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RELAÇÕES DE GÊNERO NA LITERATURA DE CORDEL


Caroline Pinheiro de Oliveira
Graduada do curso de Licenciatura Plena em História na Universidade Federal do Piauí-UFPI, Campus Senador Helvídio Nunes de Barros–Picos-PI.


Resumo: O presente artigo tem como objetivo discutir as relações de gênero na literatura de cordel, para está analise usaremos os seguintes cordéis: A bunda da Chica boa e O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar. O foco principal será as relações de gênero que são descritas nestes textos, esses cordéis disseminam padrões sociais ajudando no controle social. Os cordéis podem assumir dimensões imaginarias e reais, sendo assim não existe um limite para as histórias contadas, misturando a realidade com o imaginário.  
Palavras-Chaves: Literatura- de cordel; Relações de gênero; Padrões sociais.


As histórias de cordéis no Nordeste

Os folhetos de cordel chegam ao nordeste do Brasil no final do século XIX. Primeiramente essas histórias eram repassadas pela oralidade por meio de cantigas e assim percorriam as estradas, os vilarejos e engenhos. “Esses cantadores apresentavam-se nas casas-grandes das fazendas ou em residências urbanas, em festejos privados ou em grandes festas públicas e feira” (ABREU, 1999, p. 75).
Os assuntos tratados nessas cantigas eram os mais variados, como sátiras, descrições da natureza, romance. O vaqueiro e o boi eram os personagens mais frequentes nesse período. É necessário destacar que essas cantigas eram exclusivamente cantadas por homens. 
Depois é que essas histórias passaram a ser escritas, assumindo formas e linguagens, segundo Abreu (1999, p. 91) “no final dos anos oitocentos, parte do universo poético das cantorias começa a ganhar forma impressa, guardando, entretanto fortes marcas de oralidade”.
            A partir dessa produção literária, podemos perceber o imaginário construído no ideal dos autores, que expressam nos cordéis situações diversas, e em muitas delas, essa discussão que aborda experiências cotidianas dos personagens, como também dos próprios autores onde unem o imaginário com o cotidiano, o cenário e a situação social, “Trata se, pois, da constante preocupação do cordelista em mostrar um modelo idealizado da boa conduta, como forma de ensinamento e correção, porquanto somente as atitudes positivas e virtuosas são dignas e valem a pena” (SILVA, 2008, p. 39). O cordel serviria como uma espécie de manual de conduta que representa as histórias de forma mais descontraída, por meio dessas histórias é possível saber quais comportamentos são adequados e quais são reprovados na sociedade.

As representações do feminino e do masculino

 O cordel A bunda da Chica boa do autor Alberto Porfírio traz a história de uma mulher que tinha a bunda de um tamanho avantajado e que chamava a atenção por onde passava, alguns ficavam admirados e outros espantados, gerando comentários maldosos e criticas. Vejamos a seguir um trecho do cordel:

De dez e quinze pessoas
Se via em cada janela
Todo comércio parou
Para olhar a bunda dela
Tenho visto muita bunda
Mas nunca vi como aquela.

É bunda de dar sucesso
Do norte ao sul do país
Não pude medir, é claro,
Mas, pelos cálculos que fiz,
Dava no mínimo dois metros
A largura dos quadris.
(PORFÍRIO, 2006, p.1)

Nota-se que o corpo avantajado de Chica parou o movimento da rua, alguns homens mostravam-se encantados por suas proporções expressando admiração, desejo e até mesmo assédio, tecendo comentários e fantasiando comparações exageradas a partir do que observavam em Chica, daí as piadas com teor sexual e também humorístico.

Multidões acompanhavam
Onde a Chica ia passando
Eu como poeta e filósofo
Fiquei sozinho murmurando:
Tanta gente desbundada
E tanta bunda sobrando.

Marta Rocha da Bahia
Que bunda famosa a dela!
Em um concurso de bunda
Ultrapassou a tabela
Foram-se medir as duas
A Chica Boa deu nela.
(PORFÍRIO, 2006, p. 03)

Neste cordel conseguimos perceber uma padronização dos corpos, uma mulher com o bumbum avantajado causa espanto na maioria da população, o normal seria um bumbum nem pequeno e nem grande. Contudo vemos que esses padrões ditam uma cultura de uma harmonia em que o que é demais é excesso e o de menos fica a desejar, por isso aquilo que foge a esses padrões e alvo de polêmica e crítica. Os padrões da sociedade muitas vezes estão voltados para agradar um público especifico, no caso a mulher deve agradar a classe masculina.

Encarnar a beleza é uma obrigação para as mulheres, não para os homens, situação esta necessária e natural por ser biológica, sexual e evolutiva. Os homens fortes lutam pelas mulheres belas, e as mulheres belas têm maior sucesso na reprodução. A beleza da mulher tem relação com sua fertilidade; e, como esse sistema se baseia na seleção sexual, ele é inevitável e imutável. (WOLF, 1992, p.15)

Cada sociedade tem um padrão de beleza especifico, no Brasil esse padrão é definido pelas mulheres magras, mas que possuem seios e bumbum avantajado. A sociedade da beleza também e a sociedade do consumismo, pois esses corpos são desenhados através de horas intensas na academia com seus personal trainer, dietas restritas, suplementos alimentares. Ser bonita custa caro e boa parte das mulheres não tem o dinheiro necessário. “Ao atribuir valor às mulheres numa hierarquia vertical, de acordo com um padrão físico imposto culturalmente, ele expressa relações de poder segundo as quais as mulheres precisam competir de forma antinatural [...]” (WOLF, 1992, p.15). Por esse motivo econômico as mulheres da capa de revistas, as belas atrizes de filmes e novelas são “perfeitas” quando comparadas as mulheres reais, é uma competição desigual e que traz sérios problemas.
Ao observarmos a ilustração da capa do cordel analisado, figura 1, percebemos como a Chica boa está arrumada, veja que ela usa um vestido que valoriza seu bumbum e um salto que o deixa mais empinado. O padre na ilustração mostra-se “espantado” com Chica boa, pois o bumbum é uma parte física do corpo que atrai sexualmente e que é capaz de fazer até um homem santo cair em tentação, observe como ele faz uma oração enquanto observa fixamente para a moça.





                                  Figura 1: Capa do cordel “A bunda da Chica boa”
                                                    Fonte: PORFÍRIO, Alberto. A bunda da chica boa. Ceará: Fortaleza, 2006.

 O Bumbum feminino é um elemento tão atrativo que até existem concursos para eleger o bumbum mais belo do Brasil, e nesse contexto também associamos ao fato de para outros olhares o avantajado se torna algo que qualifica e da ênfase enquanto o pouco se torna descartado. “A "beleza" não é universal, nem imutável, embora o mundo ocidental finja que todos os ideais de beleza feminina se originam de uma Mulher Ideal Platônica” (WOLF, 1992, p.15). O nome da personagem também pode ser motivo de analise, Chica boa, pela história podemos sugerir que o boa está relacionado com os atributos físicos de Chica.
No cordel seguinte intitulado O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar do autor Sávio Pinheiro, traz a história de um marido que foi traído pela esposa com seu irmão. O cordel começa com a discussão sobre a mudança de uma fase etária, na qual as transformações do corpo é assunto entre os adolescentes, que procuram se informar sobre a questão. É ai que também vemos o confronto entre opiniões e ideologias mais tradicionais com as mais contemporâneas.

É chegada a juventude
De maneira natural
Muda o corpo de Maria
Fica mais escultural
Os dois rapazes crescendo
Já tem vida sexual.
(PINHEIRO, 2006, p.03)

De um lado podemos ver que essa mudança se da de uma forma natural, inevitável e comum entre os jovens, no período da puberdade, a passagem do menino para o rapaz, da menina para a mocinha, e que sobre um olhar mais tradicional, essa mudança vem também como afirmativa da virilidade, do inicio da atividade sexual no caso dos meninos, e da fertilidade no caso das meninas. Esses meninos eram iniciados desde muito cedo na vida sexual, contudo essa vida sexual não deveria estar ligada a afetividade, mas apenas a satisfação. Enquanto isso as mulheres deveriam manter-se virgens até o casamento, para satisfazer as vontades dos futuros maridos.

A mulher cabia também zelar pelo bom andamento da casa e da família. Ela deia ser o ponto de apoio para o marido e os filos, deia saber perdoar as pequenas falhas cotidianas, manter-se firme nos seus compromissos e fiel ao marido, mesmo que ele não fizesse o mesmo. A harmonia e equilíbrio do lar estavam diretamente ligados ao bom desempenho, por parte da mulher, de seus deveres domésticos. (CASTELO BRANCO, 2005, p.76)

Por outro lado também vemos que a formação do corpo, por exemplo, o “mais escultural” remete também aos instintos de admiração e desejo associados à prática da sexualidade, os traços a serem admirados que embelezam o olhar dos que admiram, como também os rapazes que “já tem vida sexual” assumem aquele posto em que já estão prontos para estarem em uma constante busca para praticar a sexualidade, como se a pratica da sexualidade fosse necessária para legitimar a masculinidade.
No próximo verso a moça casada, mesmo assim vaidosa, e o marido, aquele que sustenta e não deixa nada faltar, nos remete àquela velha concepção patriarcal, do homem o guardião da família e a mulher a responsável pelos cuidados do lar, ou seja, nessa estrofe podemos discutir a relação de um padrão incorporado na obra defendendo princípios que atualmente não nos são mais tão imponentes.

Maria sempre bonita
Bem contente e arrumada
Cuida bem de seu marido
E se sente muito amada
Ele, um trabalhador
Não lhe deixa faltar nada.
(PINHEIRO, 2006, p. 06)

O que vemos hoje é uma realidade bem diferente, em que as mulheres que não deixam de serem zeladas, que se arrumam, que trabalham e que se sustentam, e que às vezes invertem o papel que foi construído por uma sociedade machista e que preza por uma hierarquia de gênero não mais condizente com a realidade atual.
As próximas duas estrofes remontam uma situação também muito comum a ser vista cotidianamente, no caso do desgaste de relações em que a supremacia de um dos lados encarrega o outro por tais atos, a responsabilidade e a liberdade se confrontam nesse cenário familiar. Contudo, na maioria dos casos o desgaste do casamento, a responsabilidade é atribuída à mulher, sendo assim a traição masculina teria uma justificação.
Passados dez longos anos
Três filhinhos dão à graça
Mas o casal perde o ânimo
Não se beija, não se abraça,
A rotina toma conta...
Poderá surgir trapaça?

Maria sente a mudança
No coração de Zezinho
Ele se perfuma todo
Não lhe faz um só carinho
Passe a noite no forró
Chega em casa de mansinho.
(PINHEIRO, 2006, p. 06)
           
Mais uma vez vemos a autoridade masculina se sobrepondo em tal situação, os filhos já são uma responsabilidade, mas mesmo assim podemos entender que enquanto Maria sente os reflexos desse desgastes, Zezinho se sente na liberdade de sair não se importando com Maria, resquícios de uma relação ao que cai na rotina e traz a questão “Poderá surgir trapaça?”, essa trapaça seria uma possível traição. “A fidelidade da esposa ao marido deveria também ser observada no tocante as ideias e princípios defendidos pelo mesmo. A mulher não deveria discordar do seu esposo, ter pensamentos que viessem a entrar em conflito com os dele” (CASTELO BRANCO, 2005, p.76).
Contudo a “traição natural” seria o marido ter uma amante, entretanto nesse cordel quem tem um caso é a esposa. Essa traição aconteceu apenas em sonho, Maria teve uma relação sexual com Zezé que é irmão de seu marido, mas ficou muito arrependida por ter tido sonhos impuros. Com isso vai pedir perdão ao esposo pela traição cometida. Perceba que a traição feminina é tão repugnante que até um sonho erótico com um homem que não seja o marido é motivo de vergonha. “A elas certos comportamentos, posturas, atitudes e até pensamentos foram impostos, mas também viveram o seu tempo e o carregaram dentro delas” (FALCI, 2001, p. 202). O marido pode passar a noite no forró com outra sem ter a consciência pesada.

Figura 2: Capa do cordel “O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar ”
 

 
Fonte: PINHEIRO, Sávio. O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar. Ceará: Fortaleza, 2006.

 


 No desenrolar da historia descobrimos que os papeis do casamento foram trocados e que Maria estava casada no papel com Zezé que acaba morrendo, o seu espirito ao saber que seu irmão o enganou decide voltar para se vingar, os sonhos eróticos que Maria tinha com Zezé faziam parte da vingança. A narrativa não está ligada diretamente aos limites da realidade, a história do morto que se vinga de uma traição, e que sem barreiras o cordel é construído mesmo sem probabilidades reais de tal acontecimento.
O presente cordel apresenta a história de um homem que para se vingar da uma traição precisa usar a esposa, colocando a mulher a disposição do homem, ou melhor, dos homens, o marido e o amante, também havia os homens que foram traídos, colocando a dualidade nas identidades masculinas.




Considerações finais

A analise desse material possibilitou conhecer as realidades acerca desse cenário em que a sexualidade ainda é alvo de estereótipos, o debate sobre o uso dos corpos tem sido constante. Entendemos que o corpo enquanto construção histórica, influenciado por fatores sociais, políticos e culturais apresenta questões que atingem a construção das identidades. Na atualidade a discussão de gênero ganha destaque, tem se discutido muito sobre as mudanças que a sociedade vem enfrentando e as relações de poder que os sexos exercem um sobre o outro.
Uma das causas discutidas no contexto de gênero e história é a relação de poder e sexualidade, como construção histórica e social, na qual estabeleceu padrões tradicionais. A masculinidade também era definida nos espaços domésticos, na relação com as mulheres, com filhos e agregados onde esses tinham que dar o respeito, a obediência ao marido, ao pai e ao patrão, sempre uma figura masculina.
Nas histórias A bunda da chica boa e O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar as protagonistas são mulheres, contudo suas narrativas se desenvolvem em torno de homens que de alguma forma tentam impor seus domínios sobre os corpos e pensamentos femininos.


Referências

ABREU, Márcia. Histórias de cordéis e folhetos. Campinas: São Paulo, 1999. p. 75-91.
CASTELO BRANCO, Pedro Vilarinho. Mulheres Plurais: a condição feminina na Primeira República. Teresina: Bagaço, 2005.
FALCI, Miridan Knox. Mulheres do sertão nordestino. In: PRIORE, Mary del. (Org.). História das mulheres no Brasil. 4 edição. São Paulo: Contexto, 2001. p. 202.
PORFÍRIO, Alberto. A bunda da chica boa. Ceará: Fortaleza, 2006. p. 01-03.
PINHEIRO, Sávio. O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar. Ceará: Fortaleza, 2006. p. 03-06.
SILVA, Raimundo José da. Identidades e Representações do Nordeste na Literatura de Cordel. Universidade Federal do Mato Grosso. Três Lagoas. 2008. p. 39.
WOLF, Naomi. O mito da Beleza: como as imagens de beleza são usadas contra as mulheres. Rio de Janeiro: Rocco, 1992.

Comentários

  1. Prof. Esp. Julio Cesar Alves Pereira Nunes30 de julho de 2019 às 17:40

    Olá, cara Caroline Pinheiro de Oliveira. Primeiramente gostaria de lhe parabenizar pela escrita do texto e sua consequente inscrição no I Simpósio Nacional a distância de História e Historiografia.

    Sua abordagem sobre a vertente relacional entre História, Gênero e Literatura, essa representada através dos cordéis, foi muito interessante e pertinente. Sobre os padrões sociais implicados em uma sociedade patriarcal, sua análise consistiu em apresentar o cordel como um manual de conduta para uma sociedade que se desenvolvia através de uma dualidade expressada pelos comportamentos adequados e reprovados no trato social. Perspicaz, também, é sua discussão a respeito da padronização dos corpos vista através de uma sociedade da beleza e do consumismo.

    Vi que já é graduada em História pela Universidade Federal do Piauí, e meu questionamento versa mais pela curiosidade em saber se você utilizou os cordéis em sua monografia.

    Indico como leitura o livro "Relações de gênero da literatura de cordel", cujo autor é Miguel Pereira Barros. O mesmo discorre sobre os discursos referentes ao masculino e feminino, contextualizando a produção de folhetos que eram publicados na cidade de São Paulo em meados dos século XX.

    Parabéns pela sua proposta de trabalho.

    Estamos abertos ao debate.

    Prof. Esp. Julio Cesar Alves Pereira Nunes (PPGHB-UFPI)

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    1. Caroline Pinheiro de Oliveira31 de julho de 2019 às 04:51

      Olá, fico feliz que tenha gostado. Não trabalhei com essa temática no meu TCC, porém estou pensando em continuar com ela no meu trabalho de conclusão de especialização. Estou em dúvida se continuo com essa mesma vertente ou se dou uma mudada. Durante a escrita do artigo percebi que a beleza é vendida para as mulheres como um bem de consumo e que a onda da beleza natural que invadiu as redes sociais não é tão natural assim, decidindo ainda por onde seguir. Obrigada pela indicação do livro, vou ler sim. Abraços.

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  2. Boa noite!
    Nessas histórias vemos o sofrimento que a mulher enfrentar diariamente, por causa do machismo ou para seguir padrões de uma sociedade, que ainda hoje tem se o homem com ser superior a mulher.

    Vanessa da Silva Brito
    UFPI -CSHNB

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    1. Caroline Pinheiro de Oliveira31 de julho de 2019 às 04:57

      Ainda temos muita luta pelo caminho, somos disciplinadas pela televisão, jornais, livros, redes sociais, família e muitos outros. Ser mulher é uma tarefa árdua, obrigada pela participação, abraços.

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  3. Olá Caroline, parabéns pelo seu trabalho, percebe-se uma abordagem interessante baseada na literatura de cordéis que mostram padrões sociais que inferiorizam as mulheres a todo custo, seja na sexualização do corpo feminino, nas relações conjugais e familiares. Na sua opinião, houve mudanças na forma em que a mulher era vista na literatura de cordel nesta temporalidade abordada no seu trabalho para os dias atuais?

    Atenciosamente,
    Camíla Joseane e Sousa Rios Costa.

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    1. Olá, os cordéis que uso nesse trabalho são de 2006, sinto que de lá pra cá a mudança na representação do feminino não teve tantas mudanças mas em compensação tem aumentado o número de mulheres cordelistas e isso já é um ponto positivo.
      Obrigada pela participação.
      Caroline Pinheiro de Oliveira UFPI

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  4. Olá Caroline, Primeiramente lhe parabenizo pelo belíssimo trabalho, a leitura de suas análises é tão prazerosa quanto a leitura de cordéis. As abordagens a partir das literaturas sobre os costumes culturais, o papel da mulher, a dominação masculina, os padrões sociais e culturais de inferiorização feminina e elevação do biotipo ideal são aspectos muito presente em nossa sociedade. A mulher tem o seu papel delimitado e qualquer coisa que a faça não seguir os padrões ou fugir do esteriótipo de "mulher fisicamente ideal" é algo, infelizmente, inaceitável em nossa sociedade altamente machista. É satisfatório trabalhos como este, que evidenciam uma abordagem da relação de gênero através da literatura de cordel, mostrando a realidade dessa temática tão abordada, mas sob um novo enfoque.
    Autora: Ilmara Vaz Bastos

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    1. Olá obrigada pelo comentário, infelizmente a repressão feminina pode ser encontrada nos mais diversos meios e o cordel é um deles. Abraços

      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA- UFPI

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  5. Achei muito interessante esse trabalho, pois além de apreciar a literatura de cordel, conta histórias de como a mulher era e é vista até os dias atuais. É relatado nessas histórias acima o quanto a mulher é menosprezada em relação ao homem, o quanto sofria por ser tratada como inferior, isso são as consequências de uma sociedade machista, patriarca, que põe a todo custo o homem como "o dono do mundo que pode fazer tudo e que manda e tudo". Desde quando criança, o menino já é ensinado a ser assim. Mas isso vem sendo rebatido nos dias atuais, espero que vá havendo mudanças ao decorrer do tempo.
    Autora: Raryelle Mauranna de Araújo Leal.

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    1. Olá, excelente comentário, ainda temos uma longa batalha pelo caminho. Obrigada pela sua participação, abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA -UFPI

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  6. Boa noite, fico feliz em ver que o seu trabalho traz protagonistas feminino mostrando o que naquela época não se podia nem se quer sonhar. A relação de gênero hoje em dia está sendo bem discutida, porém, naquela época o machismo era totalitário e muitas vezes era denunciado em forma de cordel como pode ser notado nos cordéis acima citados.
    Parabéns pelo artigo; Excelente trabalho.
    DOUGLAS DE ARAÚJO SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

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    1. Olá, é interessante destacar que os cordéis que uso nesse artigo não são tão antigos assim, eles datam de 2006, os personagens desses cordéis são femininas mas são descritas por uma visão masculina já que os autores são homens. O seu comentário me fez pensar em uma nova possibilidade de trabalho, seria interessante uma pesquisa que trouxesse personagens femininas onde as autoras fossem mulheres. Abraços, obrigada pela participação.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA- UFPI

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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  8. Boa noite, é interessante a sua abordagem através da literatura de cordéis, pois os cordéis expressavam de forma espontânea e natural os anseios e preconceitos do homem para com a mulher. E muitas vezes representavam como no cordel acima "O morto que foi chifrado e voltou pra se vingar" as formas de submissão sofridas pelas mulheres.

    Jessé Luiz da Silva Brito ( CEAD-UFPI )

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    1. Olá, na atualidade nós mulheres ainda somos submissas aos homens, se você meu amigo for morador de uma cidade pequena vai entender melhor o que estou querendo dizer, apesar das mudanças na sociedade as mulheres ainda são reféns de maridos que tentam controlar até seus pensamentos. Somos ensinadas desde de pequenas que o homem manda e a mulher obedece, enfatizo as cidades pequenas e os interiores pois o casamento ainda é visto como garantia de futuro, sei que isso também acontece com as mulheres nas cidades grandes mas nos interiores a falta de oportunidades de educação e de trabalho levam as mulheres a verem no casamento a unica saída possível. Abraços e obrigada pela participação.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA- UFPI

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    2. Olá, Caroline. Compreendo seu ponto de vista, de fato as mulheres ainda hoje sofrem como diversas formas de submissão e piadinhas de mal gosto, efeitos de dessa sociedade machista que carrega as heranças historicas de um tempo cuja a sociedade era extremamente patriarcal e machista. Mais uma vez expresso minha admiração pela forma como a temática foi apresentada através da literatura de cordel. Parabéns pelo trabalho.

      Jessé Luiz da Silva (CEAD-UFPI)

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  9. Parabéns pelo texto, jovem. Sua análise é, de fato, muito profícua. A partir dela, evidencia-se que histórias de cordéis como essas podem ser consideradas como mecanismos de controle acionados por uma sociedade de base patriarcal, como a brasileira, a fim de cercear a vida da mulher, restringindo assim suas sociabilidades, liberdades e manifestações.

    Comentado por: Raimundo Nonato Santos de Sousa / CESC-UEMA.

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    1. Olá, sim meu caro as histórias de cordéis também servem como mecanismos de controle, são manuais que agem no nosso inconsciente. Obrigada pela participação, abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA -UFPI

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  10. Olá Caroline, muito bem, gostei da ideia de relatar a Literatura de Cordel no I Simpósio de História, pois esse gênero lamentavelmente está sendo esquecido pela nossa sociedade, eu fui cantador repentista dois anos, em 1985 a 1987, sou fã da cantoria e do cordel, lancei um folheto em agosto de 2018, titulado de ‘’Historiadores da UFPI’’ de minha autoria a respeito da minha turma de História no IV Bloco no Polo de Jaicós-PI.
    Autor: Raul Francisco Leal

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    1. Olá, é importante recuperar as histórias de cordéis, elas são um dos símbolos do povo nordestino. Se por acaso o seu cordel tiver sido publicado online deixa aqui nos comentários o link para podermos dar uma olhada. Obrigada pela participação, abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA- UFPI

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  11. Ola Caroline!
    Adorei seu texto.
    Gostaria de saber se você chegou a estudar também nessa concepção dos padrões de gênero que constroem a figura do homem enquanto ser bruto, valente e a mulher enquanto possível ferramenta para a concretização do pecado, propria ausencia de mulheres nas produções de literatura de cordel,
    ja que vemos que a maioria desses textos são escritos por homens!
    Qual seus apontamentos sobre isso?


    Marcos de Araújo Oliveira

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    1. Olá Obrigada pela sua participação. Profundamente eu não estudei essa construção do homem enquanto ser bruto, mas pelas leituras percebi que da mesma forma que a mulher é ensinada a ser submissa e obediente, o homem também passa por um processo de disciplinação, posso citar por exemplo o fato do homem não demonstrar sentimentos. Desde de menino é ensinado que chorar e coisa de menina, o homem passa boa parte da sua vida tendo que esconder seus sentimentos, esse é só um exemplo superficial. Abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA- UFPI

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  12. Maravilhoso seu trabalho... permeia uma viagem pelo sertão, ora Patriarcal... dialoga com o cordel de João Grilo... Lampião e Maria Bonita. Como diz Camara Cascudo... os 'causos' do Sertão tecem através do cordel; arte, cultura e História. Denotam a identidade cultural do Sertão.
    Por; Maria Cândida de Jesus Pereira

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    1. Obrigada pela participação. Abraços
      Caroline Pinheiro de Oliveira UFPI

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  13. Parabéns pelo trabalho, Caroline.

    Muito interessante a temática e a discussão entre gênero e literatura. Conheço, nessa esfera, alguns trabalhos do poeta crateuense, Lucas Evangelista, o qual escreveu o cordel O homem e a mulher. Neste, ambos, ele e sua esposa, manejam meio que uma disputa sobre quem é melhor. O curioso é que ela, ao defender-se, reproduz alguns estereótipos sobre a mulher como a resignação ao lar, às tarefas domésticas, por exemplo.

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    1. Obrigada pela participação, vou dar uma olhada nos trabalhos do poeta Lucas Evangelista, abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA - UFPI

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  14. Olá Caroline, muito bom o seu trabalho. Muito interessante sua forma de discutir gênero a partir do cordel, que, pelo pouco que conheço como leitora, perpetua um pouco a ideia do "macho" como o mais forte, o mais relacionado e o que tem certos "direitos" sobre a sociedade e sobre as mulheres. Achei muito interessante no fim do seu texto quando você diz que os cordéis analisados possuem duas mulheres como protagonistas, porém, elas só estão nesse papel por causa das suas relações com os homens personagens da história. Por isso pensando sobre esse homem do cordel e de sua construção tanto na literatura quanto no contexto real, gostaria de lhe indicar uma obra que talvez possa lhe interessar a pensar sobre essa questão, que é "Nordestino - Invenção do "falo" - Uma História do Gênero Masculino (1920-1940)" do Durval Muniz de Albuquerque Júnior.
    Espero que lhe ajude!

    Camila Rafaela Pereira de Souza (PPGH - UFRN)

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    1. Olá, sim já li essa obra, onde Durval Muniz traz uma discussão a respeito da relação entre as mudanças históricas na sociedade tradicional do engenho, no nordeste brasileiro, no começo do século XX. Durval discute a perspectiva de que houve um encurtamento do mundo, onde ao homem estão sendo colocados limites mais rigorosos para a vida dos homens, enquanto as mulheres estão tendo seus espaços alargados. Obrigada pela participação.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA - UFPI

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  15. Francisco Lucas Gonçalves dos Reis2 de agosto de 2019 às 07:53

    Interessante observar que até mesmo na literatura de cordéis encontramos a inferiorização da mulher e a sexualização do corpo feminino que foram muito bem analisados aqui neste artigo.
    Muito importante quando você fala sobre o corpo perfeito, as criticas que as pessoas recebem (não só as mulheres) quando tem um corpo que não está "nos padrões" relacionando tudo isso com a sociedade de consumo, onde o corpo perfeito é buscado todos os dias na academia. Parabéns por perceber todas estas questões na literatura de cordéis onde algumas infelizmente apresentam essa visão sobre a mulher.
    FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS.
    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - CAMPUS CAXIAS.

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    1. Olá obrigada pela sua participação. Infelizmente essa inferiorização da mulher e a sexualização do corpo feminino é encontrada em muitos meios. Abraços.
      CAROLINE PINHEIRO DE OLIVEIRA - UFPI

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