Pular para o conteúdo principal

AMAZÔNIA ORIENTAL BRASILEIRA: HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA


Lucilvana Ferreira Barros
Professora do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará/UNIFESSPA. Doutoranda em História Social da Amazônia- PPHist-UFPA.

Roberg Januário dos Santos
Professor do curso de História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará/UNIFESSPA. Doutorando em História Social da Amazônia- PPHist-UFPA.

Resumo: Este texto objetiva debater sobre a história e a historiografia do espaço regional Amazônia oriental brasileira. Justifica-se este estudo considerando que esse espaço regional ainda se encontra em fase de definição histórico e geográfica, dada sua condição de fronteira, pois, situa-se na confluência de três Estados, a saber: Pará, Tocantins e Maranhão. O trabalho realiza um levantamento da utilização do recorte regional em títulos de trabalhos acadêmicos em nível de mestrado, doutorado e produções de pesquisadores permitindo aventar que o espaço regional Amazônia oriental se encontra em permanente processo de associação a exames sociais, culturais, econômicos e ambientais, um recorte aberto para configurações e pesquisas. Constata-se a formação de um conjunto de referências acadêmicas sobre a região advindas de várias áreas do conhecimento, especialmente das ciências humanas que configuram uma Amazônia oriental de modo mais especifica, circunscrevendo-a mais ao sul paraense em ligação com a fronteira dos Estados do Tocantins e Maranhão, portanto, diferente da delimitação governamental que abarca praticamente os estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

Palavras-chave: Amazônia oriental. Pará. Historiografia.

Introdução

Este texto objetiva debater sobre a história e a historiografia do espaço regional Amazônia oriental brasileira. Justifica-se este estudo considerando que esse espaço regional ainda se encontra em fase de definição histórico e geográfica, dada sua condição de fronteira, pois, situa-se na confluência de três Estados, a saber: Pará, Tocantins e Maranhão. É importante, antes de mais nada, a compreensão da ideia de região, pois, ajudará no entendimento deste texto. Para Pierre Bourdieu a região representa a força de quem a define e revela ser um ato de conhecimento, a qual estaria firmada em um poder simbólico, notadamente no reconhecimento de sua existência. Bourdieu sustenta que a região nada tem de natural, pois, é fruto de lutas no campo de delimitação dela própria. Para Albuquerque Júnior (2011, p. 37):

A região não é uma unidade que contém uma diversidade, mas é produto de uma operação de homogeneização, que se dá na luta com as forças que dominam outros espaços regionais, por isso ela é aberta, móvel e atravessada por diferentes relações de poder”.

Além do mais, para Stein e Olinto (2010, p.71), a categoria região “[...] foi e é empregada como instrumento de legitimação de grupos e de suas reivindicações. Especialmente como ferramenta na elaboração de projetos políticos, econômicos e na construção de identidades coletivas”. Para este texto, chama-se a atenção do leitor para a compreensão da Amazônia oriental brasileira a partir do âmbito das produções acadêmicas, ou seja, a proposta aqui é mapear certa historiografia que contribuiu para a produção da ideia de região atrelada ao espaço acima citado. Historiografia aqui no sentido amplo, uma escrita da história da região realizada não só no campo da História, mas de outras áreas correlatas.
No âmbito da Geografia, podemos rastrear o debate sobre a região amazônica a partir do estudo de Saint-Clair Cordeiro Trindade Júnior, quando examinou a Amazônia no pensamento geográfico brasileiro a partir das produções acadêmicas da chamada Escola Uspiana de Geografia (EUG) da Universidade de São Paulo, já citada neste texto. O autor elenca três grandes momentos de produção mais destacados, a saber: primeiro, entre as décadas de 1960 e 1970, a Amazônia foi estudada por categorias como paisagem, espaço e região, uma mescla entre natureza e condicionantes históricos, uma percepção de integração entre o homem e a natureza. Ainda neste primeiro momento, registram-se os trabalhos sobre a Amazônia na perspectiva da Geografia Humana. Segundo, a partir de 1980, com base na Geografia Crítica, a Amazônia foi estudada a partir dos novos eixos de circulação, da estrutura capitalista na região, do planejamento estatal e as políticas desenvolvimentistas, dos grandes projetos agropecuários e minerador, visto o contexto em que o regime militar ditatorial desenvolveu várias ações na região dentro da ideia de segurança nacional e integração da região ao território brasileiro. Terceiro, na segunda metade da década de 1990, com a intensificação interdisciplinar na EUG, a Amazônia foi debatida a partir do diálogo com a Sociologia, Economia, Ciência Política, Arquitetura, entre outras áreas de conhecimento. Vários trabalhos da Escola Uspiana de Geografia (EUG) se debruçaram sobre o Sul e Sudeste paraense.
De modo semelhante ao Nordeste, a Amazônia possui histórico de discussões a seu respeito, considerando sua natureza e hidrografia como vetores destacados da ideia de região natural. Outro campo de estudos regionais amazônicos recai sobre a ideia de região produzida a partir da intervenção estatal e do capital, pois, considera-se que desde o plano de defesa econômica da borracha, de 1912, até a criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPEVEA), em 1953, e da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), em 1966, a região teria sido fundada e refundada a partir das intervenções estatais e das adequações de sua posição na discussão econômica sobre subdesenvolvimento e desenvolvimento. Por exemplo, o conceito de Amazônia Legal reinventa a região geograficamente, compreendendo “os Estados do Pará e do Amazonas, pelos territórios federais do Acre, Amapá, Guaporé e Rio Branco, e ainda, a parte do Estado de Mato Grosso a norte do paralelo 16º, a do Estado de Goiás a norte do paralelo 13º e do Maranhão a oeste do meridiano de 44º” (LEI Nº 1.806 DE 06.01.1953). Ainda no que tange a formatação da região amazônica pelos critérios de intervenção estatal, deve-se lembrar das subdivisões denominadas Amazônia Ocidental e Amazônia Oriental. Conforme o Decreto-lei Nº 356 DE 15.08.1968, “Art. 1º § 1 A Amazônia Ocidental é constituída pela área abrangida pelos Estados do Amazonas e Acre e os territórios federais de Rondônia e Roraima”. Logo, os Estados que passaram a compor a Amazônia Oriental[1] foram: Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

Desenvolvimento

Em relação ao conceito de Amazônia Oriental brasileira, pode-se observar que vários estudos, de diferentes áreas do conhecimento, desenvolvidos por pesquisadores diversos, com variadas teorias e metodologias seguem utilizando o conceito operando delimitações regionais na grande área amazônica citada acima e composta por cinco Estados, especialmente o Pará. Em 1972, o antropólogo Otavio Guilherme Cardoso Alves Velho publicava sua dissertação de mestrado defendida na Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, sob o título Frentes de Expansão e Estrutura Agrária, tomando como recorte espacial a Amazônia Oriental brasileira, citada pelo autor como um dos espaços de suas viagens de campo. O trabalho analisou o inter-relacionamento entre frentes diversas de ocupação, bem como o estudo da frente de expansão agropecuária em uma região, segundo Velho, pouco conhecida e visibilizada no cenário nacional à época, especialmente a “microrregião de Marabá, constituída dos municípios paraenses de Tucuruí, Itupiranga, Jacundá, Marabá e São João do Araguaia” (VELHO, 2009, p.10). O recorte Amazônia Oriental é citado na obra, mas ainda dividia a posição de recorte regional com outros referenciais, como área da Transamazônica e o Sul do Pará.
Se observarmos pelo filtro de publicações em periódicos, consultando o principal portal de acesso à periódicos no Brasil, o Portal de Periódicos da CAPES[2], entre 1980 e 1999[3], nota-se uma tendência de registro da utilização do conceito de Amazônia Oriental brasileira, enquanto delimitação regional, a partir da transição da década de 1980 para a década de 1990. Pode-se perceber menções a esse recorte regional e sua presença em alguns títulos de trabalhos, a exemplo do artigo Efeito do desmatamento e do cultivo sobre as características físicas e químicas do solo sob floresta natural na Amazônia oriental[4], publicado em 1990, pela Revista IG, por uma equipe de pesquisadores do projeto Amazônia I, estudando o desmatamento e o cultivo nas proximidades do nordeste paraense, munícipio de Capitão Poço - PA.
Também em 1990 registra-se o artigo da professora do curso de Geografia da USP, Regina Sader, que publicava pela revista Tempo Social, em 1990, o trabalho intitulado Lutas e Imaginário Camponês[5], estudando o imaginário do campesinato da fronteira agrícola da Amazônia Oriental brasileira. A autora tinha defendido sua tese de doutorado em 1987, na USP, estudando praticamente a mesma região, a tese intitulada Espaço e luta no Bico do Papagaio[6]. No artigo de 1990, o recorte regional Amazônia Oriental brasileira aparecia em destaque na apresentação do mesmo. Ainda em relação aos trabalhos da professora Regina Sader, é importante mencionar que a operacionalização do conceito de Amazônia Oriental brasileira se aproximava de um território entre os Estados do Maranhão e Sul do Pará, visto suas discussões que perpassavam a Guerrilha do Araguaia[7] na região paraense.  A partir desta situação, aventamos que esta produção ao lado de outras formataram um campo de estudos que convergiram para o Sul e Sudeste paraense enquanto região da Amazônia Oriental brasileira. Dentro da grande espacialidade formada por cerca de cinco Estados, foi sendo delineada uma Amazônia Oriental sul paraense. Esta delimitação não incorre em nenhum problema, visto que a configuração de uma região, conforme Barros (2013, p.178), “[....] é construída dentro das coordenadas de uma determinada pesquisa ou de certa análise sociológica ou historiográfica”. Assim, ao longo do tempo, O espaço do Sudeste paraense tem sido examinado por alguns estudos que o considera como Amazônia oriental, que de brasileira passa a ser entendida quase como paraense em conexão com o Tocantins e o Maranhão.
Em 1990 a geógrafa Bertha Koifmann Becker publicava o livro intitulado Amazônia, um dos seus primeiros livros sobre o espaço que ocuparia boa parte da sua produção intelectual. Nesta obra, Becker define, de maneira mais precisa, o que veio a ser configurar como Amazônia Oriental brasileira, quando ao discutir sobre o fracionamento do espaço e a formação de novas regiões na Amazônia, elenca que:

Situada estrategicamente no contato entre os centros dinâmicos do Centro-Sul e a bacia de mão de obra do Nordeste, a Amazônia Oriental foi a primeira a ser povoada na expansão recente da fronteira, tendo como eixo de penetração a rodovia Belém-Brasília. Compreende hoje o Leste e o Sul do Estado do Pará, o norte de Goiás e o Oeste do Maranhão.

Segundo Becker, cinco tipos de apropriação territorial fragmentam a Amazônia Oriental, em resumo : primeiro, a apropriação induzida pelo Estado, criando certa infraestrutura, como rodovias e concedendo créditos para pecuaristas; segundo, apropriação subsidiada por incentivos fiscais para empresas do agronegócio pertencentes a grupos monopolizadores de capital; terceiro, apropriação conduzida pela rota da rodovia Transamazônica, com a presença de colonos e produção agrícola; quarto, apropriação tradicional em vias de desaparecimento, caracterizada pela ocupação por posseiros; quinto, território de grandes projetos minerais, com destaque para o “Programa Grande Carajás”.
Algumas produções no âmbito da Amazônia têm contribuído para delimitar a Amazônia Oriental brasileira/paraense, a saber: primeiro, considerando o Núcleo de Altos Estudos Amazônicos (NAEA), uma das unidades acadêmicas da Universidade Federal do Pará (UFPA), como um dos centros de excelência da produção do conhecimento amazônico, observamos que entre 1981 e 2008 (Catálogo de teses e dissertações do NAEA ), a primeira dissertação de mestrado defendida no Programa que continha no título a delimitação Amazônia Oriental brasileira relacionada ao sudeste paraense, intitula-se Frentes pioneiras e campesinato na Amazônia Oriental Brasileira, defendida por Fábio Carlos da Silva, em 1982, e a segunda dissertação que expressamente utilizou a definição regional em tela foi intitulada Sídero-metalurgia na Amazônia Oriental Brasileira, defendida em 1996 por Maurílio de Abreu Monteiro. A primeira tese de doutorado que utilizou a expressão regional Amazônia Oriental brasileira no título foi o trabalho Crise ecológica e mudança técnica da agricultura camponesa de derruba e queima da Amazônia oriental, defendida em 2005 por Antônio Carlos Reis Freitas. Registra-se que até o ano de 2008, o apontamento do uso desta delimitação da região ainda é modesto.
Ainda na Universidade Federal do Pará[8], desta feita, no Programa de Pós-Graduação em História, localizamos a dissertação de mestrado intitulada Nas Correntezas e Contra-Correntezas do Rio Carapuru: memória e história em comunidades tradicionais na Amazônia oriental (1912-1950), defendida em 2012 por Raimundo Franciel Paz. Observa-se neste caso que a Amazônia Oriental delimita um recorte fora do recorte do Sudeste paraense, pois, a referida dissertação de mestrado analisa o processo de formação e desenvolvimento de povoados ao longo do curso do rio Caraparu, entre 1912 a 1950, localizados ao sul do atual Município de Santa Izabel do Pará.
Segundo, também se nota as produções do grupo de pesquisa “Culturas, identidades e dinâmicas sociais na Amazônia oriental brasileira” (CNPq/Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará - Unifesspa), com destaque para os livros Culturas e dinâmicas sociais na Amazônia Oriental brasileira (2017) e “Mulheres em Perspectiva: trajetórias, saberes, resistências na Amazônia Oriental” (2017).

Considerações finais:

Por fim, este levantamento da utilização do recorte regional em títulos de trabalhos acadêmicos em nível de mestrado, doutorado e produções de pesquisadores permite aventar que o espaço regional Amazônia Oriental se encontra em permanente processo de associação a exames sociais, culturais, econômicos e ambientais, um recorte aberto para configurações e pesquisas. Além de uma delimitação estatal ampla, constata-se a formação de um conjunto de referências acadêmicas sobre a região advindas de várias áreas do conhecimento, especialmente das ciências humanas que configuram uma Amazônia oriental de modo mais especifica, circunscrevendo-a mais ao sul paraense em ligação com a fronteira dos Estados do Tocantins e Maranhão, portanto, diferente da delimitação governamental que abarca praticamente os estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso.

Referências:

ALBUQUERQUE JUNIOR, Durval Muniz de. A Invenção do Nordeste e Outras Artes. 5ª ed. Recife: FJN; Ed. Massangana; São Paulo: Cortez, 2011.

BARROS, José D’Assunção. O lugar da história local. In: A Expansão da História. Petrópolis, RJ: Ed. Vozes, 2013.
BECKER, Bertha. Amazônia. São Paulo: Editora Ática, 1997.

Catálogo de teses e dissertações do Núcleo de Altos Estudos Amazônicos – NAEA / Ana da Silva Santos; Valdenira Maria de Jesus Moreira; Vivyanne Ribeiro das Mercês, Organizadoras. – 2. ed. ampl. e rev. –Belém: NAEA, 2008.

SADER, Regina. Lutas e Imaginário Camponês. Tempo Social, USP, São Paulo, 1 sem. 1990.

HAESBAERT, Rogério. Regional – Global: dilemas da região e da regionalização na Geografia Contemporânea. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2010.

PENA, Maura. O Que Faz Ser Nordestino: identidades sociais, interesses e o “escândalo” Erudina. São Paulo: Cortez Editora,1992.

PEREIRA, Airton dos Reis; H. P. ANJOS;  I.S.SILVA;  N. B. RIBEIRO (Orgs.). Culturas e dinâmicas sociais na Amazônia Oriental brasileira. Belém: Editora Paka-Tatu, 2017.

SILVA, Idelma Santiago da; Ailce Margarida Negreiros Alves; Airton dos Reis Pereira; Hiran de Moura Possas; Jerônimo da Silva e Silva. (Org.). Mulheres em perspectiva: trajetórias, saberes e resistências na Amazônia Oriental. 1ed.Belém: Paka-Tatu, 2017.

STEIN, Marcos Nestor; OLINTO, Beatriz Anselmo. Região: discurso e identidade. In: SALES, Jean Rodrigues; FREITAG, Liliane; FILHO, Milton Stanczyk. (org.) Região: espaço, linguagem e poder. São Paulo: Alameda, 2010.

VELHO, Otávio Guilherme. Frente de expansão e estrutura agrária: estudo do processo de penetração numa área da Transamazônia [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2009.

TRINDADE JR, Saint-Clair Cordeiro. Uma Região em questão: A Amazônia nas lentes da Escola Uspiana de Geografia. In: COSTA, Jodival Maurício da. Amazônia: olhares sobre o território e a região. Rio de Janeiro: Autografia; Amapá, AP: UNIFAP, 2017.





[1] Uma referência ao recorte regional da Amazônia Oriental pode ligar-se a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A Embrapa Amazônia Oriental originou-se do Instituto Agronômico do Norte (IAN), fundado em 1939. O IAN foi transformado no Instituto de Pesquisa e Experimentação Agropecuária do Norte (IPEAN), em 1962. Com a criação da Embrapa, em 1973, passou a ser denominar Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Úmido (CPATU), em 1976 e, posteriormente, Centro de Pesquisa Agroflorestal da Amazônia Oriental, atualmente denominada Embrapa Amazônia Oriental.
[2] Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), fundação do Ministério da Educação (MEC).
[3] Após os anos 2000 o recorte espacial Amazônia Oriental brasileira passou a ser utilizado com mais frequência em títulos de periódicos de várias áreas do conhecimento.
[4] Disponível em: http://www.igeologico.sp.gov.br/downloads/revista_ig/v8-11n1a03.pdf
[5] Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ts/v2n1/0103-2070-ts-02-01-0115.pdf
[6] A região do Bico do Papagaio é um território entre os estados do Tocantins, Maranhão e Pará.
[7] Conflito ocorrido na Amazônia, entre 1972 e 1974, envolvendo membros do Partido Comunista do Brasil, grupos amazônicos (índios, camponeses, entre outras) e as forças armadas da ditadura militar.
[8] Em 2006 o Campus de Altamira, Universidade Federal do Pará, promoveu o I Seminário de História da Transamazônica/Xingu, sendo fruto deste evento o livro História do Xingu: fronteiras, Espaços e Territorialidades, publicado em 2008, uma coletânea de textos escritos por professores e pesquisadores de várias Instituições do Norte do país, como a própria UFPA, Universidade Federal do Amapá, Federal do Maranhão, entre outras. Com um recorte cronológico entre os séculos XVII e XXI, a coletânea demonstra um esforço por compreender uma certa espacialidade da grande Amazônia, notadamente o que os organizadores chamaram de região do Xingu, o que marca uma outra percepção do espaço entre os rios Xingu e Araguaia, revelando o que Rogério Haesbaert (2010) (considera como a “diversidade de situações e de propostas conceituais de região, especialmente nas últimas décadas [...]”.


Comentários

  1. BOM DIA . muito bom o trabalho, abrange várias áreas e aspectos para o estudo da Amazônia, onde a muito a ser pesquisado e é boa base de informação pra quem quer começar sua pesquisas.JEFFERSON RICARDO ALVES DE SOUSA-UFPI

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, Jefferson Ricardo. A ideia do texto foi justamente apresentar um painel acerca da historiografia sobre a Amazônia oriental brasileira.
      Roberg Januário dos Santos
      Lucilvana Ferreira Barros

      Excluir
  2. Olá meus caros Lucilvana Ferreira e Roberg Januário, em nome da organização do Simpósio Nacional agradeço a participação vocês, em especial no nosso ST. Fiquei muito feliz em ler o texto de vocês pois tenho me interessado pelas discussões que envolvem as regiões de sertão no Brasil, e a região norte durante muito tempo foi conceituada como sertão. Para além disso, me chamou bastante atenção o exercício intelectual de vocês em fazer um levantamento de uma produção historiográfica para compreender como essa região da Amazônia oriental estava sendo demarcada e representada discursivamente. Há uma tese que tem me instigado bastante sobre a temática é a do professor Rômulo, da Casa Oswaldo Cruz, FioCruz. A tese dele tem como título: A Amazônia na Era do desenvolvimento: saúde, alimentação e meio ambiente. (1946-1966). Não se pode colaborar com o debate de vocês e nem se esse é o tema de suas pesquisas. Outro aspecto que me chamou bastante a atenção é exatamente a ideia de o conceito de região ser inventado e como a historiografia pode contribuir pra isso. O nordeste passou (e passa) por um processo muito parecido. Há uma invenção dessas regiões que servem para justificar ações a priori como políticas desenvolvimentistas, ações de integração nacional, entre outras. Por fim, gostaria de dizer que o trabalho me chamou ainda mais atenção por ser um paraense que foi radicado no Piauí. Parabenizo e agradeço novamente vossa participação em nosso Simpósio.

    Jônatas Lincoln Rocha Franco (PPGHB-UFPI)

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Olá, caro Jônatas Lincoln,
      Agradecemos vossa participação. As regiões podem ser construídas por diversas matrizes e a nossa escolha de trabalho foi justamente estudar a contribuição de estudos acadêmicos para a configuração da área de interesse regional justamente para esse conjunto de estudos. Esse espaço regional desde a década de 1970 tem ganhado importância na cena nacional, visto a visibilidade sobre a serra mineral de carajás, o garimpo de serra pelada, a construção da hidroeléctrica de Tucuruí, a tentativa de criação do estado do Carajás, etc., um território em disputa... no qual consideramos importante compreender sua regionalização por meio de trabalhos acadêmicos.
      Att,
      Roberg J. dos Santos
      Lucilvana Ferreira Barros

      Excluir
  3. No que tange as discussões acerca da Amazônia, percebe-se que a mesma é ainda um tanto desconhecida, sobretudo com as poucas produções acadêmicas que nos são disponibilizadas. Este trabalho só vem a somar no campo da historiografia da Amazônia brasileira levando em consideração suas especificidades regionais, culturais e sociais , visto que, a exploração acadêmica neste sentido ainda é um tanto limitada. Parabéns pelo trabalho e pelas discussões pertinentes neste contexto de construção historiográfica.
    Vânia Maria Carvalho de Sousa

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Prezada Vânia Maria ,
      Agradecemos vossa participação. Acreditamos na possibilidade do nosso texto contribuir para a reflexão acerca dessa região (amazônia oriental) da grande Amazônia brasileira e transnacional. Em vários casos, nota-se certa homogeneização do trato com a Amazônia, como se fosse - atualmente - um único bloco regional. É necessário estudá-la também através das micro-regiões ou regiões que a constitui.
      Att,
      Roberg Santos
      Lucilvana Barros

      Excluir
  4. Olá, caro Jônatas Lincoln,
    Agradecemos vossa participação. As regiões podem ser construídas por diversas matrizes e a nossa escolha de trabalho foi justamente estudar a contribuição de estudos acadêmicos para a configuração da área de interesse regional justamente para esse conjunto de estudos. Esse espaço regional desde a década de 1970 tem ganhado importância na cena nacional, visto a visibilidade sobre a serra mineral de carajás, o garimpo de serra pelada, a construção da hidroeléctrica de Tucuruí, a tentativa de criação do estado do Carajás, etc., um território em disputa... no qual consideramos importante compreender sua regionalização por meio de trabalhos acadêmicos.
    Att,
    Roberg J. dos Santos
    Lucilvana Ferreira Barros

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Grato pela resposta. Lendo esse teu comentário me surgiu a curiosidade de perguntar como essa região lidou com as políticas de integração nacional, especialmente durante a ditadura militar? Tenho me debruçado sobre isso, em especial no que se trata da construção de um imaginário desenvolvimentista nesse recorte (1960-1970), e como essas regiões (Norte e Nordeste) destacadamente, foram alvos dessas políticas desenvolvimentistas com caráter de integração nacional

      Excluir
    2. Olá Lincoln, agradecemos pelo diálogo. Essa região da Amazônia oriental brasileira foi alvo durante as décadas 1970/80 de uma série de ações que visavam a chamada integração Nacional, quando lemas como " terras sem homens para homens sem terra" foram usados para provocar uma maior ocupação da região. Na verdade, lemas voltados para a produção de um imaginário de um espaço vazio, algo fora da realidade do lugar, pois esta mesma região já era habitada a muito tempo por diversas etnias indígenas. Esse imaginário esteve na órbita de antigas leituras feitas sobre a Amazônia, como as ideia de terra sem história ou à margem da História, como elencou o escritor Euclides da Cunha. Especialmente a Amazônia Oriental, na confluência entre o Pará, Goiás e Maranhão, vivenciou momentos de forte relação com a conjuntura Nacional, a exemplo da Guerrilha do Araguaia e o processo migratório da fronteira interna da Amazônia. Fruto de todo esse processo, nota-se problemas recorrentes na região à época, como ocupações desordenadas, concentração latifundiária, conflitos de terra, entre outros.
      Att,
      Lucilvana Ferreira Barros
      Roberg Januário dos Santos

      Excluir
  5. Olá boa noite, Parabéns pelo trabalho desenvolvido é de grande relevância para a historiografia trazendo pontos por muitos desconhecidos onde trata das cinco apropriações que são citadas no desenvolver do texto. Conheço pouco sobre os desmatamentos dentro da nossa Amazônia mais este trabalho me abriu os olhos para a grande importância que ela tem e sempre teve.

    Ana Carolina Gomes Cunha-UFMA

    ResponderExcluir
  6. Boa noite. Um otimo trabalho, a Amazônia mesmo tendo muito a ser pesquisado você nos mostrou uma Amazônia regional que eu não tinha pesquisado ainda, tipo quando penso nela so me vem na cabeça as imensas florestas ricas na fauna e na flora. Parabéns uma otima pesquisa.

    ResponderExcluir
  7. PATRICIA DA SILVA AZEVEDO2 de agosto de 2019 às 03:45

    Bom dia, passando para parabenizar pelo trabalho. De forma clara e bem estruturada vocês fizeram um levantamento historiográfico bem relevante e necessário. Gostaria de saber se vocês pretendem continuar com a pesquisa, e nesse sentido, minha pergunta seria sobre essa relação que vocês pontuam inicialmente do nacional com o regional, me parece, que existem dois caminhos que se cruzam, a questão regional dentro da organização cultural "local" e o interesse nacional na mesma região. Como vocês pretendem abordar? Pelo viés do nacional sobre a região ou como ela própria, através de suas políticas, se organiza. Esperam que entenda, acho que me fiz confusa rs. Ótimo trabalho de vocês!

    Patrícia da Silva Azevedo (PPGH-UFRN)

    ResponderExcluir
  8. Caro, caso tenha maior interesse sobre a história da região, sugerimos a leitura da Coletânea que publicamos:

    https://www.editoracrv.com.br/produtos/detalhes/33688-amazonia-oriental-brasileirabr-historia-migracao-e-regiao

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tenho bastante interesse. Manteremos contato. Um abraço e obrigado pela participação em nosso evento.

      Excluir
  9. Prezada Ana Carolina Gomes, agradecemos a sua participação, nossa proposta é trazer para o debate e conhecimento esta parte do território ainda pouco estudada. Sugerimos para maiores leituras sobre a Amazônia Oriental Brasileira a coletânea que lançamos recentemente: Amazônia Oriental Brasileira: história história, migração e região. Editora CRV, 2019.
    Atenciosamente,
    Lucilvana Ferreira Barros
    Roberg Januário dos Santos

    ResponderExcluir
  10. Lembro de uma Resposta que Cristovam Buarque de aos EUA. disse que a Amazonias poderia ser Internacionalizad- " eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural Amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito, um milionário japonês,decidiu enterrar com ele, um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado. " Por Maria Candida de Jesus Pereira

    ResponderExcluir
  11. Parabéns pelo trabalho! As discussões referentes a Amazônia ainda são poucas e as produções acadêmicas disponibilizadas para o acesso público são incipientes. Neste sentido, ressalto que o trabalho de vocês traz relevantes informações para o campo da História e Historiografia, é necessário ter conhecimento sobre a Amazônia brasileira, o trabalho traz uma compreensão da ideia de região, isso contribui para o entendimento da discussão realizada no texto. É essencial que tenhamos a apreensão do significada da força representativa que a região exerce, pois é ela que define o sentimento de pertencimento do sujeito. E vocês conseguiram abordar muito bem essa temática.

    Nazaré do Socorro Bitencourt Viegas.

    ResponderExcluir
  12. Discorrer a respeito da história e da historiografia do espaço Amazônia oriental brasileiro. É um desafio que se justifica pelo desejo de conhecer mais sobre esse espaço territorial e regional que ainda é um pouco desconhecido. Este trabalho vem somar com a história e a historiografia da região amazônica que é um espaço regional que ainda se encontra em fase de definição histórico e geográfica, dada sua condição de fronteiriça, haja vista que, está situada na confluência de três Estados, a saber: Pará, Tocantins e Maranhão.

    Nazaré do Socorro Bitencourt Viegas.

    ResponderExcluir
  13. Cara Patrícia, boa noite, obrigado pela participação. Este texto é fruto de projetos de pesquisas já realizados, resultado das leituras sobre a região. Assim, o texto surgiu como parte dos resultados dos projetos. As pesquisas que temos realizado tem buscado investigar as especialidades da história regional e local e suas interconexões com o nacional e o global.

    ResponderExcluir
  14. Achei interessante, o levantamento dos trabalhos acadêmicos em nível de mestrado, doutorado e produções de pesquisadores realizado no trabalho, isso permitiu compreender que o espaço regional Amazônia oriental está em permanente processo de transformação e associações sociais, culturais, econômicos e ambientais. Essas transformações vêm impulsionadas pelas mudanças que são processadas no país do centro capitalista governamental que traz como consequência resultados dos ajustes derivados das crises sistêmicas vividas em nosso país. A importância em se fazer uma discussão sobre esses resultados é necessária para todos os envolvidos nessa dinâmica.

    Nazaré do Socorro Bitencourt Viegas.

    ResponderExcluir
  15. Obrigado pela leitura Nazaré do Socorro. Pensar a emergência da região é refletir acerca das formas pelas quais um dado espaço passa a ser um objeto de saber e poder. Em nosso texto, ao estudar as produções acadêmicas, realizamos a leitura dessa emergência regional por via dos saberes acadêmicos, pois a construção de um recorte regional possui diversas matrizes, inclusive a intelectual.
    Att,
    Roberg Januário dos Santos
    Lucilvana Ferreira Barros

    ResponderExcluir
  16. Cara Nazaré Viegas, obrigado pela participação. A História da Amazônia Oriental ainda é, de fato, uma área pouco explorada no campo historiográfico, destarte a importância de pesquisas que possam contemplar a História desta região. Como sugestão de leitura indico a coletânea que acabamos de publicar pela editora CRV: Amazônia Oriental Brasileira: história, migração e região, 2019.
    Atenciosamente,
    Lucilvana Ferreira Barros
    Roberg Januário dos Santos

    ResponderExcluir
  17. Durante a leitura do artigo constatei a importância que o levantamento bibliográfico teve na realização deste trabalho que reflete a trajetória percorrida e amadurecida por vocês no decorrer da pesquisa que traz reflexões sobre a Amazônia oriental e carrega a autoria de diversos pesquisadores que abordam, essa temática sob diferentes olhares.
    Isso nos permite perceber a importância que deve ser dada ao levantamento bibliográfico que traz para as pesquisas na área da educação e da historiografia regional elementos essenciais para os trabalhos acadêmicos.

    Nazaré do Socorro Bitencourt Viegas.

    ResponderExcluir

Postar um comentário