Pauliana Maria de Jesus
Mestre
em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí-UFPI/2016-2018.
Email.paulianadejesus126@gmail.com
Resumo: Este artigo
pretende analisar como as transformações no contexto do estado Novo
influenciaram no processo de modernização da cidade de Campo Maior-PI entre o
período de 1930 a 1945, buscando identificar as principais transformações na
cidade através de melhorias urbanas como energia elétrica, fornecimento de água
encanada, calçamento e alargamento de ruas e avenidas e construção de novas
edificações urbanas. Para isso, buscou-se apoio teórico nos seguintes autores:
Sevcenko (1998) e Berman (1989), a metodologia da pesquisa ocorreu através da
análise de fontes como: decretos-leis, código de postura da cidade, imagens e
relatos memorialísticos de alguns habitantes que vivenciaram esse período
através da metodologia da história Oral.
Palavras-chave: História. Memória.
Modernização. Campo Maior.
As transformações mundiais iniciadas no final
do século XIX e início do século XX provocadas pela revolução industrial e
fortalecimento do capitalismo, bem como, o desenvolvimento e inovação
tecnológica ocorreram no primeiro momento nos países mais desenvolvidos da
Europa e se expandiram para os lugares mais longínquos da face da terra.
Segundo, Nicolau Sevcenko (1998, pp. 12-13) o imperialismo Europeu, com suas
armas modernas e potencial bélico não só incorporou as novas áreas territoriais
as suas possessões, como também procurou “transformar o modo de vida das
sociedades tradicionais, de modo a instalar-lhes os hábitos e práticas de
produção e consumo conformes ao novo padrão da economia de base científico-tecnológica”
Em Campo Maior, podemos
ver como esse pensamento moderno foi chegando e fazendo parte da vida das
pessoas através de seus instrumentos inovadores tais como: a iluminação
elétrica, o rádio, o cinema, o automóvel, a construção de estradas e ferrovias
numa tentativa do poder público de integrar a economia local ao sistema
capitalista nacional e internacional. Logo, as mudanças e transformações
ocorridas na cidade partem de uma perspectiva mais ampla e de um contexto
global, das ações dos sujeitos que a constroem e a idealizam com seus projetos
que nem sempre são pensados no bem de todos, mas apenas numa parcela da
população, numa forma de urbanizar, modernizar e disciplinar o espaço conforme seus
interesses.
Através do relato de
Marcos Vasconcelos ( 2006) é possível perceber algumas alterações que ocorreram
na cidade, nascido em Campo Maior, no
dia 01 de julho de 1933, sendo que morou um bom tempo em outras cidades na
busca de capacitação profissional, estudou e trabalhou em Teresina, em seguida no
Rio de Janeiro e por último, quando ingressou por concurso público no cargo de
escriturário no Banco do Brasil e de lá foi transferido para Brasília e após
passar um bom tempo na capital com sua família, quando retorna a passeio a sua
cidade natal, em 1980, Marcos Vasconcelos percebe que a cidade de sua infância
já não era mais a mesma, pois continha muitas melhorias no espaço urbano com
ruas calçadas, água encanada e luz elétrica praticamente em todas as casas.
É costume meu, toda vez que vou a
campo Maior, visitar a minha rua. Fiz isso recentemente, para me reciclar e
voltar às origens. Continua uma rua simples, com moradores modestos, mas com
energia elétrica às 24 horas por dia, totalmente calçada e com água encanada,
em todas as casas. Ficou bem longe do tempo das cacimbas, feitas no leito quase
seco do Rio Surubim, onde apanhávamos água para cozinhar e beber em nossa casa,
acumulada em quatro grandes potes de barro com tampas de flandres. As vezes
íamos apanhar água também nos poços públicos situados na beira do açude grande,
puxando um jumento com cangalha e duas e duas ancoretas dependuradas
(VASCONCELOS, 2006, p 23).
A citação mostra as mudanças e melhorias que
ocorreram na cidade, através do fornecimento de água encanada e energia
elétrica para todos, mas ressalta-se que isso não aconteceu de uma hora para
outra, as dificuldades em fornecer esses serviços urbanos básicos a todos pela
prefeitura, foram muitas, uma vez que, quando esses elementos considerados
símbolos do progresso e da modernidade começaram a ser implantados na cidade.
De acordo com Raimundo Nonato Bitencourt Pereira(2015) Os gestores do município
tinham o anseio de trazer esse símbolo da modernidade para Campo Maior, que se
deu com a instalação da primeira Usina Elétrica inaugurada no dia 03 de janeiro
de 1932, essa novidade foi recebida com muita empolgação pelos seus habitantes,
no entanto, era movida a lenha e funcionava somente das 18:00 às 23 horas, a
princípio foi instalada apenas no centro da cidade e nos principais logradouros
públicos, apesar de tudo foi tomada pelo discursos dos governantes como um
grande avanço em termos de melhorias urbanas ao mesmo tempo que condizia com os
ideias do governo provisório de 30 que idealizava mudanças no sentido de
ruptura com a república Velha e “com isso a urbe passou a partilhar de um dos
sonhos da cidade moderna, pois antes a iluminação era feita por lampiões
abastecidos de querosenes, instalados nos altos postes de madeira”(PEREIRA,
2015, p.73).
Para Raimundo Nonato Bitencourt Pereira (2015) os
gestores municipais enfrentaram uma série de dificuldades em relação ao
fornecimento de energia elétrica na cidade, uma vez que após poucos anos de
instalação da usina, já havia a necessidade de reparos e de compras de
equipamentos para a instalação de uma usina maior e que atende-se as demandas
da cidade como é perceptível no discurso do administrador do município que
demitiu o eletricista por problemas na usina uma vez que “ inquérito que se
está se procedendo nessa prefeitura já se apurou que a usina se encontra com
sérias avarias por culpa do eletricista da mesma encarregado, Edésio Gonçalves
das Neves” (PEREIRA, 2015). Apesar dos esforços dos gestores municipais em
fornecer esse símbolo moderno para a cidade, os problemas persistiam, no dia 18
de abril de 1944, o gestor mostrava a sua satisfação em apresentar uma nova
usina melhor e com instalações modernas:
A velha usina tinha
apenas um motor simples e de pouca potência, além de funcionar das 18 às 24
horas a nova usina tem dois grandes possantes e complexos motores funciona das
12: as 24 horas[...] além disso a rede elétrica da cidade é mais extensa, a
usina tem capacidade de amplia-la ainda mais muito mais e minha intensão é essa
(PEREIRA, 2015, P.73).
Após a inauguração da usina Quatro de Outubro houve um incêndio
acidental provocado pelo aquecimento das caldeiras devido a sua aproximação com
o assoalho de madeira, causando um grande prejuízo na queima de equipamentos e
destruição de grande parte do prédio em novembro de 1944 deixando a cidade às
escuras o que acarretou novos gastos para a prefeitura, desse modo, eram comuns
os problemas de fornecimento de energia a cidade, além disso, as primeiras
instalações de energia elétrica ocorreu no centro da cidade, onde os demais
bairros ficavam desprovidos desses símbolos modernos.
Outra
melhoria urbana se deu com o fornecimento de água canalizada a população. De
acordo com Celso Chaves, pelo projeto lei nº 350 de 14 de agosto de 1957, o
prefeito Oscar Castelo Branco Filho, celebrou “um contrato com Departamento
Nacional de Obras contra Seca (DNOCS) e permitiu a construção do sistema de
abastecimento de água (poços, e casas de bombas, redes e ramais, reservatórios
e caixas d’a água)” (CHAVES, 2014, p. 83). Com o crescimento da cidade houve
uma maior preocupação do poder público em fornecer água de forma mais eficiente
através da lei 776, de 7 de maio de 1970, que autorizou a prefeitura afirmar
convênio com a Fundação de Serviços de
Saúde Pública (FSPSP), com “o objetivo de estabelecer condições para reger, a
administrar, a operar, e atuar na
manutenção do sistema de abastecimento de água da cidade.”[1]
Quanto à iluminação
pública, a prefeitura também enfrentou muitos problemas para poder fornecer
esses serviços, posto que, tinha apenas uma usina chamada 04 de Outubro, a
mesma recebeu esse nome, em alusão a data da “Revolução de 30” um golpe
constitucional contra a República Velha produzida por Getúlio Vargas e seu
grupo. Pois em 1948, a cidade encontrava-se às escuras e o prefeito apresentava
um projeto solicitando autorização para aquisição de um grupo motor gerador
para iluminar as praças Bona Primo e Rui Barbosa porque não tinha recursos
disponíveis para suprir as necessidades de iluminação pública de toda a cidade,
mas apenas as residências do centro municipal, até porque, essas praças eram os
pontos mais movimentados do espaço citadino como mostra a justificativa da
câmara municipal que autorizava a prefeitura na compra de um grupo gerador.
Todos sabemos que as praças “Bona
Primo” e “Rui Barbosa” são os centros de maior movimentação da cidade e que,
como tal, carecem de ser iluminados, seja para prevenir possíveis infratores de
leis, seja para proporcionar ao nosso povo, um melhor conforto eis que são
também o seu ponto recreativo. Além disso, ocorre a circunstância de, entre um
outro dos locais previstos, ficar situada a nossa Igreja Matriz, aonde as práticas
religiosas constantes fazem afluir toda nossa gente, carecem, pois serem
iluminadas; e pela marcha demorada dos atos públicos, sabemos que não é
possível, antes de seis meses, estarem adquiridas as máquinas que devam compor
a nova usina elétrica da cidade. E antes disso precisamos do grupo indicado,
especialmente se as festa de Natal, ano novo e outras que se aproximam, o estão
a exigir ( CAMPO MAIOR, 1948)[2]
Verifica-se
a preocupação do poder público municipal em estabelecer o fornecimento de energia
elétrica nas principais praças de Campo Maior que se constituíam como espaços
de lazer e passeio para sociedade campo-maiorense, portanto era necessário
trazer mais conforto as pessoas que iam a praça nos finais de semana para
passear, namorar, ou assistir bandas musicais que tocavam no coreto da praça.
Mas também, se percebe a precariedade do fornecimento da energia elétrica na
cidade que ficava restrita às duas praças localizadas em torno da igreja matriz
de Santo Antônio e algumas residências de famílias argentárias da região. Sobre
o fornecimento de energia elétrica, considerado como um dos símbolos da
modernidade pode-se afirmar que a população mais carente só usufruía dessas
luzes da cidade quando ia passear na praça, pois os bairros ficavam fora desse
benefício e em muitas casas usava-se o lampião e a lamparina. Conforme dona
Maria dos Remédios Sousa Santos[3]
até meados da década de 50, não havia iluminação em sua residência, muito,
menos no seu bairro (Parque Estrela) como depreende-se na sua fala:
Não tinha luz, não tinha água, não tinha
geladeira, não tinha fogão, era cozinhando na lenha na época [...] era na
lamparina mesmo, todo tempo, a gente comprava querosene, nesse tempo vendiam
nas latas[...] era a maioria das pessoas, nesse tempo, não tinha negócio de
riqueza não (SANTOS, 2017).
Nos bairros, de um modo geral não eram
servidos por luz elétrica e abastecimento de água encanada, principalmente no
bairro em que ela morava, que lá pelas décadas de 1940 e 1950 era praticamente
uma extensão da rural, composta por vacarias e fazendas.
Percebe-se que a luz
não chegava a todos, principalmente aos bairros, pois a cidade de Campo Maior
foi crescendo em torno do perímetro urbano da igreja, onde havia um aglomerado
de casas de famílias de classe social mais elevada, dos aristocratas locais,
herdeiros de grandes faixas de terras e de fazendas de gado da região. Desse
modo, a Praça Rui Barbosa, localizada por trás da Igreja de Santo Antônio foi
um dos espaços que mais recebeu atenção do poder público municipal, por ser
considerado um lugar de muita movimentação nos finais de semana, o lugar de
encontro dos casais de namorados e para aqueles que tinham a pretensão de
arrumar um amor ou apenas flertar alguém. No relato a seguir Marcos Vasconcelos
faz um quadro dessa praça na década de 40 através de suas recordações:
Era uma praça pequena, mais tinha
a honra de ser a principal atração da cidade (qual a cidade do interior que não
tem sua praça principal?) Mas ou menos encravada em 1.6000 m2, era
toda arborizada, com figueiras, carnaubeiras, jatobás, acácias, etc. Possuía um
coreto para as retretas, vários bancos para namorar, inclusive alguns
caramanchões de bambu, jardins cuidados, dois grandes tanques com água (um de
cada lado do coreto) para água as plantas. Toda cimentada do lado de fora. Ali
no sentido viravam os homens do outro as mulheres, cruzando olhares e iniciando
grandes namoros. Do lado de dentro, na terra batida, era o mesmo movimento,
frequentada por aqueles que queriam mais privacidade. A noite toda iluminada,
com banda de música do coreto, a retreta ia até 21 horas, quando a debandada
era geral, pois moça que se prezava não ficava na praça após a retreta. Até o
“curical” sumia assim eram chamadas algumas daquelas que circulavam na parte
interna da praça (VASCONCELOS, 2006, p. 73).
A Praça Rui Barbosa era um lugar importante e
bastante movimentado, por isso, foi um dos primeiros espaços urbanos a receber
maior atenção do poder público municipal, sempre procurando deixar mais
arborizada, limpa e iluminada aos olhos dos visitantes e cidadãos campo-maiorense,
além do mais, era lá que ocorriam as festas sociais durante os festejos do
Glorioso Santo Antônio, padroeiro da cidade, após a missa as pessoas iam as
barracas nas quais se vendia comidas típicas, bebidas, no mesmo espaço também
havia os leilões, jogos, e atrações musicais durantes as treze noites dos
festejos.
Também havia uma
amplificadora, instalada por Davi Melo, filho adotivo de Antônio Andrade, que
fazia anúncios comerciais em um dos cantos da praça. Ali ao redor da praça
concentravam-se lojas, bares, comércios e pensões. Vasconcelos constrói uma cartografia dos
lugares associando as vendas aos seus respectivos donos através de suas recordações
como; a pensão da Dona Lima, o Bar do Farias com seus salões de sinuca, o Bar
Eldorado (Do Décio Bastos), a agência de ônibus Zezé Paz.
Nessa praça também
ocorriam os comícios os quais sempre terminavam em confusões e brigas. Também,
em suas proximidades ficava o cinema do Zacarias Godim Lins, (Cine Nazaré) que
escolheu esse nome em homenagem a esposa Dona Zazinha, era o único da
cidade. Logo, sendo considerado um dos
símbolos da modernidade, em seus primórdios fascinava e estimulava a
imaginação, bem como influenciou muito nos costumes, na adesão de novos
hábitos, principalmente pela juventude, uma vez que, os artistas com seu
visual, seu jeito e hábitos tornam-se uma espécie de modelos e muitos de seus
aspectos influenciam seus telespectadores. Não rendia muito lucro para os
arrendatários, pois era propriedade da prefeitura.
É perceptível a
intenção do poder público municipal da época em oferecer esses serviços à
comunidade, mesmo sem muita vantagem financeira, uma vez que, pelo projeto lei
Nº 37 do dia 10 de outubro de 1948, de autoria do vereador Erasmo Leite que
propunha a concessão de forma gratuita a estrutura do prédio Cine Teatro para a
exploração de empresa cinematográfica que desejasse atuar nessa atividade [4].
Mas essa praça deixará
de ser destacada a partir da demolição e construção da nova igreja de Santo
Antônio, derrubada em 1944, através da iniciativa de Monsenhor Mateus Cortês
Rufino e pela ajuda de populares e famílias ricas da cidade, a partir de então
os festejos que ocorriam por trás da igreja foram transferidos para a Praça Bona
primo e para proximidades da igreja do Rosário. Antes, a Praça Bona Primo era
apenas um grande largo, cheia de arvores, com um antigo cata-vento, era o local
preferido para armação de circos que visitavam a cidade, pois o largo era
grande e espaçoso. Com a construção da nova matriz, a praça foi projetada para
dar destaque a nova igreja, “foi toda, calçada, arborizada, feericamente
iluminada, servindo de local para os grandes eventos campo-maiorenses como: os
festejos de Santo Antônio, festa de São Pedro, festa de São João, comícios e
outras datas comemorativas, agora sem os circos que foram armados em outro
local”. (VASCONCELOS, 2006, p. 103).
Foto 06: Praça Bona primo arborizada
Fonte: autor desconhecido
Na Praça Bona Primo também funcionava o Campo
Maior Clube, fundado em 1950 em substituição ao Satélite Clube criado em 1941
pelos funcionários do Banco do Brasil. Todas essas iniciativas foram provocadas
pela sociedade, mas recebeu uma atenção especial do poder público, essas ações
se tornaram como novas práticas que acompanhava as transformações sociais no
contexto nacional e mundial. A cidade apesar de ser pequena estava adequando-se
as mudanças e transformações que acompanhavam o ritmo da modernidade, principalmente,
nos hábitos relativos ao lazer, as festas de carnaval e aos bailes dançantes e
a forma de consumo dos símbolos e instrumentos modernos da época como
subtende-se a seguir:
Recordo-me, com saudades, das
tertúlias nas manhãs de domingo, no Campo Maior Clube, ao som da radiola, dos
bailes, com orquestra local, composta do Zumba, do Trombone de válvulas, do
Durval, no Trombone de vara, do Fernando, na bateria e de muitos outros. Nas
grandes festas contratavam até banda de fora. Relembro das minhas namoradinhas
de adolescente, quando ainda dançava juntinho e de rosto colado. Que saudades
dos corsos na rua, dos blocos de fantasia nos bailes de carnaval, época em que
se usava o lança-perfume [...] outro local descente de divertimento era o
Centro Operário Campo-maiorense, fundado pela classe operária. Com instalações
amplas, um bom salão para festas, esse clube exigia, dos seus sócios e
convidados muito respeito e observância das regras [...] ( VASCONCELOS, 2006,
p.104).
Além desses clubes oficias havia as festas,
as tertúlias e bailes promovidos pelas próprias famílias. A própria população
intervinha na busca de promover divertimento na cidade. Mas com o passar do
tempo essas formas de sociabilidades foram declinando, e a praça deixou de ser
o principal ponto de lazer da sociedade campo-maiorense, para ser apenas um
lugar vazio, ou de passagem, também deixou de ser um lugar de encontro para os
casais de namorados, e para conversas de amigos. O Campo Maior Clube,
atualmente com algumas reformas funciona a câmara municipal, o clube dos
operários, se transformou num estabelecimento de ensino. Assim a cidade vai se
transformando em razão das necessidades e imposição do poder público:
Ser
moderno é encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria,
crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor- mas ao
mesmo tempo ameaça destruir tudo o que temos, tudo o que sabemos, tudo o que
somos (BERMAN, 1989, p. 15)
Portanto,
cidade e memória se entrelaçam, as transformações nos espaços vão ocorrendo de
forma imposta pela atuação do poder público municipal, e pelo interesse social
de alguns mais privilegiados economicamente, ou mesmo pela mudança dos costumes
de forma que a cidade do passado se torna uma realidade, vivida e cheia de sentimentos
que hoje só existe como fragmentos da memória que tem a capacidade de evocar
essa cidade, dos sonhos, da lembrança e da afetividade daqueles que nasceram, cresceram nesse lugar e acompanharam
seu desenvolvimento.
Referências
BERMAN, Marshall. Tudo o que é sólido desmancha no ar:
aventura na modernidade. São Paulo: Schwarcz Ltda, 1989.
CAMPO MAIOR, projeto Lei nº 28,
de 09 de setembro de 1948, que autoriza o prefeito adquirir grupo motor gerador
para iluminar as praças Bona Primo e Rui Barbosa e abre crédito especial de
(Cr.Ֆ 25.000.00) para atender a autorização. Campo Maior, 09 de setembro1948.
CAMPO
MAIOR. Projeto lei nº 37, de 10 de outubro de 1948. Que trata sobre os termos
de concessão gratuita do prédio Cine Teatro. Câmara Municipal. 10 de outubro de
1948.
CAMPO
MAIOR, Lei nº 776, de 7 de maio de 1970. Que dispõe sobre o abastecimento
d’água. Campo Maior, 07 de maio de 1970.
CHAVES,
Celson Gonçalves. Rua Santo Antônio.
2 ed. Campo Maior-PI: EDUFPI, 2014.
PEREIRA, Raimundo N. Bitencourt. Modernização urbana de Campo Maior
(1930-1937). 2015. 157 f. Dissertação de Mestrado- Programa de Pós-Graduação
em História- PPGH, Universidade de Campina Grande, Paraíba, 2015.
SANTOS,
Maria Dos Remédios Sousa. Entrevista concedida a Pauliana Maria de Jesus. Campo
Maior, 03 de novembro de 2017.
SEVCENKO, Nicolau. Orfeu extático na metrópole: São
Paulo, sociedade e cultura nos frementes anos 20. São Paulo: Companhia das
Letras, 1998.
VASCONCELOS, Marcos. Raízes de pedra. Fortaleza:
Editora Livro Técnico Premius, 2006.
[1] CAMPO MAIOR, Lei nº 776 de 7 de
maio de 1970. Que dispõe sobre o abastecimento d’água em Campo Maior.
[2] CAMPO MAIOR, projeto Lei nº 28
de 09 de setembro de 1948, que autoriza o prefeito adquirir grupo motor gerador
para iluminar as praças Bona Primo e Rui Barbosa e abre crédito especial de
(Cr.Ֆ 25.000.00) para atender a autorização.
[3] SANTOS, Maria do Remédios Sousa.
Entrevista concedida a Pauliana
Maria de Jesus. Campo Maior, 05 de novembro de 2017.
[4] CAMPO MAIOR. Projeto lei nº 37
de 10 de outubro de 1948. Que trata sobre os termos de concessão gratuita do
prédio Cine Teatro. Câmara Municipal.
Com este processo levado pela revolução industrial, de modernização, pesando na facilitação da vida do ser humano, e no estilo de evolução das cidade europeias. que muitas das cidade brasileiras ia pegar os modelos europeus para suas modernização de sua cidade e como visto nos escrito que não foi muito diferente em Campo Maior, nesta buscar por melhoria do lugar de vivencia em buscar no modelo europeu sua modernidade. Nesta relação da memória com a modernização da cidade servindo como um lugar, de revivimento das relação afetiva com o seu local de nascimento das pessoas que continuara e das pessoas que deixaram sua terra natal, partindo da memória que os mesmo tem do seu local de convívio.
ResponderExcluirassinado: Josiel Luis Franco de Andrade Carvalho.
Boa tarde, prezado Josiel obrigada pela leitura do meu trabalho e pela observação, é interessante ressaltar que não só as transformações mundiais possibilitaram a inserção de Campo Maior nesse processo de modernização, como também, isso foi possível pelas mudanças no contexto nacional, o golpe do estado novo e política de modernização de Getúlio Vargas também foram fatores para inserção de Campo Maior nessa prática de transformações urbanas com ideais modernos, além disso, percebemos como isso foi afetando a população da cidade que vislumbravam essas novidades modernas, mas que iam chegando aos poucos, de forma lenta, e geralmente excluíam alguns sujeitos, sobretudo a população mais carente, pois esses benefícios primeiro chegavam ao centro da cidade e depois as zonas periféricas, mas de qualquer forma, a população compartilhava do viver urbano moderno nos momentos de socialização nas praças e outros logradouros públicos.
ExcluirBoa noite.
ResponderExcluirUm ponto pertinente que a autora coloca logo no inicio do artigo é que as transformações mundiais no que tange a esfera da sociedade se deram inicialmente no século XIX e que a partir do século XX elas adquiriram uma maior dimensão provocadas revolução industrial e o capitalismo em um estágio mais avançado, e com as inovações tecnológicas antes restritas aos países mais desenvolvidos desse período, se difundiram para os lugares mais longínquos da face da terra chegando até mesmo no bloco de países vistos como periféricos. Diante dessa conjuntura a autora aponta Nicolau Sevcenko enfatizando que o imperialismo contribui decisivamente para esse processo ao transformar o modo de vida das sociedades tradicionais, de modo a instalar-lhes os hábitos e práticas de produção e consumo conformes ao novo padrão da economia de base científico-tecnológica, trazendo assim uma radical transmutação no cotidiano social das pessoas e se inserindo a lógica da modernidade ou pós modernidade nos espaços sociais.
Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.
Obrigada Francielcio pelas observações! é verdade, na minha dissertação de mestrado é possível ver esses fatores de forma mais completa, por que este artigo resume um pouco do que trabalhei na dissertação. Abraços!
ExcluirAtenciosamente, Pauliana Maria de Jesus. UESPi-UFPI
Bem dinâmico o texto, bem como a sensibilidade da autora ao relatar os sujeitos populares, suas sociabilidades e participação no espaço citadino
ResponderExcluirDiego Silva Lima-UFPI
032.728.663-61
Boa noite Paulina, em primeiro lugar gostaria de parabenizá-la pelo trabalho, confesso que me abriu novos horizontes acerca do processo de modernização dos municípios e principalmente em relação ao que os moradores sentem em relação a isto. Seu trabalho trás riquíssimo detalhes da metodologia de pesquisa "História oral", é esta a metodologia mesmo?
ResponderExcluirRenata Aparecida da Silva
Boa tarde, Renata obrigada pela leitura do trabalho, sim apesar de ter analisado outras fontes a metodologia da História Oral abriu a oportunidade de trabalhar com entrevistas com oito pessoas , antigos moradores e trabalhadores de Campo Maior que vivenciaram as mudanças urbanas provocadas pelo poder público.
ExcluirBoa tarde, parabéns pelo trabalho é muito bom ver que campo maior está sendo trabalhado no campo acadêmico. Luiz Samuel Sousa Oliveira
ResponderExcluirObrigada!
ExcluirBoa noite, Professora Pauliana. Gostaria de parabenizá-la por este trabalho sobre o processo de modernização da cidade de Campo Maior. Gostei muito do recorte temporal correspondente à época do Estado Novo, pois foi um período de transformações muito significativas, com a inserção de iluminação elétrica e outras inovações que já eram utilizadas nas grandes cidades. As entrevista foram excelentes, pois nos trouxe os relatos de quem acompanhou as transformações e muito nos ensinou sobre o cotidiano e os recursos da época. Isabela Thamirys Silva Amaral ( UESPI)
ResponderExcluirobrigada, fico feliz pela leitura do meu trabalho!
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