MEGAEMPREENDIMENTOS E DEVASTAÇÃO: OS EFEITOS NO MODO DE VIDA DOS POVOS E COMUNIDADES TRADICIONAIS NA REGIÃO DE COELHO NETO-MA
Emmanuele Vale Silva
Graduanda de Licenciatura
Plena em História pela Universidade Estadual do Maranhão-UEMA. Email: emmanuelevale@gmail.com.
Resumo: o presente ensaio
possui como eixo central, analisar
as transformações ocorridas no modo de vida dos povos
e comunidades tradicionais a partir da chegada dos megaempreendimentos na região de Coelho Neto-MA. Sendo importante perceber como essas
famílias de trabalhadores rurais, quebradeiras de
coco e quilombolas estão criando estratégias de mobilização e resistência contra as
imposições econômicas impetradas pelos modelos de desenvolvimentos econômico difundido e praticado por esses megaempreendimentos. Para
melhor aprofundamento do tema, o
artigo terá como base a obra historiográfica “Povos Tradicionais em
colisão com as estratégias empresariais no Maranhão
e Pará”.
Palavras-Chave: Megaempreendimentos, Historiografia,
Povos e
Comunidades tradicionais.
Introdução
O presente ensaio trata-se
de experiencias de pesquisas e
de reflexões teorias acerca da expansão dos
megaempreendimentos na região de Coelho Neto e seus impactos
no modo
vida de povos e comunidades tradicionais
que secularmente
ocupam esse
espaço. O artigo terá como
base historiográfica o livro “Povos Tradicionais em colisão com as estratégias empresariais no Maranhão
e Pará”, que tem
como organizadores Rosa Elizabeth Acevedo
Marin e Jurandir Santos
de Novaes.
A obra é uma coletânea que reúne trabalhos de pesquisas que nos ajuda a compreender as
inter-relações entre as estratégias empresárias e seus efeitos sobre
os povos e comunidades tradicionais presentes no Maranhão e Pará. No caso do Maranhão elas afetam
quebradeiras de coco babaçu, assentados, trabalhadores rurais, moradores em áreas de reserva
extrativistas e povos indígenas.
Entende-se por megaempreendimentos projetos agroindustriais
e de infraestrut ura que causam grandes
impactos socioeconômicos, ambientais e culturais nos modos
de
existência e relações de povos e comunidades tradicionais afetadas, gerando
transformações na organização e mobilização desses povos ocasionando conflitos em sua maioria violenta em diversos
níveis. (ARAUJO, GAIOSO, NOBRÉGA, NOVAES,
2017).
Partindo desse pressuposto, identificamos que as famílias dos trabalhadores rurais, quebradeiras
de coco e quilombolas aqui denominados
de comunidades tradicionais estão vivenciando impactos em seu modo de
vida com
a chegada
dos megaempreendime ntos na
região de Coelho Neto. As ações empresárias
pautadas em um
discurso de desenvolvimento têm interferido de várias formas no
cotidiano, nas práticas e vivenc ias
dessas famílias no qual
acarreta em enfrentamentos pelos direitos a terra, preservação dos recursos naturais
e manutenção de suas identidades
e práticas tradicionais.
Esse discurso desenvolvimentista acaba criando uma dicotomia no qual classifica as comunidades tradicionais como primitivas
ou atrasadas por não se enquadrar na lógica do mundo industrial, além disso os
programas
e planos de desenvolvimento econômico
tem negado os seus direitos
territoriais e consequentemente o não reconhecimento de famílias
que ali trabalham e vivem da terra
negando assim o próprio
modo de vida de trabalhadores
rurais, quebradeiras de coco e quilombolas.
Com a expansão do
agronegócio no Maranhão e dos grandes empreendime ntos tem repercutido em impactos ambientas e sociais regionais
e territoriais nos quais interferem diretamente no modo de
vida das
comunidades que se encontram impactadas no meio dessas iniciativas empresariais. Segundo SANTOS
(2015), são projetos espalhados por todo território nacional, mas que nas duas
últimas décadas, tem se apresentado
de forma mais contundente na região maranhense devido à grande quantidade
de terra. Pode-se afirmar
que essas transformações
ocasionadas com
a chegada do agronegócio afetam não só os grupos
sociais, mas todo o território onde são mantidas as relações culturais,
políticas e sociais.
Vários são os problemas ocasionados
pelo o avanço dos empreendimentos e
pela apropriação dos recursos naturais: multiplicaram os casos de cercamentos
de terras, deslocamentos compulsórios e o “desaparecimento” de unidades sociais; o desmatamento
e a devastação intensiva
dos recursos naturais que
alterou consubstancialmente o
ecossistema, com o envenenamento do solo e dos recursos hídricos, desaparecimento
de riachos e lagoas, antes
perenes, devastação das áreas de babaçu e de áreas destinadas à
caças. Por tanto, os grandes
projetos voltados para o agronegócio têm
interferido no âmbito
cultural, econômico e socioambiental das comunidades tradicionais.
Outro interesse particular tem sido os sinais de resistência das comunidades que
muitas vezes passam despercebidas. As ações de resistência não são pautadas apenas no direito à terra e preservação dos recursos naturais, mas
na manutenção de suas
identidades e práticas tradicionais onde se percebe-se que a busca de reconhecimento e legitimidade dos agentes socias
é uma parte fundamental no processo
de luta e resistência contra os empreendimentos.
Desse modo, o presente artigo
abordará a instalação do Grupo
Industrial João Santos na
região de Coelho Neto-MA. Trata-se de um megaempreendimento que estar
interferindo diretamente no modo de
existência e de identidades coletivas especificas dos
povos e comunidades tradicionais
ocasionando conflitos territoriais, impactos socioambientais e
deslocamentos compulsórios na região. As comunidades
que aqui serão apresentadas são: Povoado Curupati, Centro do Açude, Piranhas, Ermo e Curupati.
Megaempreendimentos e sua Trilha de
Devastação
Uma das principais características dos megaempreendimentos voltados
para o agronegócio no Maranhão é
o grande
impacto ao meio ambiente. Através da criação de um discurso ambiental e pautado na
ideia de preservação dos recursos naturais, os empreendimentos acabam iniciando
um processo de devastação em larga escola causando desequilíbrio
na fauna e na flora e afetando
as comunidades tradicionais. O agronegócio também representado
pelo setor industrial é considerado o setor que mais causa
danos aos elementos naturais de diversos ecossistemas
envolvidos, seja por meio
dos seus processos produtivos seja através da fabricação de produtos poluentes (LUSTOSA et ali, 2003).
Desde a chegada do Grupo Joao Santos na região de Coelho Neto na década
de 1970, o município vem apresentando
um longo processo de devastação e passou
a enfrentar questões socioambientais
ocasionadas pelo processo de irrigação. Com o aumento da
plantação de cana-de-açúcar e bambu também
ocorreu o assoreamento dos rios
e lagos da região e com alta incidência de queimadas a
maior parte das matas ciliares foram
perdidas o que resultou
na perda dos cocais, assim, muitas quebradeiras de coco que tinha na
região ficaram sem seu sustento devido as constantes queimadas.
As
famílias afetadas por esse megaempreendimento denunciam a
intrusão e
devastação não apenas
das matas nativas, de babaçuais, mas também dos
territórios
ocupados tradicionalmente por essas famílias, provocando diferentes efeitos de cunho ambiental,
econômico e cultural. O
primeiro
efeito é o próprio desmatamento e com ele, o processo de
devastação que não se caracteriza apenas pela ação devastadora dos recursos naturais, mas também pelas relações sociais e
pelos
conflitos que
caracterizam a ação predatória.
Chegamos aqui era só o
cocal, só o mato mulher. Depois que foi fazer
pra plantar cana, acabou tudo. Aqui
morava gente nessa época. Agora foi
tudo embora. Se espalharam tudo [...]. Eu vendia
coco, fazia azeite, vendia.
Quando nós chegamos
aqui, nós quebrava coco, levava na cabeça para vender lá
naquele Coelho Neto. Nós saia daqui na primeira cantada do galo, caminhando ali até chegar lá. Quando
era tardezinha a gente chegava,
fazia a comprinha que a gente queria
comprar e trazia todo tempo caminhando. Saía bucado
de homem e mulher tudinho para vender em Coelho Neto.
Quando chegava lá na Pimenteira, a gente colocava os saquinhos no chão para poder esperar o dia amanhecer
para ir para Coelho Neto vender. Nós íamos
quase todo fim de semana
nos ia,
quase todo fim de semana a gente vendia os cocos. Agora
não tem mais coco aqui não, acabou por causa do fogo que sapeca o chão todo, não tem mais nem
condição de juntar coco. Aí não tem coco de
jeito nenhum. Estão tudo sapecado.
Todo ano as bichinhas são sapecadas
e não pode mais nem dar coco”. (Antônia Maria Cordeiro do Nascimento - povoado Curupati/Mangueira. 16/11/2017).
O depoimento acima apresenta
o desmatamento ocasionado pelo o agronegócio e como as queimadas
trouxeram consequências para as quebradeiras de coco que acabaram ficando sem sua principal fonte de renda. As famílias
das comunidades tradiciona is vêm denunciando a forma como o avanço desses
empreendimentos têm afetado o seu
modo de vida. A constante
devastação levou a perda de parte da mata nativa e arvores
como pequizeiros, bacurizeiros, carnaubeiras e babaçuais, que faziam parte da economia familiar
e acabaram dando lugar para extensas plantações de
cana-de-açúcar e bambu.
Nós vivíamos de roça e quebrar
coco. Aí os cocos acabaram que foi
metendo máquinas e plantando cana, aí acabou-se de
vez. Cercou tudo isso, aí era um brejão monstro e acabou com tudo (Milagres
– povoado Piranhas. 16/11/2017).
O desmatamento para
a plantação de cana-de-açúcar e bambu exemplifica o grande
processo de devastação
ocasionado em Coelho Neto. Atualmente as práticas ecológicas vivenciadas pelos povos e
comunidades tradicionais se encontram
ameaças pois esses
agentes sociais reivindicam
um pertencimento ético, e que, sem considerar
o recurso intocável, põem em pratica saberes relativos ao uso e conservação de sementes e formas de trato dos recursos naturais.
(MARTIS, NUNES, 2015).
A constante devastação também está ligada ao uso de agrotóxicos
como (Mata
tudo, Tolda e Mata Pindoba) utilizados
na terra, no qual
ocasiona a
perca de seus nutrientes e assim ficando cada vez mais
infértil. Esse fator acaba contaminando rios e
lagos e levando ao assoreamento além disso a grande utilização de água para o processo de irrigação nas lavouras
de cana-de-açúcar e bambu tem feito
com que as famílias rurais
acabem sendo privadas de terem acesso aos recursos
hídricos.
Os grupos sociais que
atualmente reivindicam uma identidade têm acionado mais
recentemente os seus saberes
para marcar especificidade em relação aos modos
de vida. A incorporação do discurso ambiental por empresas privadas e os projetos de compensação ambiental, que essas empresas passam a desenvolver nas comunidades impactadas, se
constitui em uma estratégia para desmobilizar esses saberes e as mobilizações
de tais grupos. (MARTINS, NUNES, 2015,
p. 70).
As famílias rurais detêm saberes
e modo de fazer específicos
que atrelam as diferentes
dimensões da vida. Com a chegada e implantação
dos projetos voltados para o agronegócio pode-se identificar
eles impõem a ideia de capacitação, de
habilitar tais
grupos as técnicas de aprendizado da individualização
próprias da sociedade industr
ia l. Desse modo, os povos
e comunidades tradicionais estão buscando processo de resistência para conservação
e preservação dos recursos
naturais.
Estratégias empresariais: processo de deslocamento, imobilização da força de trabalho
e resistência
A expansão e intensificação do agronegócio na região de Coelho
Neto nas duas últimas
décadas é resultado principalmente da diversificação da produção e
das relações com os povos e comunidades
tradicionais que ocupam esses
municípios. Esse fator
tem alterando significativamente
a paisagem e o modo de vida de
famílias que
tradicionalmente ocupam e exploram
os recursos naturais.
Atualmente o megaempreendimento presente
no município possui 80%
de suas terras chegando as cidades vizinhas como
Duque Bacelar, Afonso Cunha, Buriti
e Chapadinha. Nesse contexto, muitas estratégias foram adotadas pelo grupo para imobilizar
a reprodução econômica
e familiar das comunid ades tradicionais como: impedimento
de cercar terras; de criar animais; a obrigatoriedade de “pagar renda”; proibição de melhorias nas habitações e
construções de benfeitorias, (construir casas de alvenaria,
casas de farinha) e impedimento de cultivarem roças.
Para SANTILLI (2009)
o agronegócio vai se caracterizando com
a atuação
eminente das grandes empresas
agroindustriais nas áreas rurais,
assim a empresa local presente em Coelho Neto
vem implementando todo um cenário de desenvolvimento onde os beneficiados
com os projetos do agronegócio são
os próprios líderes da empresa,
pois
a maior parte do lucro
obtido com a venda da cana-de-açúcar e bambu é destinado
a Recife-PE (sede geral
do Grupo Joao Santos) ficando
para os trabalhadores rurais uma
pequena parcela dos lucros que muitas vezes
não garantem o sustento familiar.
O resultado da grande expansão
do empreendimento é a expulsão ou deslocamentos
das famílias rurais das comunidades para a sede municipal e para outras localidades distantes
no qual são denominados de quebras ou encostas de
morros. O resultado desse processo também levou
a perca de muitas comunidades tradicionais na região por causa da perca de suas terras para os plantios cana-de-açúcar e bambu.
[...] Só deram mesmo o lugar
para fazer. Só disseram. Eles que escolheram aqui,
tiraram mesmo as casas e colocaram
a gente pra cá. Mas não ajudaram em nada, não construíram
nada. Aí cada um fez sua casinha
aonde quis, em cima das pedras. Aqui era um pedregoso mais enorme do mundo como
ainda é, nem criar a gente não pode. Antônia Maria Cordeiro do Nascimento - povoado
Curupati/Mangueira. 16/11/2017).
No depoimento acima, observamos o deslocamento das famílias para outra localidade denominada de Mangueira como
também a perda de suas casas
e a imobilização
da força do trabalho
já que o grupo proíbe a
criação de animais e o cultivo
de roças o que dificulta ainda mais a permanência das famílias que habitavam
tradicionalmente nas comunidades.
Para SANTILLI (2009)
a agricultura familiar que se
reproduz nas sociedades modernas teve
que se adaptar a um contexto
socioeconômico o que lhe
obriga a realizar modificações importantes em sua forma de produzir
e em sua vida social tradicional, ou
seja, o agricultor teve que se adaptar
por causa das novas exigências
da sociedade com a implantação de planos de desenvolvimento econômico voltados
para o agronegócio onde apenas os grupos econômicos e seus
empreendimentos são beneficiados.
Nesse contexto, as
famílias das comunidades denunciam os efeitos ocasionados
pela expansão do megaempreendimento na região e ocupação dos
territórios que antes os pertenciam, no qual transformam
o seu modo de vida ao privatizar os recursos naturais e imobilizar a força de trabalho onde podemos destacar o cercamento dos
territórios, os
impedimentos de fazer roça, proibição de criar animais de médio e grande portes e de realizar benfeitorias.
“eles
não deixam a gente cobrir a casa de telha não,
essa daqui já pegou
fogo que a faísca de fogo veio
não sei nem de onde aí
pegou fogo só não queimou por
que tinha muita gente aqui
a juntou e jogaram água
nela. É porque ai ele
como dono ele quer governar né, ele é o dono né está no
querer dele, aqui é assim todo tempo ai eu fui pedir
para fazer pelo o menos essas
casase a do meu menino de
adobo, não tem o adobo de fazer casa é igual tijolo só que
é cru eles não aceitaram
não”. (José de Sousa- Povoado Ermo- 16/11/2107).
Essas formas de imobilização fazem com que as famílias percam
aos poucos a autonomia no uso e controle dos recursos, dificultando a permanência no território,
chegando ao extremo que é a saída de seus
territórios em busca de outras condições de vida
que lhes garantam a sobrevivência. Assim, os
empreendimentos ligados ao agronegócio
têm afetado direta e indiretamente os grupos sociais como quebradeiras de coco, trabalhadores rurais,
agricultores e quilombolas em
que cada um deles tem enfrentado vários tipos de dificuldades para
manter e preservar sua história, cultura,
economia e identidade.
As formas cotidianas de enfrentamento
e resistência manifestadas por
povos e comunidades tradicionais
contra aqueles que querem extrair deles
o trabalho, o alime
nto, as terras e o lucro tem operado para
que os planos e projetos voltados para o agronegócio sejam vistos
como o fator principal para a
desestruturação no modo de
vida dos
trabalhadores rurais, quebradeiras de cocos e quilombolas. Os grandes investimentos para o desenvolvimento da agricultura
ligado a produção de cana-de-açúcar, bambu e soja
tem feito com que esses agentes
sociais se manifestem e lutem por territórios que tem
sido um ganho aos operadores do agronegócio e uma perca para as comunidades tradicionais.
Em resposta ao agronegócio e aos programas e planos desenvolvimentista que estão
interferindo no modo de
vida das comunidades rurais, os
trabalhadores, as quebradeiras
de coco estão criando estratégias de mobilização e resistência contra as imposições econômicas impetradas pelo os modelos de desenvolvimento econômico e pelo
os megaempreendimentos. Para Araújo (2015) outro interesse particular tem sido a construção da memória coletiva das formas de contestação que ora se apresenta nesse corredor, nem sempre percebidas como sinais de resistência. Sendo essa memória muito
importante
em defesa e mobilização de povos e comunidades tradicionais que estão
constantemente ameaçados pelo o agronegócio.
Scott (2002) classifica como formas
cotidianas de resistência camponesa a luta prosaica, mas constante, entre os camponeses
e aqueles que querem extrair deles o
trabalho, o alimento, os impostos, os
aluguéis e os lucros. Essa constante luta de resistência
tem feito comunidades a recorrem a
sindicados e associações
locais para manter
suas terras, sua história e seu modo de vida. Muitas
comunidades rurais ainda
persistem na criação de animais e na agricultura familiar mesmo com a
imposição da empresa local, o que
gera assim constantes conflitos entre membros sindicais e as empresas
que atuam no ramo do
agronegócio.
Por viverem em um constante
estado de exploração ou por se encontrarem em desvantagem, muitos trabalhadores
recorrem a lutas cotidianas
seja ela em forma de
protesto e manifestação com o intuito de
chamar atenção aos órgãos governamentais para garantirem domínio sobre
suas terras e moradias. Mas
há casos em que os trabalhadores acabam cedendo
suas terras para as empresas privadas por não terem outra opção ou até mesmo por não terem
conhecimento dos sindicados e associações. Assim, os planos desenvolvimentistas se encontram cada dia mais destruindo o modo de vida de povos e comunidades
tradicionais, negando seus
direitos e mudando seu
modo de vida.
Considerações Finais
Ao refletir sobre as lutas e as formas de resistências dos
povos e comunid ades tradicionais que se encontram em conflito com o agronegócio, nos deparamos com planos e projetos econômicos que apresentam
discursos sustentados pelo o poder estatal
que contradiz todo um progresso e desenvolvimento em curso que através de suas ações privilegiam apenas alguns
grupos econômicos e seus megaempreendimentos.
As discussões aqui levantadas a partir da análise do livro “Povos Tradicionais em colisão com as estratégias empresariais no Maranhão
e Pará”, nos ajudam
a perceber as estratégias utilizadas
pelo os megaempreendimentos e como tem
afetado o modo de
vida dos povos de comunidades tradicionais. Sendo assim, nas duas
últimas décadas no município de Coelho Neto há um intenso fluxo
de projetos econômicos voltadas para o agronegócio, que carregam em si discursos sustentáveis e criam todo um imaginário de
desenvolvimento onde as ações
desenvolvidas contradiz os saberes dos povos
e comunidades tradicionais.
Esses planos de desenvolvimento econômico voltado para
o agronegócio podem
ser identificados pela expropriação
e não reconhecimento dos direitos tradiciona
is, gerando um verdadeiro
conflito onde os trabalhadores
rurais, quebradeiras de coco e quilombolas tem se mostrado resistentes a imposição desses planos
econômicos. Nos últimos
10 anos as comunidades tradicionais vem sendo vítimas da expansão do agronegócio
criando um cenário de constantes conflitos que
vão desde a luta por suas
terras como também a luta pela a preservação
dos recursos naturais e reconhecimento de sua cultura.
Por tanto, as comunidades e povos tradicionais estão em resistência
contra as imposições econômicas implantadas pelos os megaempreendimentos.
As lutas e reivindicações das comunidades e povos tradicionais não se consiste apenas em disputa
por terras, como também por lutas pela preservação e acesso aos recursos naturais e por políticas públicas que reconheçam as
diferenças culturais e compreendam a cultura de cada comunidade tradicional e
a vejam como um direito de cidadania.
Referências
ARAÚJO,
Helciane de Abreu; GAIOSO,
Arydmar Vasconcelos; NOBRÉGA, Mariana Leal, et al.
MEGAEMPREENDIMENTOS
E A CONSTRUÇÃO DE UM IMAGINÁRIO DE “DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL”: os
efeitos sobre as formas organizativas
políticas de povos
e comunidades tradicionais no Oeste do Maranhão. In: XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA. Brasília, 2017.
ARAUJO,
Helciane de Abreu. Grandes Projetos
e Devastação: interpretação das formas cotidianas de resistência no oeste do Maranhão. In:
MARIN, Rosa Elizabeth; NOVAES, Jurandir Santos (Org.). Povos tradicionais em colisão com estratégias empresariais no Maranhão
e Pará. UEA Edições, 2015.
LUSTOSA, Maria Cecília Junqueira. Industrialização, Meio Ambiente, Inovação e Competitividade. In: MAY,
Peter H.; LUSTOSA, Maria
Cecília; VINHA, Valéria da.
(org.). Economia do Meio Ambiente: Teoria e Prática. Rio de Janeiro:
Elsevier 2003.
MARTINS,
Cynthia Carvalho; NUNES, Patrícia Maria. O discurso ambienta
l empresarial: na trilha
da devastação. In: MARIN,
Rosa Elizabeth; NOVAES,
Jurandir Santos (Org.). Povos tradicionais em colisão com estratégias empresariais no Maranhão
e Pará. UEA Edições,
2015.
SANTILLI,
Juliana. Agrobiodiversidade
e direito dos agricultores. –São Paulo: Peropólis, 2009.
SANTOS, Adaildo Pereira.
Povoado Bacaba: deslocamentos compulsórios e relações de
poder. In: MARIN, Rosa Elizabeth; NOVAES, Jurandir
Santos (Org.). Povos tradicionais em colisão com estratégias empresariais no Maranhão e Pará. UEA Edições, 2015.
Emmanuele, muito boa a sua pesquisa. Parabéns. Hoje o governo investe massivamente em publicidade em prol do agronegócio no Brasil e muitas vezes as pessoas não percebem que esse tipo de negócio tem um lado negativo e é justamente isso o ponto central do seu trabalho. Como que o agronegócio modifica o modo de vida dessas comunidades tradicionais, que nem sempre o discurso é positivo como as empresas "afirmam" ser. Então estudos como o seu é de suma importância haja a vista a grande devastação sofrida por esses moradores das comunidades, as terras que são usadas para plantios que deixam o solo improdutivo, ou ainda o lucro que as empresas tiram de determinada região para investir em outras cidades. O agronegócio é sim prejudicial para a maioria dos moradores haja vista o interesse puramente comercial das empresas que manejam esse tipo de retirada de bens da região.
ResponderExcluirAtt: Antonia Stephanie Silva Moreira-UEMA (Campus Caxias)
Emmanuele, primeiramente, parabéns pela sua pesquisa. O seu trabalho contribui grandiosamente para os estudos sobre a cidade de Coelho Neto-MA, considerando-se que existem poucas pesquisas referentes ao município. O assunto que você retratou é de suma importância, pois vem desconstruir a ideia de que o agronegócio beneficia por completo a população, assim como você enfatizou em seu trabalho, esse megaempreendimento prejudica principalmente as comunidades tradicionais que sobrevivem de recursos naturais. Sabemos que com a chegada do grupo João Santos em nossa cidade ocorreram mudanças no setor econômico, tendo em vista que, as comunidades tradicionais sobreviviam financeiramente da venda dos produtos extraídos da natureza. Portanto, podemos perceber que o agronegócio não foi planejado preocupando-se com a população em geral como é divulgado nas mídias, pois observamos que esse investimento é voltado, principalmente,
ResponderExcluirpara fins lucrativos da empresa.
Att: Roseane Lima Barbosa- UEMA (Campos Coelho Neto)
Emmanuele, primeiramente, parabéns pela sua pesquisa. O seu trabalho contribui grandiosamente para os estudos sobre a cidade de Coelho Neto-MA, considerando-se que existem poucas pesquisas referentes ao município. O assunto que você retratou é de suma importância, pois vem desconstruir a ideia de que o agronegócio beneficia por completo a população, assim como você enfatizou em seu trabalho, esse megaempreendimento prejudica principalmente as comunidades tradicionais que sobrevivem de recursos naturais. Sabemos que com a chegada do grupo João Santos em nossa cidade ocorreram mudanças no setor econômico, tendo em vista que, as comunidades tradicionais sobreviviam financeiramente da venda dos produtos extraídos da natureza. Portanto, podemos perceber que o agronegócio não foi planejado preocupando-se com a população em geral como é divulgado nas mídias, pois observamos que esse investimento é voltado, principalmente,
ResponderExcluirpara fins lucrativos da empresa.
Att: Roseane Lima Barbosa- UEMA (Campos Coelho Neto)
Emmanuele explique-me, durante sua pesquisa você pôde observar se o ato de resistência de algumas comunidades que permaneciam no território privado, mesmo tendo várias regras impostas pelo proprietário, trouxe algum beneficio positivo para esse povo?
ResponderExcluirAtt: Roseane Lima Barbosa-UEMA (Campos Coelho Neto)
Olá Bom dia! Os benefícios ainda são poucos, nos estudos que venham realizando sobre as Comunidades Curupati, Centro do Açude, Ermo e Piranhas a resistência das comunidades tem levado a terem um pouco mais de liberdade para desenvolverem a agricultura, porém as imposições do grupo barra as comunidades constantemente. Um exemplo é a comunidade Piranhas considerada hoje a mais resistente, uma das imposições do grupo é a proibição de fazer melhorias em suas casas como construir de tijolos, cobrir de telhas e a comunidade como forma de resistência começou a fazer melhorias e recentemente foi barrada. Uma situação muito triste!
ExcluirAtt. Emmanuele Vale Silva- UEMA- Campos Caxias
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ResponderExcluirEmmanuele, parabéns
ResponderExcluirGostei muito de sua pesquisa, trazendo mais sobre essa história que por vezes passa despercebida e trabalhando com fatores que estão tão presentes em nosso cotidiano.
Você consegue trabalhar pela antropologia e história ao mesmo tempo. Parabéns!
Theresa Crystina (UEMA-CAXIAS 61204406316
Parabéns pelo seu trabalho, és um trabalho que vem teoricamente trazer do ponto de vista destas comunidade afetadas com a chegadas desta empresa de grande poste netas região interioranas, que traz mudança em toda sua estrutura social e econômica do lugar de sua instalação. Mais levando em consideração sua pesquisar não houver beneficio na instalação desta empresa na cidade, levando em consideração a parte econômica do município? como o Brasil sendo um pais agro desde os primórdio.
ResponderExcluirAss: Josiel Luis Franco de Andrade Carvalho.
Parabéns!
ResponderExcluirEmmanuele seu trabalho traz grandes contribuições para a discussão a respeito do agronegócio e das transformações provocadas nas comunidades tradicionais advindas da destruição dos recursos naturais resultantes da ação desses empreendimentos que prejudicam as populações que dependem desses recursos para sobreviver. Precisamos ocupar os espaços públicos para fomentar mais essas discussões.
Gostaria de saber se durante suas observações na pesquisa você conseguiu perceber se existe um ato de resistência a ação desses empreendimentos?
ResponderExcluirEmanuelle. Em nome da organização do evento gostaria de agradecer a sua participação no nosso simpósio temático. Aproveito para te parabenizar pelo esforço e exercício de escrita e pesquisa. Pesquisas locais como a sua tem muito a contribuir para a historiografia estadual, regional até mesmo nacional. Muito me chamou atenção essas relações no espaço urbano da cidade de Coelho Neto no Maranhão pois,p ser percebido uma relação conflituosa entre as tradições locais e as empresas que chegam instituindo um tipo de modernidade na cidade. Explore em futuras pesquisas o caráter contraditório desses processos. E além disso tente estabelecer conexões com o resto do Estado e a região para que o seu trabalho ganhe ainda mais peso historiográfico.
ResponderExcluirVolto a agradecer a participação e colaboração no nosso evento.
Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)