Marcelo
Gonçalves Ferraz
Graduando em História pela Universidade de
Pernambuco (UPE)
Resumo: Este trabalho
tem por objetivo apontar determinadas obras cinematográficas realizadas na
década de 1950 que corroboraram com o discurso vigente sobre o Nordeste, bem
como sobre os nordestinos, contextualizando-as com obras que tratam da forma
como foi realizada a construção do discurso caricato ao qual foi imposto ao
Nordeste e da construção da identidade nacional no século XX. A metodologia
consistiu em possibilitarmos o diálogo das obras fílmicas tratadas com pesquisas
sobre as temáticas Nordeste, cinema e pedagogia, bem como com obras impressas
sobre a história do nosso país. Com isso observamos quão profícuo pode ser a
contextualização dos fatos históricos encontrados na literatura com as obras
cinematográficas. Dessa forma, a história da invenção Nordeste passa a contar
com mais uma importante ferramenta no processo ensino-aprendizagem.
Palavras-chave: Estereótipo
nordestino. Elites intelectuais. Cinema. Educação.
Introdução
O cinema tem sido
explorado como fonte de pesquisa histórica há alguns anos, sendo que vários
autores já se debruçaram sobre o tema. Além de ferramenta pedagógica o cinema
tem o poder de ditar modas, costumes, hábitos e mentalidades. Segundo Duarte
(2009), o hábito de ir ao cinema está ligado à origem social e familiar das
pessoas e à prática de ver filmes. Assim, ver filmes é uma prática social tão
importante, do ponto de vista da formação cultural e educacional das pessoas,
quanto a leitura de obras literárias.
É inegável que as
relações que se estabelecem entre espectadores, e entre estes e os filmes, são
profundamente educativas. Além disso, segundo Duarte (2009), muito da percepção
que temos da história da humanidade talvez esteja irremediavelmente marcada
pelo contato que tivemos com as imagens cinematográficas. Muitas das concepções
veiculadas em nossa cultura acerca do amor romântico, da fidelidade conjugal,
da sexualidade ou do ideal de família tem como referência significações que
emergem das relações construídas entre espectadores e filmes. Da mesma forma, muitos
dos conceitos ou preconceitos que adquirimos no curso de nossa existência podem
ser adquiridos por meio das mídias fílmicas.
Dessa forma, podemos
considerar a construção e reafirmação de estereótipos, bem como a transformação
de determinados sujeitos sociais em caricaturas de si mesmas. Albuquerque
Junior (1999) realça o poder exercido pelo cinema no que concerne à criação da
imagem do Nordeste, bem como de seus habitantes. Segundo o autor, a década de
1950 viu emergir a representação do Nordeste nas obras cinematográficas do
Cinema Nacional, na trilha deixada pelas obras literárias, em especial as obras
da Geração de Trinta. O autor nos diz
que “Os tipos ‘nordestinos’ do pau-de-arara, do coronel, do cangaceiro [...]
faziam parte da coleção de tipos que a chanchada [...] levava para a tela, já
na década de quarenta” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 1999, p. 266).
De fato, desde a década
de 1920, o cinema mostrava a dicotomia entre o urbano e o rural (sertanejo), ou
entre a industrialização e a natureza brasileira, em obras como Viagem ao Brasil (1928). Essa dicotomia
era fruto da tentativa de se criar uma identidade nacional, na qual “Os
costumes [...] tipicamente brasileiros são os do interior [...]” (BERNADET,
2009, p. 104), mas não necessariamente o interior delimitado como Nordeste.
Certamente, “[...] esse Brasil sertanejo não agrada a todos; ao contrário, é
preciso mostrar o Brasil urbano, o Brasil do progresso” (ibidem).
A tentativa de criação
de uma identidade nacional esteve presente durante boa parte do século XX, a
partir do conjunto das manifestações culturais do povo brasileiro, segundo
Gonçalves (2009). De acordo com o autor, as representações cinematográficas
constituem um dos inúmeros caminhos possíveis para se discutir o conceito de
nação, bem como o de identidade nacional e histórica. Então o que podemos
esperar dos conceitos emanados pelas obras cinematográficas sobre a identidade
nacional? Que mensagens podemos observar, e mais importante, que leituras são
mostradas sobre o Nordeste e os tipos nordestinos nos filmes nacionais?
Albuquerque Junior (1999)
é enfático ao dizer que o Nordeste é uma criação de seu oposto, o Sul
industrializado, povoado por habitantes civilizados, verdadeiros europeus dos
trópicos. Segundo o autor, os discursos que tratam do Nordeste, nas primeiras
décadas do século XX, estão sempre apoiados na reafirmação de estereótipos,
como discurso repetitivo e arrogante. Em relação à construção de uma identidade
nacional, Albuquerque Junior (1999) a trata como uma construção mental,
abstrata.
O Sul do início do
século XX, habitado pelos descendentes dos europeus, que aqui chegaram com o objetivo
de substituir a mão de obra escrava em fins do século XIX, torna-se o exemplo
do avanço civilizacional, tecnológico e racial que o Brasil pretende oferecer
ao mundo como fotografia de sua identidade nacional. O Nordeste passa a ser,
dessa forma, o retrato do país arcaico, selvagem e indesejado. Há uma
necessidade premente em salvar as almas daqueles seres miseráveis, facínoras,
intelectualmente inferiores localizados no Nordeste do país.
O mundo novo que se descortinava,
embalado pelas conquistas tecnológicas – e aqui inserimos o cinema como meio de
comunicação de massa – foi palco de discursos que mostravam o Nordeste como
lugar de práticas estranhas, antigas e exóticas. Os filmes que trataremos nesse
trabalho estão recheados do discurso de estranhamento ao qual o Nordeste e os
nordestinos se enquadram, de acordo com a narrativa da elite intelectual e
econômica do Brasil na primeira metade do século XX.
Representações do Nordeste no Cinema Nacional
na década de 1950
Com o objetivo de observarmos a construção imagética do Nordeste e do
nordestino nas primeiras décadas do século XX, decidimos discorrer sobre três
obras cinematográficas realizadas na década de 1950 que muito tem a nos mostrar
sobre essa construção, bem como sobre a assimilação dessa ideia caricata que se
desenvolveu sobre o Nordeste e seus habitantes.
O canto do mar (1953)
Segundo Gonçalves (2009), a década de 1950 foi testemunha de um novo
Brasil que surgia. Um país cada vez mais industrializado e urbano. Portanto,
moderno. A forma como o cinema procurava retratar a nação também deveria seguir
esse padrão, obviamente, hollywoodiano. A dicotomia que se estabelecia entre o
moderno e o ultrapassado, ou seja, entre o urbano e o rural, e mais
precisamente entre o Norte e o Sul, estava presente nas telas.
De acordo com Albuquerque Junior (1999), o filme que deu início ao
discurso do Nordeste inventado foi justamente O canto do mar. O filme está
repleto de “enunciados-clichê” e torna-se exemplar na “forma como se olha e
como se vê o Nordeste” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 1999, p. 266). O canto do mar foi
dirigido por Alberto Cavalcanti, um carioca que viveu grande parte de sua vida
na Inglaterra. Em matéria publicada no Diário
de Pernambuco, de 4 de junho de 1953, chama-se o filme de Cavalcanti de
“[...] eminentemente nordestino representativo de nossa gente, nossos costumes,
tradições e folclore [...]”, que para tanto necessitou de “Estudos e
investigações [...] em torno dos costumes populares [...]” (REGIS, 1953, p. 3).
O filme de Cavalcanti foi produzido pela Kino Filmes, pequena produtora
que se espelhava nas produções da companhia Vera Cruz, e abre com um close
sobre o mapa de Pernambuco. Após algumas imagens de terra rachada e árvores
secas, surge uma voz em off, que diz:
“Há muito tempo que não chove. A terra seca, virgem de água, racha-se até o
horizonte. O céu sempre azul aguarda os dias piores que hão de vir. Os galhos
das árvores, tostados pelo sol apontam para o céu como se pedissem clemência
[...]” (O CANTO do mar, 1953). O cenário que se apresenta é o mais desolador e
desgraçado possível, com casas sendo abandonadas por pessoas maltrapilhas, com
aspecto de mortos-vivos, miseráveis, além de cruzes, que indicam que o
semiárido pernambucano virou um imenso cemitério a céu aberto, além de urubus
que sobrevoam na expectativa de se alimentarem dos corpos raquíticos e
descarnados dos habitantes desse cenário hostil.
O discurso que se apresenta, na abertura de O canto do mar assemelha-se ao discurso da elite intelectual de seu
tempo, que tinha por objetivo dividir o país entre o moderno e o atrasado.
Segundo Albuquerque Junior (1999, p. 267), o filme “tenta, de forma clara,
trazer para o cinema toda uma visibilidade e dizibilidade do Nordeste
construídas pelo romance, pelas narrativas jornalísticas e pelo discurso da
seca”. De acordo com o autor, as imagens evocadas no filme reforçam o Nordeste
como locus de sofrimento e miséria,
enquanto o Sul, o não-Nordeste, seria o lugar do desenvolvimento. De qualquer
forma, o semiárido serve apenas como desculpa para a narrativa da desgraça
estabelecida por Cavalcanti.
A trama se passa no litoral, envolvendo uma família pobre que tem o pai
com transtornos emocionais e o filho (Raimundo) que sonha em ir para o Sul, a
terra das maravilhas. Raimundo planeja fugir com Aurora, filha de um
comerciante local, mas a mesma prefere abandonar tudo com um caminhoneiro (João
Bento), que aparentemente oferece mais condições de vida para o casal. Além
disso, Albuquerque Junior (1999) chama a atenção para as formas como as
manifestações culturais do homem rural são apresentadas. O olhar do homem
urbano sobre essas manifestações rurais imprime um tom folclórico, até mesmo
ridículo, sobre as mesmas.
O autor cita a cena do velório do filho mais novo da família, irmão de
Raimundo, no qual os vizinhos chegam trazendo candeeiros, enquanto a mãe
escreve uma carta para Nossa Senhora, explicando que não chora a morte do filho
para que ele não entre no céu com chuva. Da mesma forma, no filme, sem qualquer
relação com a narrativa, podemos observar números de danças folclóricas, em uma
tentativa de delimitação do espaço civilizado/arcaico, como frevo, maracatu e
bumba-meu-boi, que não trazem absolutamente nada à trama que se desenrola na
tela.
O desejo de Raimundo é ir para o Sul e esquecer a miséria. Mas após
roubar a mercearia do vilarejo ele se arrepende de fugir, pois “o mar só traz
desgraça”, referindo-se à situação em que se encontra seu pai, um homem do mar.
O filme encerra justamente confirmando essa desgraça trazida pelo mar com a
morte do pai de Raimundo, encontrado na praia, sem vida.
O Cangaceiro (1953)
Dirigido por Lima Barreto, a película produzida pela Companhia
Cinematográfica Vera Cruz é considerada por Gonçalves (2009, p. 171) como uma
das possíveis representações “[...] da nação brasileira em toda sua diversidade
e complexidade”. O Cangaceiro se
tornou o maior sucesso da Vera Cruz, tendo sido escolhido, inclusive, o melhor
filme de aventura do Festival de Cannes de 1953.
Freire (2005, p. 69) classifica o filme como um dos mais importantes da
cinematografia brasileira, e “[...] o pioneiro de um gênero genuinamente
brasileiro [...] que inseriu [...] a representação do sertão no cinema
nacional”. O gênero “genuinamente brasileiro” ao qual Freire (2005) se refere
não passava de um pastiche do western
norte americano. De acordo com Bernadet (2009, p. 113), O Cangaceiro, como a maior parte dos filmes que o imitam, tem mais
a ver com o western do que com o
próprio cangaço. Sequer foi filmado no Nordeste, mas no interior do estado de
São Paulo. Entretanto, após a repercussão que o filme alcançou, sendo sucesso
de público e crítica, “[...] foi fundamental para a fixação de certa imagem do
Nordeste” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 1999, p. 268). Segundo Merten (2016), Lima
Barreto tinha por mestre o diretor John Ford, famoso por seus filmes sobre a conquista
do Oeste norte americano.
O Cangaceiro inicia com uma legenda onde pode ser lido
“Época imprecisa: quando ainda havia cangaceiros”. Esta advertência serve para
situar o enredo da película em um passado remoto, com “personagens arcaicos”
(FREIRE, 2005, p. 70), bem diferentes do público dos grandes centros como São
Paulo e Rio de Janeiro. As imagens iniciam com o bando do cangaceiro Galdino
Ferreira cavalgando no alto de um morro, tendo um crepúsculo por trás. As
imagens se mesclam ao som da música Mulher
rendeira, com o objetivo de situar espacialmente e temporalmente o homem
cangaceiro. Em relação a essa observação, Albuquerque Junior (1999) nos faz
lembrar que a estética empregada no filme tem por meta mostrar a distância
entre dois pontos diametralmente opostos: a civilidade (o mundo urbano) e a
barbárie (o sertão).
Gravado
em São Paulo, as referências imagéticas ao Nordeste não poderiam faltar. Dessa
forma, “[...] surgem os cactos, as pedras, o sol, as ossadas [...]”
(ALBUQUERQUE JUNIOR, 1999, p. 269).
O enredo do filme se baseia na trama maniqueísta entre Galdino Ferreira,
cangaceiro facínora, e Teodoro, “homem letrado, que entrou no cangaço por uma
fatalidade” (FREIRE, 2005, p. 72). Um dos erros observados na trama de O Cangaceiro, diz razão ao fato do bando
de Galdino Ferreira se locomover a cavalo, quando na realidade os bandos do
cangaço nordestino se movimentavam a pé, para evitar o confronto com as
volantes. Outro aspecto observado é o clima de festa nos acampamentos. Tal como
em O canto do mar (1953), eventos
folclóricos como dança e música tipicamente nordestinos são inseridos
gratuitamente nos filmes a partir da década de 1950, com o objetivo de
associá-los simbolicamente ao Nordeste.
Os diálogos do filme foram escritos por Rachel de Queiroz e serviram,
segundo Gonçalves (2009, p. 174) para dar a “necessária brasilidade e
autenticidade ao filme”. Não faltam figuras caricatas do Nordeste, como o
coronel e os habitantes miseráveis, que possibilitam “[...] visualizar o que
era o cangaço no interior do nordeste brasileiro no início do século XX”,
segundo Gonçalves (ibidem), em uma observação que beira o caricato. Que cangaço
é esse? E qual Nordeste serve de espelho para o filme O Cangaceiro?
Rio, 40 graus (1955)
O filme Rio, 40 graus não
trata do Nordeste. Ambientado no Rio de Janeiro da década de 1950, o filme
discute sobre vários tipos humanos presentes no ambiente urbano carioca daquele
recorte, “com particular insistência sobre a favela” (BERNADET, 2009, p. 93).
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos e produzido em um sistema de cotas entre
os próprios profissionais envolvidos, o filme é considerado precursor do
movimento Cinema Novo.
De acordo com Gonçalves (2009, p. 191), o filme trouxe novos elementos
para o discurso cinematográfico nacional por ter a preocupação de “[...]
retratar e empreender um esforço de análise das questões nacionais [...]”. Em Rio, 40 graus observados o cotidiano de
uma série de personagens urbanos diferentes, alinhavados pela jornada de alguns
jovens vendedores de amendoim que tentam ganhar o seu sustento nas mais
diversas áreas do Rio de Janeiro.
Dentre esses personagens urbanos encontramos uma forte referência aos
nordestinos. Um casal discute sobre o que fazer já que a moça está grávida e o
rapaz parece não querer assumir o relacionamento. A moça diz estar com medo de
contar ao irmão sobre a gravidez, ao que o rapaz retruca “Seu irmão não é um
bicho”. A moça responde: “Mas é nortista”. Percebe-se, de imediato, a
construção da figura de homem violento ao qual o nordestino (nortista) está
atrelado.
Segundo Albuquerque Junior (1999), o nortista adquire uma conotação
pejorativa de selvagem e de homem violento devido às notícias veiculadas nos
jornais do Sul sobre o banditismo e o cangaço no Nordeste. O que torna o homem
do Nordeste um verdadeiro facínora. O interessante a se observar é que o
diretor da película, entre tantos personagens que tentar retratar, deixou um
espaço bem delimitado a ser ocupado pelo nordestino.
Dessa forma, as características presentes nas obras fílmicas aqui
discutidas se resumem à fome e à violência. Características indeléveis atribuídas
ao Nordeste pela elite econômica e intelectual do Sul do país nas primeiras
décadas do século XX.
Conclusões
Podemos
observar que os discursos construídos nas primeiras décadas do século XX sobre
o Nordeste e seus habitantes encontraram terreno fértil em algumas produções
cinematográficas da década de 1950. Seguindo as narrativas estabelecidas pela
literatura regionalista, responsável por reforçar o discurso da seca e da
miséria, o cinema abriu uma janela para que se testemunhassem a desgraça vivida
pelos nordestinos, homens violentos e mulheres submissas.
Muitas
obras fílmicas que se seguiram, inclusive mais recentes, reforçaram esse
discurso limitado e caricato. A mesma mensagem pode ser observada em obras
televisivas, adaptações de tantas outras já consagradas, bem como escritos
originais que se transformaram em novelas e seriados sempre prontos a pintarem
o Nordeste como espaço marcado por sotaques arrastados, mulheres beatas e
homens de atitudes facinorosas, que matam para lavar a honra ou para se
apropriarem das posses de outrem.
As
simplificações mostram-se perigosas, pois, da mesma forma que o Sul tem tinha
seus problemas sociais, o Nordeste apresentava uma gama de características a
serem elencadas. Procurou-se criar uma simples dicotomia entre moderno e arcaico,
urbano e rural, civilização e barbárie, Sul e Nordeste, que por mais que se
considere esse discurso ultrapassado, ainda se percebe difícil desmontá-lo.
Referências
Cinematográficas
O
CANGACEIRO. Direção: Lima Barreto. Produção: Companhia Cinematográfica Vera
Cruz. 1953.
O
CANTO do mar. Direção: Alberto Cavalcanti. Produção: Kino Filmes. 1953.
RIO,
40 GRAUS. Direção: Nelson Pereira dos Santos. Produção: Vários. 1955.
Bibliográficas
ALBUQUERQUE
JUNIOR, Durval Muniz de. A invenção do
Nordeste e outras artes. São Paulo: Cortez, 1999.
BERNADET,
Jean-Claude. Cinema brasileiro: propostas
para uma história. São Paulo: Companhia das letras, 2009.
DUARTE,
Rosália. Cinema & educação. Belo
Horizonte: Autêntica, 2009.
FREIRE,
Alberto. Remake de O Cangaceiro: nova versão, velhas leituras. In: CAETANO,
Maria do Rosário (org.). Cangaço: o
nordestern no cinema brasileiro. Brasília: Avathar, 2005.
GONÇALVES,
Maurício. Cinema e identidade nacional no
Brasil. 1898-1969. São Paulo: LCTE, 2009.
MERTEN,
Luiz Carlos. Grandeza de um derrotado. Estadão
blogs. 27 jun. 2016. Disponível em: https://cultura.estadao.com.br/blogs/luiz-carlos-merten/grandeza-de-um-derrotado/
Acesso
em 07/04/2019.
REGIS,
Ernani. Concluída as filmagens de O canto do mar. Diário de Pernambuco, 04 jun. 1953. p. 3. Disponível em:
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=029033_13&PagFis=5740&Pesq=o%20canto%20do%20mar. Acesso em
07/04/19.
Analisando o texto acima, percebemos que o cinema foi um objeto de fundamental importância para saber da história, dos costumes, das culturas e dos pensamentos do povo em determinadas épocas. Como vimos desde antes há diferenças entre o Sul e o Norte, tendo como o Nordeste uma região de miséria, seca, violência, retrocesso, e a região Sul de riqueza, modernização e industrialização. Ainda hoje vemos que isso perpetua mesmo com grandes avanços na nossa região, ainda somos vistos como pobres, grosseiros, mas temos nossa cultura, nossos costumes, não melhor ou pior aos demais, mas sim com a mesma importância.
ResponderExcluirAutora: Raryelle Mauranna de Araújo Leal
É verdade, Raryelle. Esses conceitos foram inseridos de tal forma que ainda hoje se perpetuam, mesmo com o surgimento de novos estudos sobre a construção da ideia de Nordeste. O cinema, como ferramenta importante para a defesa de ideologias, é um bom exemplo. Vide "Reza a lenda", uma produção recente, mas carregada dos mesmos estereótipos preconceituosos.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirJustamente Marcelo Ferraz, o interessante seria que os brasileiros estudassem, pesquisassem mais sobre a nossa região, para verem que nossa região é rica em costumes, cultura, fauna, flora, assim como as demais regiões, deixando de lado esses preconceitos.
ResponderExcluirAutora: Raryelle Mauranna de Araújo Leal.
Concordo totalmente com você, Raryelle.
ExcluirBem interessante o texto. Parabéns! É pertinente sempre termos esse olhar mais sensível tbm para as linguagens artísticas, e como elas, por meio dos discursos que carregam e das representações que fazem, afetam de algum maneira o modo de pensar da sociedade. Diante disso, eu gostaria de saber...
ResponderExcluirQue autores, teóricos ou historiadores tratam dessa ideia da representação?
Desde já agradeço.
Rafael Souza Ferreira (UFPA)
Bom dia, Rafael. Se você deseja
Excluirse aprofundar na temática da representação das identidades representadas pelo cinema, sugiro a leitura de Márcio Gonçalves e Durval Muniz presentes nas redes. Obrigado.
Bom dia, Rafael. Se você deseja
Excluirse aprofundar na temática da representação das identidades representadas pelo cinema, sugiro a leitura de Márcio Gonçalves e Durval Muniz presentes nas referências. Obrigado.
O filme, O Cangaceiro de 1953, mostra o sistema de vida dos nordestinos, como este tipo de convivência é a característica tirana do povo nordestino. Porque o filme não foi gravado no nordeste? Foi falta de recurso?
ResponderExcluirO filme Rio, 400 graus de 1955, discrimina o povo nordestino do povo carioca ou sulista, trata-se do sistema urbano, da civilização, diferente do sertão nordestino.
Esses filmes serviam para divulgar através do cinema as diferenças entre o sistema de vida dos nordestinos e os sulistas do Brasil.
Autor: Raul Francisco Leal.
Prezado Raul, acredito que não foi falta de recursos o que levou o filme O cangaceiro ser filmado em São Paulo. O canto do mar, do mesmo ano, produzido pela Kino Filmes, uma produtora pequena, foi gravado em Pernambuco. Os produtores de O cangaceiro, na minha opinião, não tinham era interesse em rodar o filme no nordeste. Talvez tivessem o mesmo medo e preconceito da região que exibiram nas telas.
ExcluirComo professores o que podemos fazer com e para os alunos para que esse discurso preconceituoso sobre a região Nordeste possa ser extinto ou pelo menos minimizado? Porque esse discurso limitado sobre o nordeste é tão expressivo ainda que atinge o imaginário do próprio nordestino que muitas vezes crê realmente que a região é ruim como outras partes do país consideram. Muito interessante sua pesquisa, parabéns!
ResponderExcluirATT: Antonia Stephanie Silva Moreira- UEMA (Campus Caxias)
Boa tarde, Stephanie. Na minha opinião, o que bebemos fazer é tratar sobre a construção desse discurso exclusivista, gerado no início iodo século passado. Só vamos desconstrui-lo quando conseguirmos que o aluno perceba como esse discurso preconceituoso e estereotipado foi construído.
ExcluirBoa noite! O artigo trabalha o assunto esclarecedor e traz uma discussão que é pertinente. A imagem que foi criada do Nordeste, de seca e fome. Foi criada na primeira metade do século XX, e o cinema reforçou esse discurso. Por ser uma obra que trabalha com imagem, deu uma roupagem daquilo que tinha sido criado. E que isso precisa ser trabalhado na sala de aula, em discussões e apresentações em grupos para que seja quebrado essa imagem errônea.
ResponderExcluirBruno Moreno Soares-UVA
Concordo, Bruno. O cinema de 1950 transformou em imagem o discurso da literatura de 1930.
ExcluirO cinema é uma das ferramentas educacionais. E mostra as culturas e os costumes de uma determinada região. Este artigo nos faz lembrar a importância que tem a cultura e os costumes nordestinos para construção da identidade brasileira. Fazendo-se necessário se perguntar o porque de tanto preconceito acerca do nordeste que se permeia até os dias atuais. Sendo que, o que para muitos é preconceito para nós é
ResponderExcluirO cinema é uma ferramenta fundamental para a educação. Este artigo nos faz lembrar da importancia que tem o cinema para preservação da memória, da cultura e dos costumes de uma região. É pertinente lembrar que o que muitos têm como preconceito que o chamam de miséria e fome para os nordestinos é um orgulho ter aguentados firmes esse período dolorido para os nordestinos. As obras citadas neste artigo nos faz lembrar a importância que tem a cultura e os costumes dos nordestinos para a construção da identidade brasileira.
ResponderExcluirDOUGLAS DE ARAÚJO SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Com certeza, Douglas.
ExcluirExcelente texto, após 1930, a geração que almejava explicar o Brasil, embora essa busca de identidade abriu espaço para se pensar sobre o Nordeste de uma forma mais cuidadosa na questão da literatura, não foi o mesmo encarado pelos de 1950 no cinema, cabe a nos quanto historiadores e pesquisadores desconstruirmos esse conceito petrificado de nordeste, e observarmos seus aspectos múltiplos, ricos de cultura e diversidade
ResponderExcluirDiego Silva Lima-UFPI
032.728.663-61
Caro Diego. O cinema replicou o discurso da geração de trinta. Entretanto, como um veículo que trabalha imagens em movimento, não teve a possibilidade de deixar brechas para a interpretação subjetiva que a literatura permite.
ExcluirBom dia!
ResponderExcluirParabéns pelo artigo !
Acredito que a temática abordada no texto é de extrema relevância social, principalmente na atual conjuntura que o Brasil se encontra, dessa forma é necessário que nos ambientes educacionais ocorra um processo de desconstrução desses estereótipos sobre o Nordeste. Seu artigo discute a "invenção do Nordeste", esse estigma citado, gostaria de saber se sua pesquisa chegou a ter informações sobre filmes que tentam fazer o oposto, que desconstruir essa visão deturpada sobre o Nordeste ?
Adomiran Moreira de Araújo Junior - Universidade da Amazônia (UNAMA)
Caro Adoniran. Uma ideia tão sólida como a da invenção do nordeste, que mobilizou vários veículos, como jornais, literatura e cinema (o tema do nosso trabalho) não pode ser desconstruída tão facilmente. Precisamos trabalhar a mente de nossos alunos para que nas próximas três ou quatro décadas possamos reverter esse pensamento de que o nordeste é uma região de analfabetos famintos e sem esperança. Cabe a nós essa tarefa. A interdisciplinaridade pode ser extremamente útil nessa missão. A utilização dos filmes aqui expostos podem e devem servir como exemplo dessa construção. Uma nova safra de cineastas nordestinos, como por exemplo, Kleber Mendonça Filho, com seus filmes "O som ao redor" e "Aquarius", nós mostra que nós somos tão parecidos, dentro de nosso melhor e pior, como qualquer outro habitante do Brasil. Seja do Norte ou do Sul.
ExcluirCaro Adoniran. Uma ideia tão sólida como a da invenção do nordeste, que mobilizou vários veículos, como jornais, literatura e cinema (o tema do nosso trabalho) não pode ser desconstruída tão facilmente. Precisamos trabalhar a mente de nossos alunos para que nas próximas três ou quatro décadas possamos reverter esse pensamento de que o nordeste é uma região de analfabetos famintos e sem esperança. Cabe a nós essa tarefa. A interdisciplinaridade pode ser extremamente útil nessa missão. A utilização dos filmes aqui expostos podem e devem servir como exemplo dessa construção. Uma nova safra de cineastas nordestinos, como por exemplo, Kleber Mendonça Filho, com seus filmes "O som ao redor" e "Aquarius", nos mostra que nós somos tão parecidos, dentro de nosso melhor e pior, como qualquer outro habitante do Brasil. Seja do Norte ou do Sul.
ExcluirExcelente pesquisa! Por trazer como o cinema pode ajudar no processo de aprendizagem dos alunos. Que ele também pode ajudar para acabar com a visão preconceito sobre o Nordeste. Quais o critérios que foi utilizado para a seleção dos filmes estudos? Parabéns pela pesquisa
ResponderExcluirAtt. Emmanuele Vale Silva-UEMA-Campos Caxias
Bom dia, Emmnuele. O critério utilizado foi a forma como a região ou seus habitantes foram retratados na obra. Não foi difícil encontrar essa visão estereotipada. Uma pesquisa em obras mais remotas vai dar no mesmo, acredito.
ExcluirInteressante a abordagem da visão sobre o nordeste no cinema desde os primórdios dessa arte aqui no Brasil sempre mostrando o nordeste, não como de fato é mas pelo prisma da caricatura.
ResponderExcluirCleberson Vieira de Araújo - CENID/UFERSA
Obrigado, Cleberson. Se tivéssemos utilizado a literatura ou a música teríamos chegado a mesma conclusão.
ExcluirParabéns pelo trabalho. É importante romper com certos paradigmas, principalmente, quanto ao povo nordestino, que nas últimas semanas veem sofrendo preconceitos e ataques gratuitos. Seu trabalho vem na contramão deste processo.
ResponderExcluirVanessa Cristina da Silva Sampaio - Universidade Federal do Amazonas-UFAM
Obrigado pelo comentário, Vanessa. Não podemos permitir a perpetuação dessas ideias preconceituosas. Unamos nossas forças para que as próximas gerações de alunos possam perceber que o conceito que carregamos de povo marginal e desgraçado possa ser transformado.
ResponderExcluirCinema é muito bom p nós povos indígenas. às vezes tem muito preconceito mesmo. OS nordestino tem q fazer como nos índios eles tem que fazer seus filmes.
ResponderExcluirO artigo é bom. Parabéns
Impej
Misael Croto Canela
Obrigado, Misael.
ExcluirParabéns pela abordagem.
ResponderExcluirTrazer a arte para uma discussão histórica é uma prática que ainda precisa ser mais explorada. E sua pesquisa aponta isso, principalmente quando ao ler, percebemos que a arte está nos mínimos detalhes de uma cultura e em como isto transforma, molda e nos faz ter uma visão diferente de mundo. Para tanto, o olhar sobre esta temática deve ser sensível.
Att: Theresa Crystina Vieira Sousa (UEMA-Caxias) 61204406316
É verdade, Theresa. As ideias são colocadas como conta gotas. Aos poucos se instalam e se transformam em verdade pela repetição. Foi mais ou menos o que aconteceu com a construção da imagem do nordeste na primeira metade do século XX.
ExcluirParabéns pelo trabalho!!! O cinema foi um objeto de fundamental importância para saber da história, dos costumes, das culturas .
ResponderExcluirAmanda Gabriela do Rego Nascimento
A cultura é uma das ferramentas muito importante para construção histórica.
ResponderExcluirInteressante a abordagem da visão, trabalho muito bom.
Amanda Gabriela do Rego Nascimento
Uma temática interessante, mais eu gostaria de saber neste esteriótipo que esta entorno do nordeste e dos nordestino, foi um esteriótipo que foi imposto pela classe intelectual ou foi pelo povão. e qual a participação dos nordestino para a permanecia do mesmo nesta mentalidade da população brasileira.
ResponderExcluirAss: Josiel Luis Franco de A ndrade Carvalho.
A classe intelectual moldou e a classe dominada assimilou e propagou, Josiel.
Excluir