Morgana Jaiara Gomes Carvalho
Resumo: Este trabalho
tem como proposta analisar as práticas pedagógicas na instrução pública do
Maranhão oitocentista, mais precisamente os “castigos pedagógicos” utilizados
pelas instituições escolares para repreender comportamentos inadequados
presentes em diversos espaços e relações sociais, castigos esses que duraram
muitos séculos, e tinham como fim punir o mau comportamento e a dificuldade de
aprendizagem, assim vários objetos que causavam torturas eram utilizados por
pais e professores para “educar” crianças, mantendo a ordem e a disciplina,
muitas vezes por cima da Lei Imperial de 15 de outubro de 1827.
Palavras-chave: Castigos
pedagógicos. Punição. Mau comportamento. Aprendizagem. Instrução.
Introdução
Quando
a Companhia de Jesus desembarcou no Brasil com a missão de converter os nativos
a fé católica, trouxe junto a eles diversos métodos pedagógicos. A
alfabetização era o caminho mais seguro para a catequese para mudar hábitos e
costumes, a partir de então começava a história da educação no Brasil. Nos
primeiros anos a Cia de Jesus tendo como fundador o padre Inácio de Loyola,
fundou escolas e colégio de instrução elementar, onde os jesuítas aplicavam
dois modelos de instrução, um para os indígenas centrados na leitura e escrita
e poucas operações e outro voltado para os filhos dos colonos consistindo em um
ensino mais culto.
Os jesuítas se
propuseram a educar por meio da catequização os índios presentes na colônia,
usando sua pedagogia de ensino baseada na fé cristã, no decorrer dos tempos os
jesuítas construíram escolas no atual nordeste e nas demais regiões da colônia.
Quando foram expulsos em 1759, pelo primeiro ministro de Portugal, Marquês de
Pombal, haviam no Brasil 17 escolas de primeiras letras funcionando. Só após a
expulsão dos mesmos que a educação de fato ganha uma pequena importância,
quando Marques de Pombal institui o Estado como responsável pela educação, “até
porque a soma dos alunos de todas as instituições jesuítas não atingia 0,1% da
população brasileira, pois delas estavam excluídas as mulheres (50% da
população) os escravos (40%), os negros livres, os pardos, filhos ilegítimos
crianças abandonadas. ” (MARCILIO, 2005, p. 3)
Com a chegada da família real em 1808, houve
investimentos no ensino técnico e se multiplicaram as escolas de ensino superior,
mas por outro lado a educação popular com estudos primários e médios ficaram
esquecidas, e nesse período acontecem poucos avanços. Com a independência em
1822 aparecem os primeiros sinais do ensino como obrigatório, um artigo na
primeira constituição brasileira (1824), não deixa dúvida, a instrução primaria
passa a ser gratuita para todos os cidadãos.
Com esse pequeno resumo da iniciação da educação
pretendemos aqui mostrar, como eram regidos o ensino no Maranhão oitocentista
nas instituições de ensino vigentes na época, além de mostrar como era
utilizada a pedagogia de ensino na instrução publica nesse período, elencando
como foco principal os castigos físicos como pedagogia de ensino muito
utilizada no final do século XVIII e quase todo século XIX e como punição de
mal comportamento e dificuldade de aprendizado.
No Brasil quando dom Pedro II lança os primeiros
regimentos entre 1850-1855 tem-se no mobiliário escolar, em cada casa de escola,
obrigatoriamente tinha que ter uma palmatoria e um armário ou “casa de suar”,
nesse armário os alunos eram colocados, ficavam presos por determinado tempo
até transpirarem, para assim aprenderem a lição e não cometerem mais erros.
Por vezes, as casas possuíam seus
próprios instrumentos de castigos que eram oferecidos ao professor preceptor
para quando sua utilização fosse necessária, ficando expostos nas salas onde se
davam as lições para depois serem guardados numa pequena dispensa junto aos
aparelhos de torturados escravos, formando o arsenal com que a casa impunha o seu
poder aos seus habitantes. (VASCONCELOS, 2005, p. 87)
Após Marques de Pombal instituir o Estado como responsável
pela educação, em suas primeiras ordenações têm-se a punição prevista em lei,
devido aos abusos dos castigos físicos como forma de punir os alunos e melhorar
a aprendizagem. Assim, essas práticas tornaram- se proibidas no espaço escolar
em decorrência da Lei Imperial de 15 de outubro de 1827.
Algumas províncias passaram a substituir o castigo
corporal pelo de cunho moral baseado no método lancasteriano, método esse que
incitava a vergonha. Nesse método a punição física não era bem vista, já que um
“país que se pretendia civilizado não poderia utilizar de ‘práticas arcaicas’
para educar crianças, assim a disciplina era mantida através de práticas que
visassem estimular o desempenho e a obediência através da emulação e castigos morais.
” (SOUZA, 2012, p.4)
Porém, os castigos permearam mesmo após sua proibição
através da Lei Imperial, porque muitas províncias se recusavam a banir o uso
destes, e dentre elas podemos citar a província do Maranhão. No período
oitocentista os castigos corporais continuam presentes no universo escolar.
Os castigos eram presentes em todo o Brasil, era uma
pedagogia muito utilizada na primeira metade do século XIX, desde o Mato
Grosso, Piauí, Maranhão e outras regiões. No Maranhão podemos perceber a utilização
desses castigos na Casa de Educandos Artífices do Maranhão. Mas como esses
castigos eram empregados? E como os pais se comportava perante esse fato de
castigar os filhos para se educar e aprender especificamente? Existia uma forma
especifica de castigo? Que tipo de objetos eram utilizados para castigar os
alunos? Será entorno dessas perguntas que iremos desenvolver esse trabalho para
o melhor conhecimento a respeito dos castigos pedagógicos no Maranhão
oitocentista.
Os Castigos Escolares
A pedagogia de ensino no século XIX
era instituída na maioria das escolas através dos castigos físicos, vale salientar
que a prática do mesmo só poderia ser aplicado pelo mestre e ele não poderia
tocar no educando, só apenas o objeto usado para estes fins. Mesmo depois da Lei
Imperial de 1827 os castigos ainda eram presentes na segunda metade do século
XIX e na primeira do século XX
Mesmo
após a proibição dos castigos físicos, à palmatória adentrava no século XX como
um artefato ainda inserido na cultura material escolar, denunciando a
“intrínseca relação que os objetos guardam com a produção de sentidos e com a problemática
da produção e reprodução social” (SOUZA, 2012).
Os alunos eram castigados por não
saberem a lição e por mal comportamentos, a palmatoria era a “inimiga fiel” dos
educandos. Os castigos escolares podem ser encontrados em grandes obras, podemos
citar aqui a obra de Machado de Assis “Contos de escola”, que aborda alguns
relatos a respeito dos castigos em sala de aula, há um relato onde Machado de
Assis mostra o medo que os educandos tinham da temida palmatoria:
[...] O pior que
ele podia ter, para nós, era a palmatória. E essa lá estava, pendurada do
portal da janela, à direita, com os seus cinco olhos do diabo. Era só levantar
a mão, dependurá-las e brandi-la, com a força do costume, que não era pouca. [...].
Estendi-lhe a mão direita, depois a esquerda, e fui recebendo os bolos uns por
cima dos outros, até completar doze, que me deixaram as palmas vermelhas e
inchadas. (ASSIS, 1994, p. 61)
Antes
da lei imperial, na Casa de Educandos Artífices do Maranhão, os castigos não
eram poupados, eram aplicados diariamente como afirma Cesar Castro (2007) que
“os castigos aplicados pelos mestres eram intensos e diários: bofetadas,
palmatórias e tirapés”. (p.90). Existia na regulamentação da escola um artigo
contando as penas que os alunos podiam ser submetidos se cometerem alguma infração.
Como foi dito mais acima, após a Lei Imperial os castigos físicos foram
substituídos pelos de cunho moral tendo como base o método Lancasteriano
desenvolvido pelo educador inglês Joseph Lancaster, esse método era muito
utilizado na Europa no final do século XVIII.
Conhecido
também como método de ensino mutuo, o mesmo era utilizado com um professor e um
aluno chamado de monitor, esse aluno seria o então destaque da turma e como já
tinha um conhecimento avançado era responsável por ensinar os demais junto ao
professor, os seja, os alunos ensinariam uns aos outros e como “a ordem e a
disciplina era muito valorizada e para alcançá‐las era necessário o uso de
recompensas e castigos de cunho moral, em substituição à palmatória e outras
formas de punição física.”(SOUZA,2012). Esses castigos de cunho moral variavam
desde ficar na sala após terminar a aula até a expulsão da escola:
[...] ficar em quarentena
num banco particular; em isolamento num gabinete especial durante a aula; em
solitária; permanecer na classe após o final dos exercícios; permanecer em
frente de um cartaz, onde estão listadas as faltas cometidas, enfim, a expulsão
da escola. (BASTOS, 1999, p.66)
O objetivo dos castigos de cunho moral era
fazer com que o aluno sentisse vergonha, “provocar embaraço, vergonha ou culpa,
tem como finalidade automatizar o comportamento que se deseja incutir no
sujeito, levando‐o ao autocontrole de suas emoções e ações. ” (SOUZA, 2012). Na
Casa de Educandos Artífices do Maranhão há relatos de pais reclamando dos
castigos empregados nos filhos principalmente com o uso da palmatoria em
contrapartida, havia também informações de pais e familiares que apoiavam e
incentivam a pratica de castigos principalmente na educação doméstica:
Para conter o “gênio” das
crianças brasileiras eram instrumentos de trabalho de muitos professores, não
só no interior, mas também na corte, a “palmatória de pão”, a “palmatória de
balêa” o azorrague”, as corrêas, “as cordas”, a “vara de marmeleiro”. Por
vezes, as casas possuíam seus próprios instrumentos de castigos que eram
oferecidos ao professorou preceptor para quando sua utilização fosse necessária,
ficando expostos nas salas onde se davam as lições para depois serem guardados
numa pequena dispensa junto aos aparelhos de tortura dos escravos, formando o
arsenal com que a Casa impunha o seu poder aos seus habitantes. Pais
condescendentes geralmente esperavam do mestre a educação de seus filhos,
entendida também como aplicação de castigos físicos e morais. (VASCONCELOS,
2005, p. 87)
Em
1841 como já citado antes, o regulamento da Casa de Educandos Artífices do
Maranhão permitia o uso de castigos físicos, no caso a palmatoria que no artigo
XXXII do regulamento da instituição fala que a palmatoria devia ser utilizada
de forma moderada, mesmo com o método Lancasteriano. Em 1855 segundo Castro
(2009), a Casa dos Educandos Artífices do Maranhão cria uma cadeira de mecânica
e Artes que, no entanto, possui seu próprio regulamento, e no mesmo os castigos
referentes a palmatoria desaparecem do regulamento da Instituição, segundo
Sousa (2012) há uma hipótese para ter tirado os castigos físicos do regulamento
de 1855, os castigos foram retirados por conta da proibição e por conta dos
problemas gerados pelo uso frequente da palmatoria.
Há
um relato abordado por Castro (2009) em seu trabalho a respeito da Casa de
Educandos Artífices do Maranhão de um aluno que teve a “munheca” quebrada por
um professor e é importante frisar que isso ocorreu em 1857, dois anos após a
instituição proibir o uso da palmatoria como castigo:
Além da prisão, eram comuns os
castigos corporais como a palmatória e cipós, usados contra os alunos menores,
assim como cintas e manguais nos maiores de 15 anos. Esse hábito resultou em
algumas situações de danos físicos, como a que sofreu o educando José Teixeira
de Miranda, que teve “sua munheca quebrada” pelo professor de primeiras letras,
por ter se “negado a esticar ou permanecer com as mãos esticadas para apanhar
bolos” (Apud CASTRO, 2006, p. 237).
O Uso dos Castigos: Casa de
Educandos Artífices do Maranhão
Na província do Maranhão
os castigos pedagógicos assim como nas outras províncias também existiam,
principalmente na Casa de Educandos Artífices do Maranhão criada em 1853 e
localizada na atual capital do Estado. A metodologia de ensino vigente nos
regulamentos da instituição tinha o castigo como pedagogia de ensino, pois acreditavam
que os castigos físicos seria a melhor forma para civilizar.
A instituição de ensino
buscava cumprir a lei mais as pratica dos castigos já estava “impregnada” no
cotidiano das pessoas, como afirma Souza (2012) que a “tensão entre a
legislação e as práticas cotidianas no século XIX revela que preceitos gestados
por uma instância de poder não significam, necessariamente, mudanças cotidianas
e denuncia, também, a forte crença nos castigos físicos como caminho
civilizatório”.
A câmara municipal em 26 de
janeiro de 1830 pediu ao presidente da província que proibisse nas escolas o
uso dos castigos. Tem havido regulamentos da instrucção publica proibindo-os.
Infelizmente é letra morta, porque das próprias aulas publicas parte a
infracção d’elles, salva as devidas excepções. (MARQUES, 1870, p. 137)
Mesmo
após a proibição imposta pela Lei Imperial, a instituição ainda aplicava os
castigos, como já abordado anteriormente, os castigos variavam desde prisões,
palmatoria, cipós, cintas e dentre outros, mesmo com o método de ensino mutuo
ou Lancasteriano. Muitos pais adeptos dessa metodologia, após a proibição dos
castigos como pedagogia de ensino, colocavam seus filhos em escolas
particulares pois lá a lei não era muito fiscalizada.
Outra pratica bastante
utilizada nas aulas de matemáticas naquele período era o método de aplicação da
palmatória onde a professor pedia para os alunos ficarem em círculo, a
atividade era chamada de “argumento” e era praticada os sábados, o professor
pedia a tabuada o aluno que não respondesse certo, sem refletir e nem
pestanejar era punido com um “bolo” de palmatória, em contrapartida o aluno que
saísse vitorioso pegava a palmatoria para ele aplicar um “Bolo” nos colegas:
O aluno
vitorioso tomava a palmatoria, que se achava sobre a mesa, e corria a roda,
castigando com um bolo, ora forte, ora mais suave, conforme a simpatia que os
ligava ou antipatia mútua, os companheiros que não haviam respondido, ou tinham
respondido errado. Resolvido a compensar pelos esforços a injustiça da
natureza, eu me tornei, em breve, um elemento respeitável na tabuada. E era com
verdadeira delicia que, os sábados, no “argumento”, segurava com minha mão
curta e grossa de plebeu, os dedos finos de mocinhas de quatorze ou quinze
anos, afim de lhes aplicar na palma um bolo estalado e seguro, - dos que nós
chamávamos “de pé atrás”-, que às vezes as fazia chorar. (CAMPOS, 1951, p.
204-205)
A partir dessa afirmação percebemos a
severidade na sala de aula, os “relatos apontam seu uso (Palmatória)
indiscriminado por parte de professores que, como mecanismos de controle e
memorização, se valiam de outros alunos para a aplicação dos castigos de classe”.
(SANTOS; OLIVERIA; MACHADAO, 2013)
Para Humberto de Campos (1886-1934)
que esteve inserido no processo de ensino, como relatado na citação acima que,
por ser uma pessoa perspicaz na tabuada tornou-se respeitado além de ganhar o
direito de castigar os colegas, isso nos remete a pensar que por medo de apanhar
de palmatória ele se viu na necessidade de aprender pra ganhar o direito de se
“deliciar” em castigar os colegas, isso
nos leva há um questionamento, será que o método Lancasteriano era aplicado de
outra maneira, por se tratar de uma forma de recompensa que Humberto de Campos
ganhou por seus méritos? Ou era apenas
mais uma atrocidade da pedagogia de ensino vigente no período em questão? São
essas e outras perguntas que nos remete a refletir sobre os castigos
pedagógicos no século XIX.
Castigos Corporais: Prós e Contras
Podemos observar no decorrer das
leituras que existia quem era contra e quem era a favor dessa pedagogia de
castigo, há relatos que observamos no decorre da pesquisa de pais que iam contra
esse ato de castigar os filhos, pois muita das vezes os filhos apareciam com
hematomas e até com a “munheca” quebrada, por isso vários pais eram contra esse
ato de castigo, no entanto havia pais e familiares que apoiava essa pedagogia
de ensino:
O
investimento realizado pelo Estado com o sentido de aboli os castigos físicos
fazia parte do projeto civilizador. Atrás desse, novas relações foram traçadas
entre professores e alunos, mas também entre governo, escola e família,
permeada por tensões e conflitos em sua implantação. O Estado, ao trazer para
si o controle da violência através das leis, confiscou dos sujeitos a plena possibilidade
de arbitrar sobre a resolução de seus conflitos. (VEIGA, 2003, p.11)
Havia professores que passavam
tempos sem aplicar castigos, mais por pressão dos pais e familiares e com
receio de perder o aluno para uma escola particular acabava aplicando o
castigo:
Com
pesar e vergonha confesso que o tenho empregado [o castigo]; não que o julgue
necessário, porque durante seis mezes, neste anno, os golpes de férula não
foram ouvidos nesta escola: mas por causa do preconceito que ainda existe entre
a mór parte dos pais de que só é bom professor aquelle que faz constante uso da
palmatoria, e eu, não querendo ficar desacreditado, vime na dura necessidade de
reempregal-a; e porque nem todas as pessoas sabem dar valor as ideas como
estas, que não sendo novas, para muitos o parecem (Apud DALCIN, 2005, p. 13)
Geralmente os castigos como a
palmatória eram aplicados na aula de matemática onde o professor exigia do
aluno uma eximia memória das operações matemáticas. “A lei foi criada para
regular, porém outros meios são necessários para promover a mudança cultural”.
Porém, em quase todas as províncias existiam pessoas contra a pratica dos
castigos, não só no Maranhão mais praticamente em todas as províncias do país.
Assim, a discussão migra do uso dos castigos nas escolas para o debate sobre em
qual momento é o mais adequado utilizá-lo, levando a refletir sobre a
dificuldade de aceitação por parte do Estado e dos familiares.
Considerações Finais
Observando o panorama geral da educação brasileira,
sobretudo, no que cerne a educação maranhense, percebemos nitidamente que no
universo escolar e nas práticas de muitas instituições de ensino vigentes na
dita província, os castigos físicos permearam, praticamente por todo o século
XIX e início do XX, como forma de ensino e disciplina. Mesmo diante da lei
imposta pelo Império, da qual proibia tais práticas, essa não obteve êxito,
visto que a intuição oitocentista maranhense, a “ Casa dos Educandos e
Artífices do Maranhão” não cumpriu tais ordenamentos, pois a pratica dos
castigos já estava “impregnada” no cotidiano escolar como uma tradição.
O fato é que a educação no Maranhão ou melhor dizendo o
método de ensino, baseava quase que exclusivamente através das punições
físicas. Os professores percebiam que com essas práticas obtinham maior
resultado de aprendizado, mesmo com a proibição as punições perante os
educandos eram severas e causava medo nos mesmo onde, eles se viam obrigados a
cumprir as partes que lhes correspondiam. Em alguns casos os próprios alunos, nas
palavras de Humberto de Campos, se “deliciavam” dessa recompensa em aprender as
operações matemáticas e castigar os colegas.
A casa de Educandos
artífices do Maranhão por muito tempo utilizou essa pedagogia de ensino, a
severidade dessas práticas por muitas vezes não era muito aceita nem por parte
dos pais nem por professores que eram contra, existia também, com já foi
citado, professores e familiares a favor desses castigos pois achavam que a
punição deveria ser imposta como recurso de aprendizagem.
Percebe-se então que no decorrer da história da educação
vários métodos de ensino foram utilizados como o método lancasteriano que
substituía os castigos físicos pelos de cunho moral, e como maneira de
estimular a aprendizagem recorriam a concursos permanentes entre os alunos, com
a distribuição de prêmios para os que melhor se sobressaísse, esses prêmios
poderiam ser medalhas, roupas e outros objetos e certificados, no entanto o que
mais prevaleceu no século XIX foi a pedagogia dos castigos corporais, para
tanto “as escolas de ensino primário tinham antes o aspecto de casas
penitenciárias do que de casas de educação”. (FLORSTA, 1989, p. 57-58). A
pedagogia de ensino do século XIX faz jus ao ditado popular dito nos dias atuais
“escreveu não leu, o pau comeu”.
Referências:
ARAGÃO, Milena. Castigos escolares oitocentistas: alinhavando
discursos, legislações e práticas. Rio de Janeiro, 2012. Disponível
em: https://scholar.google.com.br/scholar. Acesso em: 01
de maio de 2018.
ARAGÃO, Milena. Práticas de castigos
escolares: enlaces históricos entre normas e cotidiano. Disponível em: https://scholar.google.com.br/scholar? Acesso em: 17 de abril de 2018.
MARQUES, Augusto César. Dicionário Histórico e geográfico da província do Maranhão.
Tipografia do Farias: Maranhão, 1870.
SANTOS, João Marcos Vitorino; OLIVEIRA,
Luiz Antônio de; MACHADO, Maria Cristina Gomes. As marcas do erro:
Vestígios das práticas de castigos na instrução do século XIX – Uma analise a
partir do pensamento do barão de Macaúba. PUC Paraná: Curitiba, 2013.
SILVA, Diana Rocha da; SOUZA, Mateus de
Araújo; SANTOS, Jarina Serra. Os oficiais da instrução pública maranhense
como fonte para a História da Educação (1893-1894). Bibliomar: São Luís,
2017 Disponível em: http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/bibliomar/article/view/6615.
Acesso em: 20 de abril de 2018.
Boa noite, por favor destaque a questão dos castigos corporais.
ResponderExcluirAndreia Rodrigues de Andrade.
Parabéns pelo trabalho! Muito importante abordar sobre os métodos que eram utilizados no ensino. Existia outras escolas que utilizavam os castigos? Em sua pesquisa pode-se identificar como os alunos se sentiam diante desses castigos?
ResponderExcluirAtt. Emmanuele Vale Silva-UEMA-Campos Caxias
Temática interessante de seu trabalho, parabéns!!!! Essa educação tendo como referência o uso dos castigos físicos, mesmo com sua proibição, continuou sendo utilizado ate recentemente no Maranhão, principalmente na zona rual.
ResponderExcluirFrancildo de Andrade Silva / Prefeitura Municipal de Codó
Morgana Carvalho que temática instigante, parabéns pela abordagem do tema e pela utilização das fontes no seu trabalho. Durante suas pesquisas você identificou concepções teóricas ou científicas que justificassem esses castigos? No livro Vigiar e Punir do Michel Foucault algumas questões relacionadas aos castigos e a própria escola enquanto um ambiente de "prisão " nos remete a historicidade da sua abordagem. Você poderia mencionar os teóricos que ajudaram a pensar essa temática?
ResponderExcluirObrigada pela contribuição.
Comentado por: Michelle Araújo Dias
Amei seu trabalho. Faço pesquisas sobre o século XVIII mas em outra perspectiva histórica e particularmente amo esse século. Sobre as formas de punição e castigos para os alunos achei bem interessante quando você aborda que era desejo dos pais que os filhos passassem por isso tal que optavam por escolas particulares quando este ato passou a ser proibido: "Havia professores que passavam tempos sem aplicar castigos, mais por pressão dos pais e familiares e com receio de perder o aluno para uma escola particular acabava aplicando o castigo".
ResponderExcluirHavia alguma explicação dos pais que justificasse tal prática?
Alessandra Cristina Costa Monteiro
Interessante seu trabalho, parabéns! Recentemente tive a oportunidade de ler uma pesquisa sobre o pensamento do filósofo Foucault sobre as escolas. Para ele são aquelas instituições que retiram os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam. Então percebemos que hoje a escola já não há os castigos físicos, mas há uma forma de poder que assujeita os indivíduos conforme as normas da sociedade dominante.
ResponderExcluirAtt: Natália Regina Costa Monteiro
Compartilho com a ideia de Veiga Neto para o qual "a escola encarregou‐se de operar as individualizações disciplinares, engendrando novas subjetividades e, com isso, cumpriu um papel decisivo na constituição da sociedade moderna. A escola ‘foi sendo concebida e montada como a grande – e (mais recentemente) a mais ampla e universal – máquina capaz de fazer, dos corpos, o objeto do poder disciplinar; e assim, torná‐los dóceis’; além do mais, a escola é, depois da família (mas, muitas vezes, antes dessa), a instituição de sequestro pela qual todos passam (ou deveriam passar...) o maior tempo de suas vidas, no período da infância e da juventude". Que interessante gente, esta sociedade moderna já não faz uso das punições físicas, por outro lado, ao estabelecer regras de comportamento, um curriculo escolar previamente estabelecido, etc, também está impondo sua dominação sobre os sujeitos.
ResponderExcluirAlessandra Cristina Costa Monteiro
Morgana Jaiara, parabéns pela abordagem!
ResponderExcluirSua temática é realmente muito interessante, principalmente para quem gosta de estudar História da Educação. Gostei do desenvolvimento de sua pesquisa e de como mostra esses castigos já no início da formação do país.
Penso que seria interessante também, buscar saber até quando ainda é possível encontrar resquícios deste modelo educacional. Mais uma vez, a parabenizo.
Att: Theresa Crystina Vieira Sousa (UEMA-Caxias ) 61204406316
Interessante o trabalho. Parabéns!
ResponderExcluirLendo Assim, a gente pensa que é algo distante. Mas me remeteu a prática da palmatória, que eu tbm cheguei a vivenciar. Embora ñ se comparem tanto a outros castigos mais pesados, digamos, o fato de se usar a palmatória em pleno início dos anos 2000, como eu tive experiências, expõe mais ainda que algumas práticas de educar, ou docilizar os corpos, ainda estão muito presentes em nossa realidade.
Rafael Souza Ferreira (UFPA)
Olá Morgana Carvalho, boa tarde! Parabéns pelo trabalho, muito significante. No entanto, gostaria de ter visto mais sobre outros castigos além do uso da palmatória. Os castigos pedagógicos no Maranhão eram bem semelhantes com os praticados aqui no Piauí, sendo assim, além da palmatória existiram outros castigos (como ajoelhar-se no milho, por exemplo)?
ResponderExcluirIsaildo de Carvalho Veloso - UFPI
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMorgana, parabepa pelo trabalho!
ResponderExcluirEm seu texto você destaca que :
"os castigos físicos permearam, praticamente por todo o século XIX e início do XX, como forma de ensino e disciplina".
Sabemos que o historiador precisa evitar anacronismos, portanto você enquanto historiadora conseguiria ler essas práticas de castigo como uma forma de opressão?
Ou o termo opressão não se enquadra nestes caso?
Marcos de Araújo Oliveira - UPE
Boa noite!
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho, é prazeroso saber que com o tempo as práticas pedagógicas também mudaram, mesmo a palmatória sendo um modo de fazer com que os alunos memorizassem o que era repassado a eles por meio das violências, vê-se que os danos também eram absurdos.
Ana Carolina Gomes Cunha-UFMA