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“COMO SE DEVE ESCREVER A HISTÓRIA DO BRASIL”: PANORAMA E PERSPECTIVAS


Jônatas Lincoln Rocha Franco
Graduado em História pela Universidade Federal do Piauí UFPI-CSHNB. Especialista em História pela FACEC. Mestrando em História pelo PPGHB-UFPI

Resumo: Este artigo tem como objetivo fazer reflexões sobre a produção de escrita da história no Brasil, de início, em uma perspectiva panorâmica, perceber as razões que motivaram o exercício a partir da constituição do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), fazendo um balanço sobre como se estruturava esse modelo historiográfico, buscando dar inteligibilidade a esse exercício de escrita da história, passando por outras leituras e autores, até chegarmos a chamada história do tempo presente. O presente texto, e as análises aqui contidas, serão realizadas de maneira sintética percebendo as abordagens e os desafios de se pensar e construir história no tempo em que vivemos, como também pôr em perspectiva o oficio dos historiadores. O artigo será realizado a partir de uma revisão bibliográfica e se respaldará em aurores como Arno Wehling, Manoel Luiz Salgado Guimarães, Maria da Glória de Oliveira, Rebeca Gontijo, Hugo Hruby, Marieta de Moraes Ferreira.  

Palavras-Chave: Historiografia. História. Tempo Presente.
           

Introdução

Para se pensar a produção de uma historiografia brasileira, se faz necessário antes estabelecer alguns questionamentos para direcionar a narrativa, questões como: quais são as matrizes de pensamento que influenciaram a produção de um conhecimento histórico sobre o Brasil? Quais são os historiadores que tentaram construir sentindo a história do Brasil? Quais são os meios que esses intelectuais estão produzindo, ou produziram historicamente? Qual o modelo de escrita de história foi estabelecido? Por quais instituições? Quais vozes se sagraram vencedoras? Quais foram silenciadas? Esses questionamentos, entre muitos outros, auxiliam na promoção de análises em torno da historiografia e as sucessivas tentativas de construção de identidade para a nação. 
            A partir destes questionamentos é urgente que se pontue, a partir de um olhar panorâmico sobre a escrita institucionalizada da história no Brasil, as razões que levaram diversos intelectuais a produzir um conhecimento histórico sobre o Brasil. Nesse exercício é fundamental partir da constituição do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro como primeiro empreendimento institucionalizado de se escrever História do Brasil. Como que, a partir de seus anseios, figuras historicamente localizadas em um determinado extrato temporal, se puseram a pensar sobre o surgimento do Brasil, e como o país foi constituído politicamente, socialmente, etnicamente, eticamente e como a escrita da história poderia ajudar nesse processo de elaboração do conceito de nação.  
Com a marcha inexorável do tempo, novas questões surgiram; indagações e problemas específicos de um outro tempo histórico, e nesse prisma, a produção de um conhecimento histórico foi paulatinamente sendo alterado e sendo gradativamente promovidas novos conhecimentos históricos em diferentes lugares sociais que se propuseram a pensar sobre a identidade do Brasil. Quem era, afinal, o povo brasileiro? Seria a miscigenação em bases afetivas propostas por Gilberto Freyre em sua obra clássica Casa Grande & Senzala ou o homem cordial proposto por Sérgio Buarque de Holanda em Raízes do Brasil?
A partir desse olhar panorâmico, propõe se refletir sobre a escrita da história no chamado tempo presente. Novos objetos, novas análises, novas perspectivas e antigas questões. Por que escrever história? Quais os motivos que impulsionam o historiador a continuar a refletir sobre sujeitos, temporalidades, metodologias, teorias, abordagens? Por que se predispor a pensar sobre história em tempos de ebulição? O presente artigo se dispõe a realizar esse exercício de situar o oficio do historiador ao mesmo tempo o pôr em perspectiva, buscando compreender os pretextos que inspiram a se escrever história.

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro a a Escrita da História do Brasil


O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro representa na historiografia brasileira a primeira grande tentativa de se estabelecer uma identidade nacional a partir da escrita da história do Brasil. O próprio “estabelecimento de um laço entre o trabalho do instituto e a afirmação de um patriotismo, ou seja, de uma identidade nacional, não parece algo excepcional”.[1] No período em que o IHGB foi criado os debates acerca das ideias de nação e de civilização estavam a pleno vigor na Europa e isso foi traduzido em direcionamentos para os inúmeros intelectuais que passaram a pensar e escrever sobre o Brasil naquele período. Essas influências são analisadas enquanto fatores determinantes nesse modelo de se produzir história:
Assim, é no bojo do processo de consolidação do Estado Nacional que se viabiliza um projeto de pensar a história brasileira de forma sistematizada. A criação, em 1838, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) vem apontar em direção à materialização deste empreendimento, que mantém profundas relações coma proposta ideológica em curso.[2]
  O desejo de escrever uma história do Brasil, com um projeto de nação, valorizando e buscando avidamente se conceber uma identidade nacional fez do IHGB um espaço que validou os discursos históricos acerca de tais noções. O conceito que foi concebido era entendido como uma consequência do processo de civilização e a escrita da história, legitimada por um lugar social de produção, acabara por validar a própria ideia de nação. A partir disso, os historiadores ligados ao instituto passaram a produzir suas pesquisas. Era necessário laborar uma história de caráter nacional. Essa era uma das características do IHGB:
A partir da constatação do “caos obscuros” planejava o IHGB trazer “luz e ordem” à história. A metáfora utilizada correspondia perfeitamente ao espírito da época. “Ordem” era também a meta dos estadistas e políticos, ocupados em fortalecer o Estado monarquista e constitucional, a fim de manter distância em relação ao caos das nações republicanas. O presente era entendido como uma época que carecia de luz, clareza e, finalmente, identidade. Trata-se como expressou Januário da Cunha Barbosa, da revelação do nosso “verdadeiro caráter nacional”. E o IHGB deveria contribuir nesse sentindo. [3]

            O trecho do texto de Salgado Guimarães (2011) aponta para a intenção de se produzir uma escrita da história que estabelecesse sentidos para o conceito de nação, tirando o Brasil da época de um obscurantismo, de uma “falta de ordem” e principalmente da ausência de uma “identidade brasileira”, ou seja, as contribuições do IHGB deveriam se concentrar em torno da construção de uma identidade nacional. Nesse sentindo, é possível inferir que a produção de conhecimento histórico foi instrumentalizada com interesses específicos de um tempo, e esse aparelhamento se deu a partir de um lugar social de fala que legitimava os discursos ali produzidos.
Cabe ressaltar os interesses de se lançar “luz” e “ordem” ao “caos” estabelecido até então. A modernidade europeia, baseada intelectualmente no iluminismo, tinha claro em seus fundamentos teóricos que só a partir da razão histórica[4] o homem seria distanciado gradativamente das “amarras da escuridão” que o prenderam no período medieval, e seria lançados para o progresso. As influências das escolas metódicas, ditas positivistas, são percebidas durante esse recorte. Esse processo de elaboração da escrita da história vai passar por particularidades, em especial quando se trata dos primeiros textos produzidos para o IHGB, as noções de história que se tinha na época eram, em sua maioria, tributárias dos modelos europeus de história. O desejo de estabelecer a ideia de nação era exportado da Europa da época, assim como noção de história, que era entendido como Magistra vitae. Essa perspectiva de história pode ser percebida a partir da análise do texto de Von Martius: “por fim devo ainda ajuntar uma observação sobre a posição do historiador do Brasil para com a sua pátria. A história é uma mestra, não somente do futuro, como também do passado. Ela pode difundir entre os contemporâneos sentimentos e pensamentos do mais nobre patriotismo”. [5]
            Essas particularidades ocorriam pela singularidade da construção de uma identidade brasileira que se diferia das construções de identidades nacionais europeias, pois o corpo social nos trópicos era até então marcada pelo trabalho escravo e a presença de populações indígenas.[6] Para se escrever  uma história que abarcasse todas essas peculiaridades era necessário entender que essa " [...] amalgamação muito difícil será a liga de tanto metal heterogêneo como brancos, mulatos, pretos livres e escravos, índios etc. etc. etc., em um corpo sólido e político"[7] ou seja, seria necessário colocar em pauta as três matrizes étnicas que compunham o Brasil: os índios, os portugueses e os africanos.

E, portanto, à tarefa de pensar o Brasil segundo os postulados próprios de uma história comprometida com o desvendamento do processo de gênese da Nação que se entregam os letrados reunidos em tomo do IHGB. A fisionomia esboçada para a Nação brasileira e que a historiografia do lHGB cuidará de reforçar visa a produzir uma homogeneização da visão de Brasil no interior das elites brasileiras. E de novo uma certa postura iluminista - O esclarecimento, em primeiro lugar, daqueles que ocupam o topo da pirâmide social, que por sua vez encarregar-se-ão do esclarecimento do resto da sociedade - que preside o pensar a questão da Nação no espaço brasileiro. E aqui tocamos em um ponto que nos parece central para a discussão da questão nacional no Brasil e do papel que a escrita da história desempenha neste processo: trata-se de precisar com clareza como esta historiografia definirá a Nação brasileira, dando-lhe uma identidade própria capaz de atuar tanto externa quanto internamente. Historiografia enquanto um instrumento de legitimação da nação.[8]

            Salgado Guimarães (1988) indica que os intelectuais em torno da organização do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro eram notadamente influenciados pelos ideais de nação promanadas da Europa, com destaque pelos franceses. É possível depreender os desejos de escrever uma história do Brasil que reforçava a homogeneização da elite política, econômica e social do país naquele extrato temporal. Este fator deve ser problematizado pela historiografia, em especial porque tais comportamentos excluíram, gradativamente dos debates, diversos grupos sociais e tal alijamento que já se dava na prática, desde o doloroso processo de colonização brasileira, significaria também um procedimento de marginalização simbólica, ou seja, uma exclusão também na ordem discursiva. Possivelmente essa tenha sido a principal função do IHGB: a partir da pesquisa e escrita da história definir o que seria a nação brasileira, dando a ela uma identidade.
A estas perspectivas acrescentaríamos duas observações, que procuraremos justificar: a) o IHGB resultou da ação de uma elite política “moderada” que procurou institucionalizar o novo país, em meio a graves problemas; b) o pensamento político e histórico que norteou esta elite foi nitidamente historicista.[9]
É no contexto desses “graves problemas”, indicados por Arno Wehling que o Instituto nasceu e iniciou suas produções e pesquisas. Tais influências estrangeiras sobre a formação de um pensamento histórico nacional, moldou as narrativas de nação que foram desenvolvidas a partir desse lugar de fala. Dentro dessa perspectiva é possível assinalar que tal produção discursiva suavizou a gravidade dos problemas sociais que o país tinha desde o início do processo de colonização. Cabe destacar que, segundo a visão desses intelectuais que formavam o IHGB, o conceito de Brasil só pôde existir após esse processo de colonização. Tal perspectiva, ignorou uma história vista de baixo, o que talvez não fosse permitido pelas condições históricas próprias daquele extrato temporal, mas que as consequências dessas análises podem ser sentidas até atualidade.
Para que esse desejo de elaboração de uma escrita da  história do Brasil fosse posto em prática foi lançado um concurso que promovia a produção de monografias que versassem sobre temas relacionados a constituição e origem da nação brasileira, para isso foi estimulado a “pesquisa e o recolhimento, nas províncias e no exterior, de documentos relativos a formação brasileira” [10] e dessas monografias, uma ganhou destaque e foi publicada pelo Instituto em janeiro de 1845, escrita pelo intelectual alemão Carlos Frederico Von Martius intitulada “Como se deve escrever a história do Brasil”. [11]
Não nos alongaremos em uma análise detalhada da dissertação que foi premiada e escolhida enquanto um dos primeiros textos publicitados pelo IGHB. Contudo, vale destacar alguns pontos pertinentes para a escrita do presente artigo. Um deles é de onde parte a voz que diz “como se deve escrever a história do Brasil”? Ironicamente Carlos Frederico Von Martius era um alemão, que se propôs a pensar o que era o Brasil, onde e como se deu o processo de formação da nação brasileira. Característica relevante, pois coloca em evidência que esse desejo de se escrever uma história do Brasil não estava necessariamente ligado a um nacionalismo, pois o texto premiado não era de um intelectual brasileiro.
Von Martius percorreu o Brasil durante três anos, o que, segundo ele, lhe permitiu ter um entendimento necessário para construir sua obra. Percorreu pelos sertões entrando em contato com os tipos nacionais. Sua narrativa tem aspectos cientificas, com análises mais voltadas para o naturalismo. Martius escreveu em sua dissertação uma espécie de mapa. Um mantra de um europeu, para os demais intelectuais brasileiros, ou de outros países que se propusessem a pensar a nação nos trópicos, informando-os que para se escrever a história do Brasil seria necessária uma pesquisa que respeitasse as diversidades dos espaços, e que essa produção cientifica valorizasse a variedades dos fatos. Essas características, segundo Martius, seria de muito especial interesse para os leitores europeus.
Martius descreveu em seu texto que a mistura de três raças compõe os elementos da diversidade da natureza do Brasil. Nesse seu esforço de pensar em linhas gerais a História do Brasil ele elege o português, europeu, branco como a chave mestra dessa engrenagem. Segundo ele, o português seria descobridor, conquistador e senhor, como pode ser percebido no trecho a seguir:
Cada uma das particularidades físicas e morais, que distinguem as diversas raças, oferece a este respeito um motor especial: e tanto maior será a sua influência para o desenvolvimento comum, quanto maior for a energia, número e dignidade de cada uma das dessas raças. Disso necessariamente se segue o português, que, como descobridor, conquistador e senhor, poderosamente influiu naquele desenvolvimento. [12]

Cabe destacar que o próprio Instituto tinha ligações políticas diretas com o império brasileiro e isso explica o tom elogioso com os colonizadores do Brasil. Martius faz uma apologia ao império brasileiro, pondo em evidência que o historiador patriota, deveria escrever uma história que convencesse os seus leitores da “inexequibilidade dos projetos utópicos”[13] dos republicanos para o Brasil, frisando que havia no país naquele momento a “verdadeira necessidade de uma monarquia em um país onde havia um grande número de escravos” [14], somente a monarquia seria capaz de unificar uma nação tão plural e diferente. Martius continua com seus direcionamentos para os futuros textos dos historiadores sobre o Brasil:
[...] deve o historiador patriótico aproveitar e toda e qualquer ocasião a fim de mostrar que todas as províncias do Império por lei orgânica se pertencem mutuamente, que seu próprio adiantamento se pode ser mais garantido pela mais intima união entre elas. Justamente na vasta extensão do país, na variedade de seus produtos, ao mesmo tempo que seus habitantes tem a mesma origem, o mesmo fundo histórico, e as mesmas esperanças para um futuro lisonjeiro, acha-se fundado o poder e grandeza do país. Nunca esqueça, pois, o historiador do Brasil, que para prestar um verdadeiro serviço a sua pátria deverá escrever como autor monárquico-institucional, como unitário no mais puro sentido da palavra. [15]

O historiador que quisesse prestar um serviço para a sua pátria tinha que, necessariamente, na visão de Martius, assim como na perspectiva do IHGB, ser um monarquista e suas pesquisas defender a união do Império brasileiro, ou seja, nesse aspecto a escrita da história teria uma finalidade em si. Serviria a objetivos pragmáticos do campo político e sociais, conviria ao estado e quem o governasse, e ascenderia nos corações dos cidadãos brasileiros, o fervor patriótico. A escrita da história teria como finalidade unir a nação e os levar ao progresso.
Como qualquer história que este nome merece, deve parecer-se com Epos! Só de um lado verdadeiro que a Epos popular só é composto onde o povo ainda se acha em desenvolvimento progressivo, então do outro lado não pudemos duvidar que atualmente o Brasil é um objeto digno de uma história verdadeiramente popular, tendo o país entrado em uma fase que exige um progresso poderoso; por isso, uma história popular do país vem muito a proposto, e possa seu autor, nas muitas conjecturas favoráveis, que o Brasil oferece, achar um feliz estimulo, para que imprima a sua obra todo o seu amor, todo zelo patriótico, e aquele fogo poético próprio da juventude, ao mesmo passo que desenvolva a aplicação e profundidade de juízo e firmeza de caráter, pertencentes a idade juvenil e varonil. Munique, 10 de janeiro de 1843. [16]

Em busca de uma Identidade para o povo brasileiro: da Casa Grande as Raízes do Brasil


A partir da virada do século XIX para o Século XX, novas questões foram sendo colocadas em pauta. Obras de consideráveis proporções foram produzidas no início do século XX, cabendo destaque: Casa Grande & Senzala produzida pelo intelectual pernambucano Gilberto Freyre, obra de sucesso incontestável, não apenas no Brasil, mas sendo publicada em mais de oitenta países. Um outro texto foi Raízes do Brasil, também um clássico da historiografia brasileira, produzida pelo intelectual Sérgio Buarque de Holanda. No presente tópico, buscaremos compreender como a produção dessas obras serviram para a elaboração de noções em torno da identidade brasileira.
Afinal, qual seria a identidade nacional brasileira? O IHGB não conseguiu fechar essa questão que ainda se encontra em aberto. Quem seriam os brasileiros? Von Martius já tinha alertado os intelectuais no final do século XIX que quem se propusesse a pensar o Brasil teria que, necessariamente, levar em consideração as três matrizes étnicas que formavam a identidade nacional. Cabe ressaltar que esse indicativo teve sua relevância, inclusive para a obra de Gilberto Freyre, que tem como ponto central de sua tese o entendimento que a formação da identidade nacional passaria necessariamente pelo amplo processo de miscigenação étnico que o país foi submetido a partir do processo de colonização.
Formou-se na América tropical uma sociedade agrária na estrutura, escravocrata na técnica de exploração econômica, híbrida de índio – e mais tarde de negro – na composição. Sociedade que se desenvolveria menos pela consciência de raça, quase nenhuma no português cosmopolita e plástico, do que pelo exclusivismo religioso desdobrado em sistema de profilaxia social e política. Menos pela ação oficial do que pelo braço e pela espada do particular.[17]  
A partir das misturas dessas três matrizes étnicas se formou o brasileiro. O português, senhor do engenho, político, detentor dos meios de produção econômico, cultural exercera, segundo Freyre, uma influência decisiva nesse processo de amalgamação. Pois havia uma “indecisão étnica e cultural entre a Europa e a África”[18] e que Portugal representava bem esse equilíbrio de antagonismos. O diferencial da obra de Freyre, naquele recorte temporal, foi perceber os diversos elementos culturais que se somaram a esse processo, as múltiplas influências dos povos indígenas na identidade nacional, elementos da cultura alimentar, por exemplo, entre outros.
Hibrida desde o início, a sociedade brasileira é de todas da América a que se constituiu mais harmoniosamente quanto as relações de raça: dentro de um ambiente de quase reciprocidade cultural que resultou no máximo de aproveitamento dos valores e experiências dos povos atrasados pelo adiantado; no máximo de contemporização da cultura adventícia com a nativa, da do conquistador com a do conquistado.  [19]
É perceptível que, a partir do lugar de fala de Freyre, esse processo de amalgamação das matrizes étnicas brasileiras teria se dado de maneira “harmoniosa”, essa perspectiva foi duramente criticada pela academia brasileira desde o lançamento de Casa Grande & Senzala até muito recentemente. Pode-se entender que houve um alijamento da obra de Freyre resultante dessa interpretação de sua obra. Se por um lado é perceptível que houve uma suavização por parte de Freyre quando o mesmo enxerga um processo harmônico entre as trocas culturais que houve no processo de miscigenação, é inegável as contribuições historiográficas de sua obra.
Freyre elege a sexualidade na colônia enquanto um dos seus principais objetos de análises para facilitar a compreensão do processo de miscigenação brasileiro. Segundo o autor os nativos não se opuseram de maneira decisiva no que se trata do “ambiente sexual na colônia”. Freyre aponta que “o ambiente em que começou a vida brasileira foi de quase intoxicação sexual”:
O europeu soltava em terra escorregando em índia nua; os próprios padres da Companhia precisavam descer com cuidado, senão atolavam o pé em carne. Muitos clérigos, dos outros, deixaram-se contaminar pela devassidão. As mulheres eram as primeiras a se entregarem aos brancos, as mais ardentes indo esfregar-se nas pernas desses que supunham deuses. Davam-se ao europeu por um pense ou um caco de espelho.[20]
A partir de uma perspectiva antropológica, influenciada pelos estudos do seu mentor intelectual Franz Boas, Freyre passa a considerar diversos elementos que outros intelectuais não tinham levado em consideração quando se propuseram a escrever a história do Brasil. Ainda dentro dessa perspectiva, outro elemento fundamental no processo de formação da identidade nacional, foi a participação do negro na vida sexual na colônia, que para Freyre, é um dos elementos essenciais para se compreender a miscigenação que as três matrizes étnicas brasileiras foram submetidas:  
Na ternura, na química excessiva, no catolicismo em que se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos rodos a marca da influência negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama de vento, a primeira sensação completa de homem. [21]
                        Em grande medida as críticas que a obra de Gilberto Freyre recebeu foram resultantes de uma interpretação que enxergara uma suavização das relações entre matrizes étnicas formadoras da identidade nacional. Freyre aponta caminhos para se compreender como se gestou a identidade nacional. O Brasil seria a mistura alegre de três matrizes étnicas que se complementariam, de maneira quase que uniforme. “Nessa ilha cantante chamada Brasil”[22], negros, portugueses e índios, se deram a todos tipos de amores, e é nesse processo que nasce o ser brasileiro. Miscigenado. Misturando não apenas as cores, os fenótipos, mas também as culturas, as religiões, as maneiras de se fazer e se pensar a política, as diversas relações com o trabalho, as culinárias entre outros inúmeros elementos que, conciliados por uma afetividade própria dos trópicos, resultariam no homem brasileiro.
Buscando fazer uma reflexão sobre a questão da identidade nacional, outro intelectual que se colocou a pensar sobre tais questões, e produziu um dos maiores clássicos da literatura nacional e da historiografia brasileira foi Sérgio Buarque de Holanda com sua obra Raízes do Brasil, que figura até hoje entre uma das interpretações sobre o Brasil, mais lidas no universo acadêmico nacional. S.B de Holanda desenvolve conceitos como o “homem cordial”, “organicismo” entre outros que delineiam de maneira perene uma identidade para o Brasil e para o homem brasileiro. É importante que se destaque que tais obras são fundamentais para historiografia pois direcionam diversos outros esforços de pesquisas. Seja na questão temática, seja na forma de pensar e produzir a história do Brasil.   
S. B de Holanda, teria sofrido grande influência do pensamento alemão moderno. Pensamento esse que ressaltaria o particular, o único, a especificidade temporal de cada realidade histórica, ou seja, nessa obra o autor estava interessado em conhecer o Brasil em sua singularidade, o que nos diferiria do outro? S.B de Holanda procurou em sua narrativa destacar através da comparação, da criação de tipos ideais, os traços peculiares do Brasil, reconstruiu aspectos do processo de formação da sociedade e da mentalidade dos brasileiros em suas mudanças, em seu devir, libertando-se de esquemas teóricos que não davam contam de explicar o Brasil. Essa influência da sociologia alemã no pensamento teórico de Holanda se dá principalmente a partir de seu contato com a obra de Max Weber. O intelectual brasileiro tomou emprestado as estruturas formuladoras do pensamento weberiano e os aplica a nação brasileira:
Enquanto produção historiográfica, Raízes do Brasil inclui-se na sociologia compreensiva de Max Weber: Interpreta sinais, articula os meios e fins de uma ação, recria a situação em que as escolhas foram feitas, procura pôr-se no lugar dos seus personagens. [23]
A influência weberiana na obra de Holanda é perceptível no decorrer de todo o texto. O conceito de organicismo desenvolvido pelo o autor é fundamental para que possa haver uma compreensão mais ampla da cultura brasileira. Para ele a cultura precisaria passar por um processo de combinação entre as suas “raízes e inovações, tradição e experimentação”. Pois, dentro dessa perspectiva organicista, a cultura seria como uma espécie de:
organismos vivos, que crescem segundo uma lei interna, mas adaptando-se à realidade envolvente, a cultura precisa se realizar segundo um padrão intrínseco, mas adaptando-se ao contexto geral; ela precisa entrelaçar tradição cultural e modernidade, Volkgeist e Zeitgeist, physis (caráter) e nomos (norma), espírito e vida, em um acordo de antagonismos que seria a lei da vida.[24]
Somente a partir da combinação desses contrários haveria a possibilidade de compreender como foi e/ou como deveria ser gestada a noção de cultura brasileira para Holanda. Só poderia haver um “desenvolvimento” se houvesse espaços para as inovações, sempre buscando as raízes culturais, fazendo uma associação entre antagonismos como tradição e experimentação. Sérgio Buarque de Holanda também elabora um tipo ideal de nossa identidade nacional. O brasileiro para seria o homem cordial.  Dentro de um capítulo específico do livro Raízes do Brasil o autor aborda as diversas características que formariam a identidade desse homem cordial. Apontando traços formadores a partir das estruturas familiares nacionais, recebendo, os “pesos das relações de simpatia” os quais impediriam esse homem de lidar com impessoalidade com os problemas públicos, trazendo sempre para dimensão privadas, das relações afetivas.
No “homem cordial”, a vida em sociedade é, de certo modo, uma verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstâncias da existência. Sua maneira de expansão para com os outros reduz o indivíduo, cada vez mais, à parcela social, periférica, que no brasileiro — como bom americano — tende a ser a que mais importa. Ela é antes um viver nos outros. Foi a esse tipo humano que se dirigiu Nietzsche, quando disse: “Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do isolamento um cativeiro”. Nada mais significativo dessa aversão ao ritualismo social, que exige, por vezes, uma personalidade fortemente homogênea e equilibrada em todas as suas partes, do que a dificuldade em que se sentem, geralmente, os brasileiros, de uma reverência prolongada ante um superior. Nosso temperamento admite fórmulas de reverência, e até de bom grado, mas quase somente enquanto não suprimam de todo a possibilidade de convívio mais familiar. A manifestação normal do respeito em outros povos tem aqui sua réplica, em regra geral, no desejo de estabelecer intimidade. E isso é tanto mais específico, quanto se sabe do apego frequente dos portugueses, tão próximos de nós em tantos aspectos, aos títulos e sinais de reverência. No domínio da linguística, para citar um exemplo, esse modo de ser parece refletir-se em nosso pendor acentuado para o emprego dos diminutivos. A terminação “inho” , aposta às palavras, serve para nos familiarizar mais com as pessoas ou os objetos e, ao mesmo tempo, para lhes dar relevo. É a maneira de fazê-los mais acessíveis aos sentidos e também de aproximá-los do coração. Sabemos como é frequente, entre portugueses, o zombarem de certos abusos desse nosso apego aos diminutivos, abusos tão ridículos para eles quanto o é para nós, muitas vezes, a pieguice lusitana, lacrimosa e amarga. Um estudo atento das nossas formas sintáxicas traria, sem dúvida, revelações preciosas a esse respeito.[25]
            Holanda desenha em sua narrativa a identidade do homem brasileiro. As cargas de afetividade seria um fator de desequilíbrio, no que se trata das coisas públicas, uma vez que se deseja sempre “estabelecer intimidade” como manifestação de respeito. As terminações no diminutivo são demonstrações de afago desse homem cordial que teria sérias dificuldades de fazer separações entre as dimensões do público e do privado, o que para Holanda, dentro de uma perspectiva weberiana de análise social, impediria de chegar a um estado moderno, de desenvolvimento social. 

A Escrita da História no tempo presente: perspectivas


Depois de um olhar panorâmico sobre as tentativas de se escrever a história do Brasil a partir em especial do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, passando pelas tentativas de se compreender as identidades do Brasil nas obras de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, volta-se o olhar para a escrita da história no chamado tempo presente. Quais os problemas que ainda impulsionam os historiadores a promover suas pesquisas? É importante ponderarmos que desde a década de 1930 com a chamada Escola dos Annales, e um fortalecimentos da história social, ou a história vista de baixo, houve uma considerável ampliação nos objetos históricos.
A constituição em larga escala de novos objetos, requereu dos historiadores novas metodologias, novas abordagens, ampliando assim as áreas de atuação. Poucos trabalhos no tempo presente têm uma amplitude temática, de objetos e temporalidades como a obra de Gilberto Freyre, por exemplo, os temas históricos estão cada vez mais recortados, em menores temporalidades e espacialidades. Tais ampliações no metiê dos historiadores fez com que a produção de conhecimento histórico se proliferasse, e sujeitos que antes eram excluídos das análises históricas, são tomados cada vez mais enquanto objetos de análises pelos historiadores do tempo presente.
Sobre a história da historiografia nos últimos anos Oliveira e Gontijo indicam que a renovação do campo de pesquisa nos últimos 15 anos só foi possível graças a criação de diversos grupos e linhas de pesquisas dentro dos programas de pós-graduação em diferentes lugares no Brasil como na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal de Ouro Preto, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro entre outras. Como também a criação de eventos que se propuseram a colocar em perspectiva a historiografia brasileira como o “Seminário Nacional de História da Historiografia” que vem realizando seus eventos desde 2008. Para além disso, as autoras destacam a criação da Sociedade Brasileira de Teoria e História da Historiografia no ano de 2009, como também revistas especializadas no tema, o que favoreceu o aumento de pesquisas sobre a temática, como também espaços para publicitação dessas pesquisas.
Em destaque, duas questões para encaminharmos a conclusão do presente tópico. A primeira delas são os esforços para se construir uma história da historiografia no tempo presente no Brasil. A segunda são os próprios desafios de se escrever história no tempo presente. Maria da Glória de Oliveira e Rebeca Gontijo auxiliam a pensar como foi se constituindo uma tradição de se escrever uma história da historiografia brasileira da década de 1980 até as primeiras décadas do século XXI. Em seu artigo intitulado “Sobre a história da historiografia brasileira: um breve panorama”, as historiadoras apontam que:
[...] Observa-se o interesse por problemas relacionados à escrita e à narrativa históricas, às práticas e lugares institucionais de investigação em estudos que, de modo geral, mantêm os referenciais da história política e da “questão nacional”, mas também despontam com outras preocupações, por vezes relacionadas à cultura histórica, à experiência do tempo e a recepção das obras historiográficas, assim como os problemas da teoria da história ou da história dos conceitos.[26]  
Como indicam Oliveira e Gontijo (2016) a história da historiografia ganhou fôlego em especial nas obras que fazem uma revisão historiográfica, analisando os lugares de produção, os problemas nesses lugares de produção, os problemas no que se trata das narrativas históricas que se tornaram referências na historiografia nacional foram passando por um processo de revisionismo. Essas revisões se dão por demandas como a recepção dessas obras historiográficas assim como por questões teóricas e metodológicas. Como exemplos desses exercícios, Oliveira e Gontijo acentuam que:
O livro de Ricardo Benzaquen de Araújo, Guerra e Paz: Casa-Grande & Senzala e a obra de Gilberto Freyre nos últimos 30 anos (1994) é exemplar nesse sentido. Cabe lembrar que o artigo do autor, “Ronda noturna: narrativa, critica e verdade em Capistrano de Abreu”, foi publicado em 1988, no primeiro número da revista Estudos Históricos, como parte do dossiê: “Caminhos da historiografia.”[27]    
Sobre os desafios de se escrever história no tempo presente pontua-se que hoje a mesma está na ordem do dia. Depois de tantos contratempos, os debates acerca da epistemologia desse campo de saber se firmaram, fortalecendo-se não apenas nos aportes teóricos, como também no que se trata de questões metodológicas, [28] impulsionado especialmente pelo revigoramento dos estudos acerca da história política, [29] ampliação do escopo de fontes, interdisciplinaridade entre outros fatores que propulsaram e fortaleceram a produção do saber histórico no Brasil e no mundo.  
A eleição do tempo presente como temporalidade nuclear de pesquisas e análises é recente e, portanto, fértil em suas possibilidades de construção de uma forma inovada de conhecimento histórico que pressupõe redimensionamento do campo da história, da construção de abordagens, das noções de espacialidade, além de fértil construção de estratégias dialogais com diferentes áreas do conhecimento. [30]
            Destaca-se que mesmo em tempos de ebulição, agitações políticas, um crescimento exacerbado de forças conservadores que querem se colocar enquanto porta-vozes do conhecimento histórico, tais quadros devem impulsionar os historiadores a continuar a produzindo história. Devidamente preparados para o exercício, ancorados em seus lugares de produção, seguindo a operação historiográfica e contribuindo de maneira ética para o desenvolvimento social do país através do ofício dos historiadores.

Considerações Finais


Se encaminhando para a conclusão, o presente artigo buscou refletir sobre as primeiras tentativas de se escrever uma história do Brasil, analisando em especial a constituição do IHGB, a partir do texto de Von Martius, para obter uma compreensão de como a historiografia foi pensada para servir a interesses nacionais de um determinado tempo histórico. Entendendo que, o discurso histórico produzido a partir de um lugar social de fala que o legitima tem um grande poder influenciador, quiçá determinante para os rumos que um país pode tomar.
Considera-se também as diversas tentativas de se elaborar, a partir de um exercício historiográfico, identidades para o Brasil. Foi analisado de maneira sintética obras como Casa Grande & Senzala pontuando questões relevantes em sua obra como o processo de miscigenação das matrizes étnicas que o pais passou, e como a identidade nacional, segundo Freyre, passa pelo entendimento de como se deu esse processo. Foi também analisado conceitos como o “homem cordial” e “organicismo” presentes na obra de Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil, e como esses conceitos são tentativas de se construir um tipo ideal de homem brasileiro na visão do historiador.
Por fim, foi feito um rápido balanço sobre a história da historiografia brasileira, pontuando o fortalecimento desse campo em especial nos últimos 15 anos. Tal constatação revisionista é relevante pois o recorte temporal coincide com o vertiginoso crescimento dos programas de pós-graduação no Brasil, e um grande investimento no ensino superior no Brasil a partir do ano de 2002. Consideramos relevantes tais análises, e perspectivas pois os problemas históricos e historiográficos continuam presentes, cabendo aos historiadores, refletir continuamente sobre eles.

Referências

BRITO. Fábio Leonardo Castelo Branco. Visionários de um Brasil profundo: brasilidades deslizirantes em Jomard Muniz de Britto e seus contemporâneos. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará. UFC, Fortaleza, 2015.

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

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DIAS, Maria Odila Silva. A interiorização da metrópole (1808- 1853). In: Mata, Carlos Guilherme (org.) 1822 Dimensões. São Paulo, Perspectiva, 1972.
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GUIMARÃES. Manoel Luiz Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro. N, 1; 1988.
GUIMARÃES. Manoel Luiz Salgado. Historiografia e nação no Brasil: 1838-1857. – Rio de Janeiro: EDUERJ, 2011. Edições Anpuh.
HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
OLIVEIRA, Maria da Glória de. GONTIJO, Rebeca. Sobre a história da historiografia brasileira: um breve panorama. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, a. 177. (472): 13-28, jul./set. 2016.

REIS. José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 8° ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006.

RÉMOND. René. Por uma história política. – 2. Ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.

VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845.
WEHLING. Arno. As origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Comunicação feita a CEPHAS, 1982.


[1] GUIMARÃES. Manoel Luiz Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro. N, 1; 1988. p. 2
[2] Ibid. p. 2
[3] GUIMARÃES. Manoel Luiz Salgado. Historiografia e nação no Brasil: 1838-1857. – Rio de Janeiro: EDUERJ, 2011. Edições Anpuh. p. 116.
[4] Hegel, Georg Wilhelm Friedrich, 1770-1831. A Razão na história: uma introdução geral à filosofia da história. 2. ed. -- São Paulo:Centauro,2001
[5] VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845. p.19. 
[6] CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.
[7] Citado por DIAS, Maria Odila Silva. A interiorização da metrópole (1808- 1853). In: Mata, Carlos Guilherme (org.) 1822 Dimensões. São Paulo, Perspectiva, 1972. p. 174.
[8] GUIMARÃES. Manoel Luiz Salgado. Nação e Civilização nos Trópicos: o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e o Projeto de uma História Nacional. Estudos Históricos, Rio de Janeiro. N, 1; 1988. p. 4.
[9] WEHLING. Arno. As origens do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Comunicação feita a CEPHAS, 1982. p. 7
[10] Ibid. p. 11. 
[11] VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845.
[12] VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845. p. 2.
[13] Ibid. p. 19.
[14] Ibid. Grifos nossos.
[15] VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845. p. 19.
[16] VON MARTIUS. Carlos Frederico. Como se deve escrever a história do Brasil. Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. N. 24, janeiro de 1845. p. 20.
[17] FREYRE. Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sobre o regime patriarcal. 52° ed -São Paulo: Global, 2013. p. 65.
[18] Ibid. p. 67.
[19] Ibid. p. 160.
[20] FREYRE. Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sobre o regime patriarcal. 52° ed -São Paulo: Global, 2013. p. 161.
[21] Ibid. p. 367.
[22] BRITO. Fábio Leonardo Castelo Branco. Visionários de um Brasil profundo: brasilidades deslizirantes em Jomard Muniz de Britto e seus contemporâneos. Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social, do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará. UFC, Fortaleza, 2015. p. 17.
[23] REIS. José Carlos. As identidades do Brasil: de Varnhagen a FHC. 8° ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. p. 119.
[24] EUGÊNIO, João Kennedy. Um ritmo espontâneo: O organicismo em raízes do brasil e caminhos e fronteiras, de Sérgio Buarque de Holanda – Tese de Doutorado apresentada ao Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. UFF, Niterói, 2010. p. 7.
[25] HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 26. ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 1995.p. 147, 148.
[26] OLIVEIRA, Maria da Glória de. GONTIJO, Rebeca. Sobre a história da historiografia brasileira: um breve panorama. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, a. 177. (472): 13-28, jul./set. 2016. p. 29, 30.
[27] OLIVEIRA, Maria da Glória de. GONTIJO, Rebeca. Sobre a história da historiografia brasileira: um breve panorama. Revista do IHGB, Rio de Janeiro, a. 177. (472): 13-28, jul./set. 2016. p. 30.
[28] Ver mais: DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. FERREIRA, Marieta de Moraes. (Org.) História do Tempo Presente. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014.
[29] É importante destacarmos que o Por uma história política nos servirá em especial para reforçarmos um campo de debates que já se encontra consolidado não apenas na historiografia brasileira, como na própria historiografia piauiense que é o campo da Nova História Política. A ideia de se trabalhar a partir dessa perspectiva surgiu a partir do entendimento que “[...] o cultural, o econômico, o social, e político – se influenciam mutua e desigualmente segundo as conjunturas, guardando ao mesmo tempo cada um com sua vida autônoma e seus dinamismos próprios.” E é buscando compreender esses dinamismos que o retorno ao político se faz necessário. Ver mais: RÉMOND. René. Por uma história política. – 2. Ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
[30] DELGADO, Lucilia de Almeida Neves. FERREIRA, Marieta de Moraes. (Org.) História do Tempo Presente. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014. Pag. 7

Comentários

  1. É importante frisar que neste artigo e em todas as obras nele citadas o pontapé inicial para falar-se sobre a história do Brasil é a miscigenação das três raças para a formação da identidade brasileira. Sendo que, alguns autores não deram a devida importância aos protagonistas da formação da cultura brasileira. Cabe a cada historiador do tempo presente em suas obras referentes a história do Brasil dar a devida importância e o protagonismo aos verdadeiros autores da nossa história. Parabéns pelo artigo, excelente trabalho.
    DOUGLAS DE ARAÚJO SILVA
    UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

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    1. Olá Douglas, muito pertinente seu comentário. De fato, para alguns intelectuais que se propuseram a pensar e escrever sobre a história do Brasil, não levaram em consideração os processos de miscigenação na formação da identidade nacional. Pode ter sido por não ser uma preocupação ou apenas desinteresse mesmo sobre a temática. Concordo com você que o ofício do historiador do tempo presente se apresenta cada vez mais envolto de responsabilidades éticas e sociais, em especial em um tempo em ebulição em que até mesmo os acontecimentos históricos tem sido negados. Obrigado pelo comentário e pelas considerações.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  2. Boa noite.
    É relevante está colocando que o seu trabalho aponta a participação de Von Martius na construção da historiografia brasileira, citando que o mesmo percorreu o Brasil durante três anos, o que, segundo ele, lhe permitiu ter um entendimento necessário para construir sua obra. Percorreu pelos sertões entrando em contato com os tipos nacionais. E que para isso Sua narrativa tem aspectos científicos, com análises mais voltadas para o naturalismo que neste contexto esta área do conhecimento vivia um excelente momento, escrevendo com isso uma dissertação informando-os que para se escrever a história do Brasil seria necessária uma pesquisa que respeitasse as diversidades dos espaços, e que essa produção cientifica valorizasse a variedades dos fatos, chamando com isso a atenção dos leitores.
    Francielcio Silva da Costa-Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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    1. Olá Francielcio Silva, obrigado pela participação no evento, assim como no nosso Simpósio Temático. Comentário pertinente, explicitando um pouco mais do exercício intelectual de Von Martius para a elaboração de sua dissertação. Importante localizar temporalmente a escrita de Martius, até para compreender as influências que ele recebia, quais os contextos estava inserido, pois isso facilita no processo de compreensão de sua proposta. Novamente, obrigado pela participação em nosso Simpósio.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  3. Boa noite !
    Belíssimo artigo, principalmente, no tocante ao IHGB enquanto "lugar social " ( categoria de Certeau) para a produção historiográfica e legitimação do precoce Estado Nacional Brasileiro, forjado pelas elites do séc. XIX em prol de atender aos seus interesses concernente à escrita da história.
    Maykon Albuquerque Lacerda - UEMA / Campus Caxias-MA

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    1. Olá Maykon, boa noite.. Obrigado pelo comentário e participação.
      De fato o Instituto foi percebido como um lugar de poder que favoreceu a produção de um discurso histórico que acabou por legitimar, a curto e a longo prazo, uma visão histórica que privilegiou determinados grupos e exclui outros. Cabe a reflexão: nossas produções historiográficas têm tido a capacidade de reverter esse quadro? Novamente, obrigado pela participação.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  4. Boa noite.
    Vale destacar que apesar da história do Brasil ter diferentes personagens, de certa maneira estes com suas características étnicas, sendo branco, índio ou negro, não conseguimos identificar ainda hoje uma identidade nacional, no entanto, podemos identificar nos vários trabalhos historiográficos entre eles o que está sendo apresentado neste artigo uma ajuda de suma importância para tentarmos construir ou identificar a identidade nacional no processo histórico. Parabéns pelo ótimo trabalho.

    Edson dos Santos Ferreira Junior-UFAM

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    1. Olá Edson dos Santos, obrigado pela participação em nosso simpósio, assim como pelos comentários. De fato o nosso país, pela sua pluralidade étnica, cultural, religiosa, entre outros impossibilitou esse processo de uma formação de uma identidade nacional. Ao menos não nos moldes eurocêntricos que tentaram estabelecer no nosso Brasil desde meados do século XIX. Creio que a discussão se pulverizou e hoje os desejos se direcional muito mais na direção de compreender as especificidades regionais que ajudam explicar a nação, do que propriamente a busca por uma identidade nacional. Mas cabe questionamentos e reflexões. Novamente, obrigado pela participação.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  5. Parabéns pelo artigo! Panorama mais que coerente, além de apropriado e oportuno, para o momento em que vivemos hoje e para as histórias que já foram escritas, mas principalmente que vamos escrever e ler amanhã. Nisso, o autor coloca – bem rapidamente – sobre esses “tempos de ebulição, agitações políticas” com o “crescimento exacerbado de forças conservadoras que querem se colocar enquanto porta-vozes do conhecimento histórico”. Sabemos que é verdade, mas... E quando essa “força conservadora” vem de um próprio historiador, formado, até pós-graduado e mesmo Doutor de seu ofício? Como avaliar essa perspectiva com os pontos de vista que o autor já bem colocou no artigo? É a busca de um resposta sua, mas também de um anseio de debate do tema.
    Betsy Bell Praia Morais – História - UFAM

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    1. Olá Betsy Bell, agradeço em nome do evento sua participação em nosso simpósio, assim como no nosso grupo de discussões. Agradeço o comentário no artigo e pelos questionamentos levantados. A provocação é muito pertinente e muito provavelmente não conseguirei conceder uma resposta a sua pergunta pois eu também não compreendo bem. Contudo, cabe destacar que não necessariamente as duas coisas são sinônimos. Tem historiadores conservadores, inclusive, olhando em perspectiva, a nossa tradição historiográfica é conservadora até pouco tempo atrás, justamente quando ocorre a ampliação das universidades e dos programas de pós graduação, favorecendo assim um amplo crescimento dos debates historiográficos sobre temáticas que antes não eram debatidos como gênero, por exemplo. Infelizmente, para nossa tristeza, há ainda um forte conservadorismo até mesmo dentro das universidades. Mas isso pode ser visto como um incentivo para que discussões como essas continuem sendo travadas até chegarmos em um estágio diferente do que estamos. Agradeço a leitura, os questionamentos e a participação.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  6. Prof., Lincoln, boa noite! É um prazer participar desse GT tão propositivo.
    Eu acompanhei a escrita desse texto e lembro das nossas conversas sobre o tema, uma vez que compartilhamos o Interesse no tema. O meu comentário é sobre uma experiência recente de leitura que acredito potencializar o teu artigo. Trata-se da introdução do livro "Sobre o autoritarismo brasileiro", da Lilia Moritz Schwarcz, publicado agora em 2019. Tem um título sugestivo: "História não é bula de remédio", abordando como a famosa monografia de Martius sobre como escrever a história do Brasil ainda é imitada hoje em dia, efetuando a sua força de silenciamento.
    Acredito que valha a pena conferir.

    Francisco Adriano Leal Macêdo (UFPI-PPGHB).

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    1. Olá meu caro Adriano. Fico feliz em ler seus comentários sobre o artigo em que compartilhamos ideias e leituras meses atrás. Obrigado pela indicação. Com os acontecimentos do século XX a produção historiográfica perdeu seu lugar de "Magistra vitae", as produções historiográficas não têm a função de lançar prognósticos e evitar que aberrações se sucedam nas sociedades ao longo do tempo, em especial no tempo presente. Me interessa a leitura. Obrigado.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  7. PATRICIA DA SILVA AZEVEDO31 de julho de 2019 às 18:06

    Boa noite, Lincoln. A discussão apresentada é bem interessante e pertinente. Gostaria de saber se você pretende avançar e como pretende, se for o caso, promover uma discussão mais crítica dessas obras que são consideradas clássicas na historiografia, mas, que abordam temas complexos e que por inúmeras vezes são colocados a margem pela relevância do método e das práticas quando produzidas.

    Patrícia da Silva Azevedo (PPGH- UFRN)

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    1. Olá Patricia, muito obrigado pela participação em nosso evento, assim como no ST. Na verdade minha pesquisa no PPGHB se envereda por outros eixos temáticos. A produção desse artigo foi na verdade para a disciplina de Historiografia Brasileira que pagamos aqui no Programa. Mas acato a sugestão de leitura, até para futuras reflexões já que entendo que se tratando de historiografia, essas reflexões tem que ser permanentemente. Novamente, obrigado pela participação e sugestões.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  8. PATRICIA DA SILVA AZEVEDO31 de julho de 2019 às 18:10

    Não sei qual sua escolha, mas, acredito que exista um diálogo importante com a Lúcia Maria Paschoal Guimarães, que pode trazer nossas perspectivas ao debate.

    Patrícia da Silva Azevedo (PPGH-UFRN)

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  9. Boa noite, prof. J. Lincoln Franco! muito interessante suas reflexões a respeito da produção de escrita da história no Brasil. Concordo que a criação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro – IHGB, em 1838, possibilitou a construção de uma identidade nacional do povo brasileiro e a percepção da vontade de uma escrita própria da história do Brasil.
    Sabemos que o instituto passou por várias transformações com o passar dos anos e que possui ainda uma relevância para a historiografia brasileira, principalmente pela sua função de coligir, metodizar, publicar e arquivar os documentos necessários para a produção historiográfica. Sendo assim, é correto afirmar que o IHGB é responsável por repensar a produção do conhecimento historiográfico do país nos dias atuais?

    Isaildo de Carvalho Veloso - UFPI

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    1. Olá meu caro Isaildo, que prazer enorme receber a sua participação no nosso Simpósio e ler seu comentário aqui no ST. De fato o IHGB ainda é um órgão muito relevante para a pesquisa e produção historiográfica no Brasil. Contudo, com a expansão das universidades e programas de pós-graduação, em especial em regiões tidas como periféricas, cada vez mais há uma pulverização dessas produções. Ou seja, não haveria mais um instituto específico responsável pela produção historiográfica no Brasil. Isso seria compartilhado com os diversos centros universitários e programas de pós graduação Brasil a dentro.

      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  10. Boa noite.
    Parabéns pelo artigo esse tema é ótimo, nos faz refletir sobre como podemos mudar a realidade de como é visto o nosso país através de olhares estrangeiros, pois como foi mencionado os historiadores tinham um público alvo para de certa forma agradar o império e outros da elite.
    Nos livros que lemos é comum falar sobre os portugueses que colonizaram exaltando o feito e em algumas vezes menosprezando as demais etnias. gostaria de ter lido em seu trabalho um pouco mais sobre Capistrano de Abreu, mais desconsidere isso seu trabalho está ótimo!

    Ana Carolina Gomes Cunha-UFMA

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  11. Olá Ana Carolina, obrigado pela participação no nosso Simpósio Nacional, assim como no ST. Obrigado pelo comentário, de fato Capistrano de Abreu é outra figura emblemática que merece todo o destaque em nossa historiografia, em especial num exercício de revisão historiográfica. Mas pelas limitações impostas, em linhas gerais, para a produção de artigos, optamos na época da escrita por um recorte. Para além disso seu comentário é muito pertinente por frisar essa característica da produção historiográfica nesse recorte temporal: uma história para agradar um determinado grupo social. A reflexão que cabe é exatamente: nós, historiadores do coetâneo, estamos conseguindo fugir dessas amarras e silenciamentos em nossas produções historiográficas? Novamente, obrigado pela participação.

    Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  12. Bom dia Professor Lincoln Franco!!
    Percebe-se que, o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB) tornou-se um centro de estudos e de pesquisas, proporcionando ao imperador levar adiante seu projeto de desenvolver uma política cultural para o país com um nítido "caráter brasileiro". Desde a sua fundação, coletava e arquivava os documentos de interesse para a História e Geografia do Brasil, com a intenção de divulgar os conhecimentos desses dois ramos científicos por meio do ensino público; mantinha correspondência com outras associações estrangeiras; instalava instituições em outras províncias do Império, e publicava a Revista do Instituto. Com a criação do IHGB, a historiografia brasileira manteve cada vez mais forte e presente na atualidade.

    MARCIEL RODRIGUES DE CARVALHO ANDRADE (UFPI)

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    1. Ola meu caro Marciel (Me confirme se és do curso de história de Jaicós) Fico muito feliz em ver a participação de vocês em nosso ST. Seu comentário é muito pertinente e aponta para algo que trago de maneira sutil no texto do artigo: a influencia do Império na própria pessoa do imperador na constituição do IHGB. E como as pesquisas foram sendo produzidas para, em alguma medida, de acordo com os interesses políticos do império. Algo a se problematizar e se evitar a todo custo em nossas produções historiográficas do tempo presente.

      Agradeço novamente vossa participação em nosso St.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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    2. Bom dia Prof. Lincoln Franco!
      Sim. É Marciel Carvalho (Missionário) do curso de História no polo em Jaicós. É uma satisfação poder participar do Simpósio e principalmente com vc que é um excelente Professor, um forte abraço meu irmão. Saudades de sua pessoa e de suas aulas!!

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  13. Parabéns Professor Lincoln Franco pelo seu artigo!!
    A historiografia produzida no IHGB construía uma visão homogeneizada da nação brasileira, comandada pelas elites, imbuídas, do topo, de encaminhar as demais classes sociais em direção ao progresso. O Instituto vivia entre a inovação e o tradicionalismo, posteriormente, foram incluídos estudos etnográficos, arqueológicos e linguísticos, mas história continuava presa a uma concepção linear e progressista. Anos depois é lançado um concurso de ensaios sobre como se deveria escrever a História do Brasil, um país de dimensões continentais e socialmente diversificado.

    Marciel Rodrigues de Carvalho Andrade. (UFPI)

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  14. Gostei muito do texto, ta de parabéns! A criação do IHGB, foi proposital para contribuir com uma História que fosse criada para dar uma nacionalidade ao povo brasileiro, que estava em formação. Na História do tempo presente, com o surgimento da fonte oral, deu uma característica a mais nos estudos historiográficos, dando visibilidades aos mais desfavorecidos, que antes não tinha participação na História. Por ser a História escrita pelos grandes e enfatizando só os heróis e personalidades importantes da época.
    Bruno Moreno Soares-UVA.

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    1. Olá Bruno Soares, em nome da organização do evento agradeço sua participação no I simpósio nacional de história e historiografia. Fico feliz de ter participantes dos mais diferentes centros acadêmicos do Brasil em nosso ST. Agradeço também pela leitura e pelo comentário. Destaco em seu comentário a importância da história oral na produção da chamada história do tempo presente. Sem dúvidas a fundação do Instituto Histórico do Tempo Presente na França ainda na década de 1970 foi um passo fundamental na criação e aperfeiçoamento desse método de produção historiográfica. Urgente e necessário as pesquisas que se utilizam da metodologia da história exatamente para direcionar os olhares para sujeitos que antes eram excluídos das produções dos historiadores.

      Agradeço novamente a participação em nosso ST.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco

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  15. Bom dia, Prof, Lincoln Franco. O IHGB foi de fato uma instituição fundamental para se pensar na construção de uma história nacional e consequentemente para a construção das bases de uma identidade nacional desvinculada do protagonismo europeu. Pois o instituto rompeu com alguns paradigmas comuns existentes no inicio do século XIX, e foi nesse período histórico que tentamos forja uma identidade nacional, onde a literatura e grande parte dos intelectuais brasileiros tentaram construir uma história própria de um pais independente, e nesse contexto histórico surgiu a obra clássica de Gilberto Freyre “Casa Grande & Senzala” que rompeu com os paradigmas existentes no qual desconsideravam os africanos e indígenas. E realmente poucos trabalhos do tempo presente têm uma amplitude temática como a obra de Gilberto Freyre, o que se pode observa hoje é uma infinidade de trabalhos que abrange uma gama enorme de sujeitos e objetos históricos graças as contribuições dos analles proporcionadas pelas varias problemáticas sobre a perspectiva da história vista de baixo e a micro-história. Então partindo desse pressuposto é possível afirma que o IHGB somente passou a contribuir de forma significativa para a formação da identidade nacional a partir das contribuições de José Capistrano de Abreu e depois da influencias dos Analles na década de 1930, visto que os primeiros membros do referido instituto escreveram diversas obras com foco no agente colonizador o "português"?

    Jessé Luiz da Silva Brito ( CEAD-UFPI )

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    1. Olá Jessé, fico feliz de ver você em nosso Simpósio em especial no nosso ST. Agradeço pela leitura atenta e comentário pertinente. Veja bem, mesmo a produção historiográfica do século XIX, com seus diversos problemas, em nossa perspectiva, foram úteis e necessárias e são fruto de uma determinada temporalidade. Então creio que toda a produção historiográfica do século XIX é importante pois ajuda a revelar um ethos de uma determinada temporalidade.

      Agradeço sua participação em nosso ST.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  16. Fernanda da Costa de S. Santos1 de agosto de 2019 às 10:08

    Boa tarde professor Lincoln Franco.
    Primeiramente, gostaria de parabenizá-lo por seu excelente texto. Seu trabalho estabelece questões pertinentes e necessárias, sobretudo no atual cenário frágil em que o historiador se encontra no Brasil. Teço ainda elogios a sua escrita. É um bom narrador!
    Um ponto relevante no seu trabalho, é visível quando pontua o texto “Como se deve escrever a história no Brasil” de Von Martius, enquanto uma perspectiva para pensar a construção da historiografia Brasileira. Seus levantamentos acerca das obras de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda, uniformemente ressalta a importância desses clássicos, e uma abordagem a contrapelo, enfatizando a relevância desses textos para o desenvolvimento de análises e reflexões em novas perspectivas. Volto a mencionar, seu texto é muito importante, promove pontos reflexivos inerente ao papel do historiador frente a esse cenário de sensibilidade na História. Interessante quando utiliza da reflexão do tempo presente, para analisar o panorama historiográfico, com objetivos claros de evidenciar a necessidade de novos objetos, análises, que partem dos anseios e desejos do pesquisador. O historiador se volta a outras temporalidades na tentativa de estabelecer vínculos conectivos entre passado e presente.

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  17. Olá Fernanda Costa, gostaria inicialmente de agradecer a sua participação no I Simpósio Nacional de História e Historiografia, em especial no nosso ST. Agradeço também pela leitura e pelo comentário. O texto buscou fazer esse exercício de estabelecer um olhar panorâmico sobre a produção historiográfica brasileira na longa duração, buscando perceber as rupturas e as continuidades. A dissertação de Von Martius acabou por entrar no imaginário do metiê historiográfico enquanto uma espécie de manual durante algumas décadas. Penso que isso só foi alterado com a ampliação dos centros universitários e programas de pós-graduação, assim como a recepção de novas leituras teóricas, metodólogas e mais recentemente novas apropriações epistemológicas. O texto em grande medida é apenas uma provocação. Essa relação entre presente e passado é muito inerente ao ofício dos historiadores, a diferença é que no tempo presente não negamos essas relações, assim como o caráter subjetivo da relação entre sujeito e objeto na construção de pesquisas históricas.

    Volto a agradecer a participação a leitura e o comentário.

    Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  18. Boa noite.
    O autor traz a influencia do IHGB que é o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro que representa dentro da historiografia brasileira a primeira tentativa sistematizada e organizada de se estabelecer uma identidade nacional a partir da escrita da história do Brasil, ou seja se fazer uma história nacional patriótica só lembrando que esse contexto é fortemente marcado em uma concepção histórica de debates acerca das ideias de nação e de civilização estavam a pleno vigor na Europa impactando diretamente na elaboração dessa pesquisa.
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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    1. Olá Francielcio, em nome da organização do evento agradeço a sua participação no nosso I simpósio Nacional de história e historiografia, assim como pela leitura e participação no nosso ST. De fato, a produção historiográfica brasileira, ainda no século XIX sofreu fortes influencias da filosofia europeia e o que era considerado na época como produção científica, além dos fortes debates sobre a formação da ideia de nação. Sem dúvidas essas discussões circulavam no Brasil desse recorte, em especial pois Von Martius não era brasileiro, e porque grande parte da inteligência nacional tinha sua formação na Europa.

      Agradeço novamente a participação em nosso ST.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  19. Boa noite professor,
    quero aqui parabenizá-lo pelo o belo texto, escrito de forma clara e acessível para aqueles que não são da área como eu, mas que busca aprender mais sobre a nossa história. Gostaria se possível que você comentasse sobre o posicionamento de Freire quando ele diz que esse processo de miscigenação se deu de forma harmoniosa.

    Quezia de Araujo Soares (UFPI)

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    1. Olá minha cara Quezia, em nome do evento agradeço a participação, em especial no nosso ST. Agradeço as palavras em relação ao texto e fico feliz de o texto poder ser lido por pessoas de diferentes áreas de formação. Uma das grandes críticas que os leitores fazem da interpretação de Gilberto Freyre sobre o processo de miscigenação no Brasil é que ele enxergou esse processo com um olhar romântico, de maneira suavizada. Freyre teve uma forte influência da sociologia norte americana, atentando-se para outras questões que também faziam parte da formação da identidade nacional e do processo de miscigenação brasileiro. Não creio que ele olhou pra esses contextos de maneira suavizada. Mas cabe reflexões. Indico a leitura de sua obra clássica, Casa Grande & Senzala.

      Novamente agradeço a participação e o comentário.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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  20. Francisco Lucas Gonçalves dos Reis2 de agosto de 2019 às 05:35

    No Brasil as tentativas de construção de uma identidade nacional através da escrita encontraram muitas dificuldades em tal tarefa. Primeiro que a miscigenação é um elemento que dificulta no estabelecimento de uma "identidade nacional", pois a principal característica é a própria miscigenação.
    Importante que mesmo quando começou-se escrever sobre o Brasil, e inclusive admitindo-se que era preciso entender a diversidade de raças, ainda assim a escrita colocava o português com salvador e estava sempre do lado dos interesses do império (infelizmente isto ainda está presente através das imagens e das inúmeras páginas dos nossos livros didáticos de História).
    Gilberto Freyre e Sergio Buarque de Holanda contribuíram na tentativa de construção de uma identidade nacional, seja a convivência harmônica entre as raças ou o homem cordial, acho que é preciso muito ainda para se chegar a uma identidade nacional mais definida, e assim poder escrever sobre o Brasil, e deixar claro na escrita o que é o Brasil. É preciso dar mais vez e voz para os verdadeiros formadores desta nação.
    FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS.
    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - CAMPUS CAXIAS.

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  21. Parabéns pelo trabalho Jônatas. Tendo em vista que a história assim como suas produções historiográficas passam por uma série de rupturas e continuidades ao logo de todo dos séculos, principalmente no século XX e XXI, ao seu ver, quais amarras ainda não foram quebradas entre a construção da história brasileira e as discursões mais contemporâneas ?

    Att. Aline de Freitas Lemos Paranhos.

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    1. Olá Aline, agradeço a participação em nosso ST.
      Há muitas barreiras para serem quebradas. Ao meu ver a principal delas faz referências a novos modelos epistemológicos, um bom começo seria o que se configura enquanto como Epistemologia do Sul. Sobre temáticas exite ainda um leque bem variado que cabe ser explorado pelos historiadores.

      Agradeço novamente a participação.
      Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

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