

MATOS, Maria Izilda Santos de.  Por uma história das sensibilidades: em foco – a masculinidade. História: Questões & Debates, Curitiba. Editora da UFPR, n. 34, 2001.

MICELI, Sérgio. Prefácio. In: BOURDIEU, Pierre. A economia das trocas simbólicas. 7º ed. São Paulo: Perspectivas, 2011

NOLASCO, Sócrates. O mito da masculinidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1995.

NORA, Pierre. Entre Memória e História: A problemática dos lugares. In: Revista do Programa de Estudos Pós-graduados em História do Departamento de História. PUC-SP, nº.10, dezembro/1993.

PESAVENTO, Sandra. Crônica: a leitura sensível do tempo. Anos 90, Porto Alegre, n. 7, jul. 1997.

REPINA, Lorina. Novas Tendências na Historiografia Russa e o problema da correlação entre micro e macro-história. In. MALERBA, Jurandir; ROJAS Carlos Aguirre. Historiografia contemporânea em perspectiva crítica. - Bauru, SP: EDUSC, 2007

SÁ, J. de. A crônica. 6. ed. São Paulo: Ática, 2002.

WHITE, Hayden. Teoria Literária e escrita da história. In. Estudos Históricos. Rio de Janeiro, vol, n] 1991[1988].



[1] A renovação da historiografia contemporânea, da cultura histórica, em geral, vêm ocorrendo num quadro de decadência do moderno racionalismo europeu. Significa isso a rejeição do determinismo, de todas as pretensões à objetividade e à busca da verdade, de quaisquer tentativas de usar “leis gerais” da evolução histórica. Ao longo do século 20, o mundo mudou numa velocidade nunca vista e o progresso científico desempenhou o papel, principalmente, nesse desenvolvimento. Tais mudanças, no entanto, adquiriram status de ciência nova, pois que esta última foi instalada num pedestal dentro de um sistema de valores sociais, mas, ao final do século, suas bases passaram a ser questionadas. Por outro lado, o pós-modernismo iconoclasta abre caminho para novas abordagens cognitivas. Em todas as disciplinas, a ênfase passa das leis e regras para os eventos únicos, as individualidades, os acasos. Ao mesmo tempo, novas formas de generalização estão sendo procuradas (REPINA, 2007: 3).
[2] (CHALHOUB 1998, p.7).
[3] (Mallard et. al., 1995: 21).
[4] (CHARTIER, 2002, p. 255, 257).
[5] (JEUDY, s.d, pp. 90-91).
[6] (CERTEAU, 2009:31.)
[7] (CHALHOUB, 2005, p.17).
[8] (WHITE, 1991: 07).
[9] (ALBURQUERQUE JR, 2007, p.63).
[10] (CANDIDO, 1980, p. 05).

[11] (ERTZOGUE, 2011: 346)

[12] (CÂNDIDO, 1992, p.14)
[13] (SÁ, 2002, p. 9)
[14](PESAVENTO, 1997, p. 36).
[15] PESAVENTO, 1997, p. 33).
[16] Jornal do Dia, São Luís, 1 de setembro de 1955, Conversa Fiada: Setembro, (sem pagina)
[17] Jornal do Dia, São Luís, 1 de setembro de 1955, Conversa Fiada: Setembro, (sem pagina)
[18] Jornal do Dia, São Luís, (sem dia do mês) de novembro de 1956, Conversa Fiada: Até!, (sem pagina)

Comentários

  1. Primeiramente o parabenizo pelo excelente artigo. Segundo fiquei muito interessado nesta análise e argumentos a favor da crônica como uma fonte a compôr os estudos científicos sobre cidades na linha do cotidiano, pois o cotidiano de uma cidade reflete a própria estrutura política e social. Desta maneira a crônica seria expressamente uma fonte confiável para os estudos do imaginário ou "história das ideias" também?
    Allef Gustavo Silva dos Santos
    Universidade estadual do Maranhão
    613.487.633-02

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    1. Considero que sim, pois acredito que o cronista ao flanar pela cidade ele incorpora dentro do processo de construção da crônica, aspectos desse vivido, desse experienciado pelos indivíduos.

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  2. Esse texto me apresentou uma nova forma de ver as crônicas, não tinha percebido a mesma como um elemento capaz de demonstrar a não preocupação do autor com a regras científicas, mas que ao mesmo tempo, possui um significado importante para a ciência.

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    1. Fico feliz em saber que o texto despertou o seu olhar para as múltiplas possibilidades para o uso da crônica

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  3. Francisco Lucas Gonçalves dos Reis31 de julho de 2019 às 05:10

    Apresentado o texto, podemos ver a importância da crônica na produção da memória da cidade, relatando os fatos do cotidiano das pessoas. O interessante é que o cronista pode ser ele mesmo o personagem principal da narrativa e assim contar através de suas experiências todos os aspectos relacionados ao movimento citadino.
    Achei interessante conhecer um pouco sobre Vitor Gonçalves Neto, que mesmo não seguindo todas as regras de produção literária, seus textos revelam-se como belíssimas crônicas e produziram memórias que nos permitem entender os gestos, os costumes, e os sentidos dos tempos em que este vivia. Com este exemplo podemos afirmar que o cronista não deixa de ser também um historiador, ao olhar e perceber os movimentos da urbe.
    FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS.
    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - CAMPUS CAXIAS.

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  4. Lucas David Lima Araújo31 de julho de 2019 às 09:38

    Parabéns pelo texto. Dentro da ótica apresentada, o cronista torna-se um sujeito privilegiado por trazer a cidade de maneiras diversas, revelando o cotidiano e a própria memória da cidade. Nessa relação, a crônica abre possibilidades diferenciadas de um fazer histórico, desse modo, como as mudanças das noções de espaço e tempo no pós-modernismo altera o conceito de cidade? E como fica a crônica neste ambiente?

    Lucas David Lima Araújo

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  5. Lucas David Lima Araújo31 de julho de 2019 às 10:24

    Buscando a utilização da crônica no campo historiográfico, destacamos como a ótica do cronista com suas experiências e a própria crônica podem ser uma forma privilegiada de narrar o cotidiano, como no texto, comparado ao próprio flanêur benjaminiano. Desta forma, o cronista e o historiador alicerçam um diálogo bastante frutífero, sobre essa relação, quais seriam as principais limitações para utilização da crônica como fonte histórica?

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    1. Lucas David Lima Araújo31 de julho de 2019 às 10:26

      Buscando a utilização da crônica no campo historiográfico, destacamos como a ótica do cronista com suas experiências e a própria crônica podem ser uma forma privilegiada de narrar o cotidiano, como no texto, comparado ao próprio flanêur benjaminiano. Desta forma, o cronista e o historiador alicerçam um diálogo bastante frutífero, sobre essa relação, quais seriam as principais limitações para utilização da crônica como fonte histórica?

      Lucas David Lima Araújo

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    2. Obrigado pelas considerações, em relação a pergunta, penso que algo marcante nessa relação é própria ideia que as crônicas, assim como as demais fontes não respondem tudo.

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  6. Boa tarde!O texto nos mostra a importância que a crônica tem,e como é interessante a forma que o historiador se apropria disso,colhendo pequenos relatos de uma rotina e transformando isso em estudo,e até mesmo exemplo, expandido lembranças. Texto bem esclarecedor no sentido de tornar a crônica um gênero grandioso.
    Dorilene Vieira dos Santos_UEMA

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    1. Obrigado pelas considerações, a crônica literalmente torna-se um terreno fértil para essas diversas possibilidades no ato de historicizar

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  7. Professor Jakson. Excelente texto. Você fala da crônica como ato de narrar um cotidiano ou também acontecimentos. Segundo alguns estudiosos da Bíblia Sagrada afirmam que Lucas foi muito mais que um médico e evangelista. Exerceu também o ofício de historiador ao utilizar certos métodos para compor seus textos sobre a vida de Jesus (Evangelho de Lucas e Atos dos Apóstolos). Como não presenciou Jesus em vida escreveu a partir dos testemunhos e escritos de Paulo.
    Seria impossível enquadrar os textos de Lucas como crônicas?
    Por: Joabe Rocha de Almeida.

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  8. Boa tarde.
    Bom quero afirmar que esse artigo é bem interessante principalmente por tratar da crônica e as suas possibilidades para se contextualizar em um determinado momento da história, e neste sentido é citada Sandra J. Pesavento que pondera ao dizer que" A crônica é uma narrativa por excelência apropriada para o estudo do imaginário de uma época, entendendo nesta designação não só o sistema de ideias e imagens que toda comunidade constrói para si, mas, também, um conjunto de significados de que esta representação coletiva é portadora". Pautando-se neste relato a crônica ela fornece muitas sensibilidades ligadas ao modo de vida das pessoas em seu espaço social e cultural.
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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  9. Boa tarde.
    Minha dúvida. Quais historiadores são referencia no Piauí no oficio de se trabalhar a história mediante o trato com as crônicas?
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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  10. Boa tarde.
    É relevante ser dito que o autor de crônicas no seu texto pode no ato de se relatar as histórias expressar seu posicionamento mediante sua alma, suas próprias experiências e tomar uma posição acerca dos fatos políticos, ou mesmo outros assuntos. Ou seja, difundir suas concepção e impressões por meio de suas particularidades.
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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  11. Boa tarde.
    Como o cronista na sua narrativa pode-se se tornar um sujeito historiador? Mais uma dúvida.
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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    1. Acredito quando quando ele possui essa relação com a história dentro da sua formação. Mas no caso dos cronistas do século XX, poucos tiveram esse viés dentro da sua atuação com as crônicas .

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  12. Primeiramente o parabenizo pela sensibilidade na escrita.
    Lendo o texto me veio alguns questionamentos. Os cronistas ao relatarem os fatos cotidianos da cidade, trazem uma visão particular sobre os eventos, uma interpretação das "coisas miúdas". No momento que analisamos suas crônicas não corremos o risco de está produzindo uma visão isolada, e não o que realmente acontece nas relações sociais urbanas? Não seria o cronista, ligado ele ao jornal, um "portador" de notícias "extravagantes", que chamasse a atenção do público leitor? O jornal não terminava podando suas publicações? Quais as estratégias para falar de tudo o que eles desejassem, sem restrições? Como o cronista pesquisado, Vitor Gonçalves Neto, fazia para não ser capturado pelas normativas dos jornais? Os jornais utilizados, eram todos oficiais?

    Fransuel Lima de Barros (UESPI/UFPI)

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    1. Obrigado pelas perguntas. Tentarei responde-las. Sobre a primeira pergunta eu acredito que a visão isolada, só ocorrerá se lançarmos o olhar unica e exclusivamente para a crônica sem fazer as correlações que existem dentro do universo em que a crônica é produzida.

      A ligação do autor ao jornal é algo notório, porém como parte do estilo da crônica ele poderá ter ligação ou não a maneira como ele dinamiza esse processo de interação com o público.

      O jogo metafórico talvez seja um dos recursos que mais sejam utilizados, como possibilidades para que eles possam articular os fatos do cotidiano.


      Sobre Vitor, ele é um caso a parte dentro do universo jornalistico e principalmente quando o assunto era crônica. Ele não tinha amarras quanto as suas intenções e escrita dentro do jornal. Ele tinha relação muito próxima com os donos dos jornais que ele trabalhou. Os jornais não eram oficiais .

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  13. Sabe-se que viver da escrita no período pesquisado era bastante difícil. E o Jornal era a instituição que empregava vários desses literários. Como produzir crônicas, sem se importar com a linha ideológica dos jornais? Não ficariam os cronistas com receio de produzir crônicas sobre assuntos mais polêmicos? Como era a recepção do público leitor dos jornais? Existia uma quantidade suficiente de leitor, para afirmarmos que essas crônicas tinham papel relevante na sociedade?

    Fransuel Lima de Barros (UESPI/UFPI)

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  14. Olá Francielcio. Peço licença ao professor Jakson para responder a sua indagação sobre os historiadores piauiense que trabalham com as crônicas em suas pesquisas. Antes de adentrar nos nomes desses historiadores, destaco dois cronistas importantes para o cenário piauiense na primeira metade do século XX: Jônatas Batista e A. Tito Filho. Esses dois escreveram sobre os mais variados assuntos da vida cotidiana piauiense. Atualmente destaco como produções de grande relevância: o trabalho de Teresinha Queiroz, Os Literatos e a Repúblicas; Pedro Vilarinho Castelo Branco:História e Masculinidade e Mulheres Plurais; Mafalda Baldoino: Cotidiano e Pobreza, Humberto Vaz da Costa com o trabalho intitulado De Relance: a construção da civilidade em Teresina: 1900 a 1930 e Pedro Pio Fontineles Filho com o trabalho: Desafiando o olhar de Medusa: a modernização e os discursos modernizadores em Teresina nas duas primeiras décadas do século XX.

    Fransuel Lima de Barros (UESPI/CEAD-UFPI)

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    1. Eu que agradeço pelas indicações irei ampliar minhas análises a partir de suas indicações

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  15. Esses só foram alguns nomes, existem vários outros bons trabalhos de historiadores piauienses que utilizam em seus trabalhos as crônicas.
    Fransuel Lima de Barros (UESPI/CEAD-UFPI)

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  16. Ana Carolina Cardoso Dias1 de agosto de 2019 às 21:48

    Olá professor Jakson,parabéns pelo trabalho, além de bem escrito, o artigo trata de um assunto muito interessante.
    O referido texto, aponta para a relação existente entre os padrões de linguagem que estão passíveis de ordenamento normativo e que expressam ideologias de determinados agentes.
    No caso da crônica, tal processo se torna mais evidente ,haja vista que geralmente é usada em meios informativos (Jornais) que refletem uma visão de sociedade historicamente alinhada a grupos abastados da sociedade que visam à mantenção do Status Quo,inviabilizando assim o uso da crônica como abordagem real da vivência cotidiana ,muitas vezes marcada pela injustiça e desigualdades sociais.
    Ana Carolina Cardoso Dias- UEMA

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    1. Muito obrigado pelas considerações, penso que a crônica é um elemento que consegue perpassar por diversas instâncias, principalmente se levarmos em consideração os sujeitos e as relações estabelecidas pelo lugar social dele.

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  17. Parabéns pelo excelente trabalho, professor Jakson Ribeiro. A relação entre crônica e história, permeada pela literatura, desperta bastante o meu interesse, isto porque escrevo há algum tempo, e estou finalizando minha graduação em história. Eu e o Prof. Dr. Raimundo Lima, da UFPI, lançaremos, dia 21 de agosto, a coletânea História em Crônicas, relatos do dia a dia com aportes teóricos das disciplinas Cidades, Piauí e República. Fizemos do exercício historiográfico um caminho a ser trilhado pela leveza e caráter, muitas vezes de denúncia, de um texto como a crônica. Um questionamento que lança luz a tratá-la como fonte seria explorar suas características descritivas, narrativas e dissertativas, além do lugar de seus autores e/ou construção, subjetivação de cidades, artes, patrimônios, memórias?

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    1. Avisa onde vai ser lançado. Quero adquirir esse livro

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    2. Rômulo, parabéns pela pesquisa e quero adquirir o livro. Sobre sua pesquisa, acredito que um dos pontos essenciais para essas análises seria pensar o discurso, os ditos e não ditos que podem auxiliar nas potencialidades da crônica. Um dos autores que foram relevantes para pesquisa foi o texto Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método , Mikhail Bakhtin, principalmente por problematizar a palavras e muitos sentidos.

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  18. As crônicas que escrevo geralmente flanam pela memória e a acentuação de personagens. Como não sou ligado a veículos jornalísticos, recrio possibilidades no interior do texto. O senhor concorda que as políticas editoriais de um jornal de alta circulação suprimem a criatividade de um autor ou, pelo contrário, o faz realizar curvas que a potencializam subjetivamente? Gilberto Freyre, por exemplo, escreveu por mais de 60 anos para o Diário de Pernambuco, e suas crônicas demonstravam uma liberdade incomum. Parecia que brincava, responsavelmente, com seus escritos.

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    1. Olá, Rômulo, obrigado pelos questionamentos. Acredito que ocorreram muitas mudanças dentro da produção deste gênero. Assim considero que o processo e o contexto vão literalmente influenciar no desenvolvimento e nas intenções deste cronista. Por isso vejo que anteriormente o ato politico existente na crônica era algo mais latente, não perdeu mais deixou de ser tão intenso, em vista das diversas correlações políticas existentes.

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  19. Passo para agradece pela imensa contribuição , professor Jakson, texto muito enriquecedor, li e vou sugerir a leitura ao amigos acadêmicos.

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    1. Obrigado pelas considerações e fico feliz em saber que o texto conseguiu abrir novos horizontes para o seu fazer historiográfico

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