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ANÁLISE DE LOUSAS TUMULARES DO CEMITÉRIO (DA IRMANDADE) SANTO ANTÔNIO


Jéssica Gadelha Morais
Mestra em Arqueologia pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), Especialista em
História e Cultura Afro Brasileira. Graduada em Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Email: moraisjg07@gmail.com


Resumo: A lápide ou lousa é uma laje tumular que contempla duas diferentes linguagens: a imagética e a escrita. A primeira se refere às gravuras que se apresentam em baixo ou alto relevo. Elas são expressões e representações da morte, confissões religiosas, brasões de família ou ainda aspectos singulares das pessoas sepultadas. A segunda refere-se aos epitáfios entendidos como inscrições tumulares que por sua vez podem ser palavras, frases, citações bíblicas ou frases celebrativas referentes à pessoa morta ou de sua memória. Ambas as linguagens se complementam e podem revelar um desejo da pessoa morta ou um desejo dos vivos sobre o morto. Nessa perspectiva em virtude das informações que agregam, as lápides permitem possibilidades de interpretação e reflexão em torno das distinções sociais, dos estilos artísticos, dos aspectos religiosos e culturais e os sentimentos presentes nos espaços cemiteriais. Dessa forma o objetivo do trabalho é analisar a iconografia de três lápides do cemitério Santo Antônio. O percurso metodológico contou com a pesquisa bibliográfica que aborda sobre a morte e a representação da morte, sites especializados em simbologias cemiteriais e com pesquisa in loco, momento em que foi realizado o registro fotográfico.

Palavras-chave: Lápide. Epitáfio. Iconografia. Cemitério. Campo Maior-PI.


Considerações iniciais
O cemitério Santo Antônio está localizado à Rua Padre Benedito Portela S/N, no município de Campo Maior- Piauí a 86 km da capital Teresina.  De acordo com o Inventário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), realizado em 2008, a data aproximada de sua construção remete ao final do século XIX. Em contrapartida, com base no preenchimento das fichas de registro tumular realizado durante as pesquisas de campo constatou-se que o referido sepulcrário pode ter uma data recuada para o
início do século XIX, assim como também pode ser um indício de translado. Dessa forma, a
implantação do cemitério investigado necessita de outras fontes documentais escritas para
melhor compreensão desse aspecto. As pesquisas até agora permite dizer que o encerramento de enterros nessa necrópole está ligado com a questão da saúde pública. Inicialmente o cemitério ficava distante do perímetro urbano, mas com o crescimento da cidade ele passou a fazer parte da urbe e a ter proximidade com as residências. Tal proximidade levou os vereadores a proporem seu fechamento e a construção de um novo espaço mortuário (Projeto lei de n° 50). A área onde o cemitério Santo Antônio está situado não possui nenhuma placa de identificação, cemitério da Irmandade Santo Antônio ou simplesmente Santo Antônio é como aparece referenciado nas fontes consultadas, entre as quais estão os Livros de Tombo da
Freguesia de Campo Maior n°1 e 2 e os Livros de óbito. A população local também o
denomina cemitério velho em virtude de o mesmo estar fechado para sepultamentos desde a
segunda metade do século XX, mais precisamente em 1978(data do último sepultamento). A multiplicidade de nomes para evocar o cemitério já é um indício das múltiplas
histórias que pode estar contidas no seu acervo mortuário, em seus artefatos e estruturas,
respectivamente definidos por Charles Orser Junior(1992) como “itens feitos ou modificados
como resultado da ação humana” (ORSER JUNIOR,1992,pág.31) e “qualquer evidência de
presença humana que não pode ser removida do sítio, mas que fornece informações
abundantes sobre as atividades desenvolvidas no sitio”(ORSER JUNIOR,1992,pág.33).

Por um olhar sobre as lousas tumulares do cemitério Santo Antônio

                             Figura 01: Iconografia da lápide 413
Fonte: Acervo pessoal de Jéssica Gadelha (2015) e ilustração do Mauro Rodrigues

A iconografia pertence a lápide  de D. Ignez Hygina da Costa Araújo. Em seu epitáfio consta o rito de passagem ou como denomina Mary Priori (1997) ritos de existência: nascimento, batismo, casamento e morte.
Aqui jaz D. Ignez Hygina da Costa Araújo filha legitima do major Antonio da Costa Araújo Filho e de sua mulher D. Angelica Borges de Lemos natural da villa de Campo Maior da província do Piauhy nasceo no dia 12 de março de 1873 baptisouse a 12 de junho do mesmo anno falleceo a 19 de julho de 1874 (LÁPIDE 413,1874).

 Pela inscrição observa-se que quando da morte de D. Ignez  ela contava com 1 ano 4 meses e sete dias, ou seja, teve uma infância breve. A iconografia na laje corrobora o epitáfio. Trata-se da imagem de dois anjos em alto relevo sobrepondo uma coroa de flores numa criança que está sentada em algo semelhante a uma flor que brota. Representa, portanto a imagem da criancinha morta. O anjo “personifica o ser espiritual que exerce o ofício de mensageiro entre Deus e os homens, daí merecer uma atenção especial na estrutura figurativa do cemitério” (BORGES, 2002, p. 182).
A outra lápide observada e analisada é a de número 417. Duas iconografias estão presentes nela (Figura 02 e 03)

             Figura 02: Cruz perpassada com foice circundada com coroa de flores
Fonte: Acervo pessoal de Jéssica Gadelha (2015) e ilustração do Mauro Rodrigues


                           Figura 03:  Arabescos formando flor de Lis
                               na lápide de D. Anna Furtado de Mendonça 
Fonte: Acervo pessoal de Jéssica Gadelha (2015) e ilustração do Mauro Rodrigues

A lápide reporta-se a D. Anna Furtado de Mendonça cujo epitáfio indica ter sido seu esposo o capitão Antonio Jose da Costa e com o qual teve três filhos: Padre Fabio, Doutor Antonio e Álvaro (Falecido com 2 meses e identificado no livro de óbito) . D. Anna faleceu no dia 30 de junho de 1879 com 35 anos de idade. Finaliza o epitáfio a seguinte súplica de oração: “pede-se um padre nosso e uma ave Maria pelo amor de Deus (LÁPIDE 416, 1879).
 Um aspecto interessante da lousa tumular é que ela é uma das poucas voltadas para a cruz das almas, além de uma iconografia bastante singular. Trata-se da utilização de representação escatológica, essa entendida como elementos que remetem a passagem do tempo e do esvair-se da vida, com outras simbologias que fazem com que se construa uma interpretação mais completa possível.  A iconografia retratada na figura 2 é escatológica e em baixo relevo. Nela há uma cruz com uma foice, e em volta de ambos uma coroa de flores arrematada com uma fita. Nas laterais existem arabescos (Figura 3) que assumem uma forma de flor de Lis. Os arabescos são empregados nos arremates laterais das lajes de mármore epigrafadas existentes em túmulos simples e nos monumentais. Eles formam um verdadeiro entrelaçar de linhas, ramagens e flores (BORGES, 2002).
Na Idade Média a morte comumente era representada por uma caveira e um de seus
atributos era a foice, com a qual ela ceifava a vida, e o cavalo sobre o qual ela vinha a galope
(PAIVA, 2002). Para Borges (2002) às coroas de flores são indicativas de uma alegria divina,
e comumente são empregadas para representar a vitória da alma humana sobre o pecado e a
morte. Elas podem ser compostas de variadas flores como rosas, lírios, margaridas e
azevinhas, geralmente arrematadas por um laço de fita. Para Dalmáz (2008) as coroas de flores podem ter dois significados, o de salvação alcançada, representando assim a vitória sobre as trevas e o pecado, e também o sentido de saudade, por isso é utilizada com recorrência nos funerais.
A flor de Lis (Figura 3) que aparece nas quatro extremidades da lápide pode ser símbolo de poder, soberania, honra e lealdade, assim como de pureza de corpo e alma. No simbolismo associado aos cemitérios ela significa chama, paixão e ardor. Dessa forma, a representação iconográfica pode ser interpretada como mais uma vida cristã sendo ceifada e deixando intensas saudades.
A lápide 442 revela uma preocupação de mencionar a filiação legítima, conforme
mostra a inscrição:

Aqui jaz os restos mortaes de D. Vircilina Furtado de Azevedo nasceu a 29 de dezembro de 1893 e falleceu a 1° de novembro de 1895, filha legitima de Domingos Rodrigues de Azevedo e D. Celerinda Furttado de Azevedo Uma lágrima de saudade (LÁPIDE 442, 1895).

A iconografia antecede a inscrição através de um ostensório com dois anjos ao seu lado (ver
Figura 47).
                      Figura 04: Iconografia na lápide 442
Fonte: Acervo pessoal de Jéssica Gadelha (2015) e ilustração do Mauro Rodrigues
O ostensório é um objeto litúrgico usado para a bênção do Santíssimo Sacramento e
nele é colocada a hóstia consagrada para a adoração de Jesus Cristo. Nele há a parte central
fixa, chamada de custódia, que contém uma parte móvel, transparente, circular, a luneta onde
se encontra a referida hóstia. Uma de suas características são os raios, o que significa que a
partir da hóstia a luz de Cristo se espalha pelo mundo. Comumente esse objeto é usado em
duas ocasiões: na adoração ao Santíssimo Sacramento e na festa do Corpus Christi. Retratado
na companhia de anjos, remetem aos anjos da guarda e à santíssima eucaristia. Nesse
entendimento, os anjos, sabendo quão importante é para eles a Eucaristia, o sacramento da
nova e eterna aliança, não poupa esforços para garantir que o maior número de fiéis se
empenhe vigorosamente no sentido de uma prática regular sacramental. Os anjos da guarda,
portanto, clamam para que recorram ao sacramento da reconciliação (PAI ETERNO, 2016). Falecida ainda criança D. Vircilina é lembrada por seus pais como um anjo.

Considerações finais

Das três lousas analisadas constata-se que duas foram destinadas a crianças e que ambas faleceram com menos de dois anos de idade. As iconografias de suas lápides as representam após a morte como anjos e trazem uma preocupação com a confissão religiosa expressa respectivamente pelo rito do batismo e a utilização de objeto litúrgico. A outra lápide personifica o quão complexo podem ser as simbologias cemiteriais e que a análise conjunta com as inscrições é necessária para uma melhor interpretação.

Referências

BORGES, Maria Elizia. Os Riscadores de Pedra: produtores de uma alegoria funerária cristã.
In: IIIº ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ESTUDOS CEMITERIAIS,
GOIÂNIA, 2008. Anais do Encontro da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais,
Goiânia, 2008. Disponível em: HTTP://www.artefunerariabrasil.com.br.Acesso em: 12
nov.2011.

______. Arte funerária no Brasil (1890-1930): ofício de marmoristas italianos em Ribeirão
Preto. Belo Horizonte: C/Arte, 2002.p.182

DALMÁZ, Mateus. Símbolos e significados na arte funerária cristã do Rio Grande do Sul. In:
BELLOMO, Harry Rodrigues (Org.). Cemitérios do Rio Grande do Sul: arte, sociedade,
ideologia. 2. ed. ver. e ampl. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008.

DIVINO PAI ETERNO. O ostensório e a adoração de Jesus Cristo. 17 set. 2014.
Disponível em: < http://www.paieterno.com.br/site/2014/09/17/o-ostensorio-e-a-adoracao-dejesus-cristo/>. Acesso em: 12 jan. 2016

INSTITUTO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Inventário de
Campo Maior-PI. 2008.

MORAIS, Jessica Gadelha. Aqui jazem muitas histórias: estudo arqueológico do acervo histórico do cemitério Santo Antônio em Campo Maior – Piauí (1804-1978). Teresina, 2016. Dissertação (Arqueologia Histórica) - Universidade Federal do Piauí, 2016.

ORSER JR., Charles E. Introdução à arqueologia histórica. Belo Horizonte: Oficina de
livro LTDA 1992.p.31.p.33

PAIVA, Eduardo França. História & imagens. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

PRIORE, Mary Del. Ritos da vida privada. In: SOUSA, Laura de Mello e (Org). História da
vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América portuguesa. São Paulo:
Companhia das Letras, 1997.276-330.

Fontes:
Lápide 413

Lápide 416

Lápide 442








Comentários

  1. Boa noite.
    Inicialmente quero salientar que a autora caracteriza a questão da morte na Idade Média simbolicamente como uma caveira e um de seus atributos era a foice, com a qual ela ceifava a vida, e o cavalo sobre o qual ela vinha a galope e neste relato ela cita Paiva, para dar um caráter de cientificidade a esse posicionamento.
    Francielcio Silva da Costa-UESPI.

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  2. Boa Noite.
    No entanto tenho um questionamento a fazer nas considerações iniciais de seu artigo, você traz um debate em relação ao ano de fundação desse cemitério que poderia ter sido nas décadas iniciais do século XIX ou nas finais do século XIX, neste caso as fontes que tratam dessa temática são escassas ou imprecisas?
    Francielcio Silva da Costa-UESPI.

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    1. Boa noite! As fontes são escassas. Em pesquisa in loco, no levantamento por unidade de sepulturas identifiquei uma (única) que data de 1804. É possível que ela tenha sofrido um translado, ou seja, retirada de alguma igreja e colocada no cemitério em questão. Já no inventário de 2008 consta que o cemitério é do final do século XIX. Dessa forma só um documento que conste a data de criação do sepulcrário poderia ajudar a elucidar a questão.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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  3. Boa Tarde! A presente pesquisa me chamou muita atenção principalmente com relação ao nome do cemitério se referir a irmandade, tenho muita curiosidade em saber como se constituía a irmandade. As lapides em estudos são da irmandade?
    Emmanuele Vale Silva- UEMA-Polo Caxias-MA

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    2. Boa tarde! Tanto as irmandades quanto as ordens terceiras são divisões de confrarias, que eram formadas por religiosos e leigos, mas as ordens terceiras se associavam a ordens religiosas conventuais (franciscana, dominicana, carmelita) dando-lhe maior prestígio. Ambas realizavam caridade para associados e não associados, desde que estes últimos fossem carentes. De acordo com Reis (1991), elas existiam em Portugal desde o século XVII e disseminaram-se por outros países, chegando ao Brasil a partir do século XVI com os primeiros colonizadores.
      As irmandades comuns foram bem mais numerosas e cada templo podia acomodar
      diversas irmandades em altares laterais. Reis (1991, p. 51) a define como “associações
      corporativas, no interior das quais se teciam solidariedades fundadas na hierarquia social”. Para que pudesse funcionar, era preciso uma igreja que a acolhesse ou então construírem sua própria igreja e ainda ter aprovado seu estatuto ou compromissos pelas autoridades eclesiásticas.
      Não foi encontrada a data da criação da Irmandade de Santo Antônio, nem daqueles que presidiam a mesa. Nos documentos encontrados apenas aparece de forma esporádica, o nome do fabriqueiro (Encarregado de receber as rendas da Irmandade e de cuidar das alfaias, paramentos e administração interna da mesma), em 1930, Coronel Antônio Maria Eulálio Filho, bastante elogiado pelo cuidado e zelo no asseio, conservação e administração das coisas eclesiásticas e patrimoniais;
      o do procurador (tem como função cuidar, de um lado, das questões judiciais que envolvessem recebimentos de joias ou anuais atrasados e, de outro, cuidar das obras, construção e reparos de casas e receber os aluguéis das mesmas. Ele era uma espécie de elo da irmandade com os assuntos externos.) do patrimônio de Santo Antônio, em 1942, o senhor Octacílio Eulálio; e na mesma época era sacristão o senhor Antônio Maria. O que posso afirmar é que essas pessoas anteriormente citadas foram membros da Irmandade Santo Antônio e que em algum momento aquele cemitério também foi de propriedade da Irmandade em questão.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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  4. Jessica, muito interessante seu artigo. Se fosse possível uma pesquisa nesse sentido no cemitério da Igualdade aqui em Parnaíba -PI, certamente nos revelaria muito. Sobre a data precisa que está imprecisa, na ausência desse documento que você cita: "que conste a data de criação do sepulcrário", existe alguma data oficialmente usada e você concorda com ela? Senão, como resolver essa questão caso não há esse documento citado por você?

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    3. Boa tarde! Na defesa da dissertação, entre as considerações da banca foi proposto a continuidade do trabalho ampliando o espaço investigado, passando a englobar o cemitério velho de Oeiras e o cemitério da Igualdade em Parnaíba. A ideia está guardada esperando um momento oportuno. Uma pesquisa envolve muitos aspectos um deles a questão financeira.
      Estou quase convencida que a lápide de 1804 que encontrei no sepulcrário seja um translado, pelo fato de existir somente uma lápide para esse período, e o fato de que a nível de Brasil os cemitérios extramuros, digo fora das igrejas, só começaram a ser instalados a partir de 1850. Dessa forma acredito que a data atribuída pelo Inventário que é final do século XIX, esteja correta.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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  5. Boa tarde, gosto muito de estudos cemiteriais. Entendo que no seu trabalho você trata sobre as iconografias das lápides. Porém no que se refere ao ensino vemos que isso ainda é muito escasso, e devido a sua propriedade com relação a temática o que você sugere ou melhor será possível inserir essas temáticas no ensino médio? Acho muito interessante e creio que se houvesse uma cartilha ou algum material didático com relação a lápides funerárias seria de muita importância para o entendimento da relação da morte/vida tanto na Idade Média quanto nos outros períodos da História.
    Att: Antonia Stephanie Silva Moreira- UEMA (Campus Caxias)

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    2. Boa tarde! A escassez da temática no ensino básico é por conta do preconceito e do desconhecimento do potencial informativo que os espaços funerários trazem para a localidade onde estão inseridos. Marc Bloch disse o seguinte " A diversidade de testemunhos históricos é quase infinita. Tudo que o homem diz ou escreve, tudo que fabrica, tudo que toca pode e deve informar sobre ele" (2001, pág.79). Logo o cemitério é uma fonte histórica, como a música é, como a carta e as pinturas rupestres são e etc.
      Despidos do preconceito, as abordagens dos espaços mortuários têm amplas
      possibilidades como fonte de informação das localidades onde estão situados, como bem assevera Eduardo Resende (apud BRANDÃO, 2010, p. 4):
      O cemitério é uma fonte de pesquisa geográfica (localização e expansão das
      cidades), histórica (antigos hábitos de inumar), sociológica (como a sociedade lida com a morte e a memória), antropológica (representação individual da morte), linguística (signos verbais), literária (escritos sobre a morte), artística (escultura), arquitetônica (construção tumulares), hidrográfica (águas subterrâneas cemiteriais), pedológica (solo cemiterial), genealógica e heráldica (famílias, nomes, brasões), demográfica
      (imigrantes), nobiliárquica (linhagem de nobres), turística (visita a ilustres) e
      outras.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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  6. Boa tarde.
    Esse cemitério foi o primeiro edificado na cidade de Campo Maior ?
    Francielcio Silva da Costa. Universidade Estadual do Piauí-UESPI.

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    1. Boa Tarde! Isso, o cemitério (da Irmandade de) Santo Antônio é a
      primeira necrópole extramuros da cidade de Campo Maior (MELO 1983)
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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  7. Olá Jessica, como vai?
    Primeiramente gostaria de parabenizá-la pela pesquisa. A temática é realmente muito interessante, mesmo porque o ser humano tem uma curiosidade (alguns dizem que é mórbida) pelas questões que envolvem a morte, talvez pelo "desconhecido". Por outro lado, particularmente o tema me interessa tanto na perspectiva histórica e de suas problematizações, como também na perspectiva do Turismo (minha primeira formação). O turismo cemiterial é um interessante segmento do Turismo histórico e cultural e há vários cemitérios no Brasil e no mundo que desenvolvem essa atividade. Mas enfim, numa primeira leitura, entendi que sua pesquisa estaria numa fase inicial, porém depois compreendi que se trata de um recorte de uma pesquisa maior, certo? Nesse sentido, e para sanar minha curiosidade e vontade de ler seu trabalho completo, poderia nos falar um pouco mais sobre ele? E caso puder, nos envie o link ou o PDF do mesmo. Agradeço, um abraço!
    Camila de Brito Quadros Lara - PPGH/UFGD.

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    1. Boa noite! Esse artigo é fruto de um dos capítulos da dissertação,ele intitula-se "Conversando com as lápides". Já a dissertação intitula-se " Aqui jazem muitas histórias": Um estudo arqueológico do acervo histórico do cemitério , em Campo Maior- Piauí (1804-1978). O objetivo da dissertação é investigá-lo destacando o potencial contido em seu acervo como instrumento para tecer reflexões sobre o patrimônio funerário piauiense.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/UESPI.

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    2. Que interessante. A dissertação está disponível online? Gostaria de ler.
      Camila de Brito Quadros Lara-PPGH/UFGD.

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  8. Boa noite.
    Assim como a maioria dos cemitérios datados desse período em outras regiões dá pra percebermos o quão similar são as características das lápides, todas remetendo a salvação. Achei
    interessante a lápide Vircilina Furtado de Azevedo escrito "filha legítima", assim já nos trás até características famíliares nos levando a entender que seu pai teve caso fora do casamento por isso a importância de se colocar inscrito na lápide "filha legítima".
    Everlly Silva Bezerra de Lima
    Graduanda em História - UEMA.

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    1. Boa noite!
      Hoje a prática funerária difere daquela do século XIX. Hoje as inscrições em sua grande maioria limitam-se ao nome do falecido, data de nascimento e falecimento.
      Jessica Gadelha Morais. UFPI/ UESPI.

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