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ENTREVISTA COM A PROFESSORA E ESCRITORA EVA PAULINO BUENO: UM ESTUDO SOBRE A CAROLINA MARIA DE JESUS


Valderlany Mendes Dantas
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em História do Brasil pela Universidade Federal do Piauí- UFPI. (valderlany95@gmail.com)


Introdução

 Eva Paulino Bueno nasceu no Brasil, onde despertou o interesse pela vida acadêmica, e posteriormente, o desejo de se tornar professora e pesquisadora. Possui Mestrado em Literatura Inglesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e Doutorado em Línguas e Literatura Hispânicas pela University of Pittsburgh. Atualmente é professora da ST. Mary’s University, no Texas – EUA, autora de diversos trabalhos publicados em livros e capítulos de livros, periódicos, revistas, organização e edição de edições especiais, etc. Participou como palestrante em inúmeras conferências.
Atuou profissionalmente como integrante do conselho editorial de várias revistas, como também representante de “Línguas Russas e Menos Ensinadas” do Conselho Executivo do MLA do Centro- Sul e membro da Associação de Estudos Latinos- Americanos- LASA e da Associação Brasileira de Estudos- BRASA. Eva Bueno tem interesses nos estudos de Literatura e cultura brasileiras, literatura e cultura latino- americanas, Literatura americana e britânica, literatura comparada, teoria literária, Cultura popular, cinema, teatro, ensino de idiomas.
Tive o imenso prazer de conhecer e assistir pela primeira vez uma palestra ministrada pela professora Eva Bueno intitulada “CAROLINA MARIA DE JESUS: questões de raça, gênero e de classe social”, que aconteceu no dia 14 de maio no Auditório Noé Mendes, no CCHL, e teve a presença de acadêmicos e pesquisadores de diversos cursos das Humanidades. Tal evento foi organizado pela professora Marylu Oliveira e pelo professor Francisco de Assis de Sousa Nascimento. Entretanto, não foi apenas esse o motivo que trouxe a professora Eva Bueno `a Universidade Federal do Piauí- UFPI, como também o convite para ministrar o curso titulado Seminário de Estudos Literários e História: experiências de pesquisa interdisciplinares e construção do conhecimento, ocorrido entre os dias 14, 15 e 16 de maio, objetivando com essa atividade a internacionalização da Universidade, bem como a aproximação entre os cursos, sendo que o convite foi realizado pelo Programa de Pós-graduação em História do Brasil e o Programa de Pós-Graduação em Letras, que possui curso em nível de Mestrado e Doutorado.
A palestra me chamou atenção por vários motivos: O primeiro pela sensibilidade da professora Eva Bueno em buscar pesquisar acerca de um sujeito que foge do padrão social do “ser normal”, marginalizado por um sistema de dominação que explora, que maltrata, que castiga, que inferioriza, que aprisiona. Dar visibilidade a esses sujeitos é abrir caminhos de fuga para aqueles que lutam diariamente para sobreviver e resistir à opressão estabelecida por tal sistema, uma vez que dar voz a sujeitos como a Carolina Maria de Jesus é questionar a realidade, é ouvir inúmeras outras mulheres que sofrem por ser mulher, negra e pobre. Os estudos realizados pela professora Eva Bueno sobre a Carolina Maria de Jesus nos ajudam a pensar diversas questões como gênero, raça e classe social.
Segundo, pela proximidade com o meu objeto de pesquisa que trata das práticas de violências contra as mulheres no espaço doméstico na cidade de Oeiras, estado do Piauí, onde busco através das análises dos relatos de experiências de mulheres que viveram em situações de violências, entender casos de violências contra mulheres, que conseguiram sobreviver em meio a violência no espaço doméstico, e que estiveram por diversas vezes a ponto de perder a vida, mas sua força, coragem e esperteza as mantiveram vivas. Viver em situação de violência não é uma escolha, mas sim, uma condição estabelecida socialmente por meio da distribuição desigual de papeis entre os gêneros masculino e feminino. A condição feminina impôs à Carolina Maria de Jesus a negação de inúmeros direitos sociais. Ser mulher, mãe solteira, negra e pobre gerou-lhe rejeição, humilhação, exclusão, opressão. Como resistir a tudo isso? A Carolina é um exemplo de resistência, superação, garra, força e coragem. Uma vez que sobreviver a uma sociedade machista, racista e classista não é uma tarefa fácil quando se é mãe solteira, negra e pobre.
Nesta entrevista, a professora Eva Bueno fala sobre a relevância das obras da Carolina Maria de Jesus para a academia e para a sociedade, apontando alguns aspectos que fizeram da Carolina um exemplo de vida. Como também explana acerca dos principais desafios enfrentados por ela, no estudo a respeito da Carolina de Jesus, e como esta figura histórica ajuda pensar questões de gênero, raça e classe social, dentre outras problemáticas que serão abordados na entrevista.

Entrevista

Valderlany-  A princípio gostaria de perguntar, o que a levou a escolher a Carolina Maria de Jesus como objeto de estudo?

Eva Bueno- Eu acho que recebi um grande benefício na minha vida, além da minha saúde e da minha família maravilhosa: uma educação custeada pelo governo brasileiro em sua maior parte. Esta educação, esta capacidade de entrar em recintos onde as pessoas marginalizadas nem sempre podem entrar, esta possibilidade de escrever e falar em várias línguas, em vários países, para audiências diferentes (nem todos são acadêmicos), me dá mais responsabilidades. Tenho o dever de trazer para outras pessoas o que sei da experiência das pessoas que não tiveram os mesmos benefícios. Quero desta maneira usar o que eu sei e o que eu posso para ajudar a diminuir o sofrimento das pessoas que não podem falar. Nós professores temos a obrigação de ouvir com respeito, aprender com humildade, e depois transmitir o que podemos para ampliar o conhecimento e a apreciação da experiência e dos sofrimentos dos que não são necessariamente iguais a nós. Mas não podemos esquecer que só porque nós tivemos uma sorte muito grande de conseguirmos ir adiante com nossa educação, nós não somos superiores a estas pessoas, sejam elas mulheres ou homens, iguais ou diferentes de nós. Antes de mais nada, devemos muito respeito a estas pessoas e devemos sempre lutar pra não colocarmos nossas palavras nas bocas destas pessoas. Às vezes é tremendamente difícil. Mas se fosse fácil, qualquer um faria.

Valderlany- Qual a relevância do estudo das obras da Carolina Maria de Jesus para a academia e para a sociedade?

Eva Bueno- No caso da Carolina Maria de Jesus, o seu primeiro livro aparece com o subtítulo de “diário de uma favelada.” Sim, ela escreveu diariamente, mas não fala somente de coisas relacionadas com a sua vida pessoal, seu dia a dia. Carolina pensa, pesa, reflete, dá opinião. E, lembremo-nos: ela faz isso de dentro de uma vida de profunda miséria material, de perigo constante de fome, de insegurança para seus filhos. A força de Carolina é á força da sua palavra, da sua habilidade quase incrível de articular na sua própria voz de mulher, não só a sua experiência individual, mas tudo o mais que a rodeia.
Segundo, porque o estudo da obra de Carolina Maria de Jesus é o estudo de uma vida exemplar. É  o conhecimento de alguém para quem devemos olhar com gratidão e estima, porque cada ser humano como ela nos engrandece a todos. Devemos estudar Carolina Maria de Jesus para talvez descobrirmos ou cultivarmos em todos nós o respeito pelas mulheres que, como ela, sofrem nas margens da vida, lutando, criando os filhos, mesmo enfrentando racismo e grandes dificuldades.

Valderlany- Como foi o primeiro contato da senhora com o livro “O diário de uma favelada”?

Eva Bueno- Por incrível que pareça, meu primeiro contato com este livro ocorreu aqui nos Estados Unidos, onde moro (com alguns anos passados em outros países) desde 1987. Minha formação acadêmica no Brasil era muito ligada à literatura mais tradicional, tanto a brasileira como a americana e a inglesa. Foi só aqui, trabalhando com Terry Caesar as questões de estudos culturais e raça que vim a conhecer de perto a obra de Carolina Maria de Jesus.

Valderlany- Qual foi o maior desafio que a senhora enfrentou durante o processo de desenvolvimento da pesquisa a respeito da Carolina Maria de Jesus?

Eva Bueno- Quando eu estava pesquisando Carolina Maria de Jesus, nos últimos anos do século XX, achei difícil encontrar seus livros. Hoje em dia, está muito mais fácil consegui-los, apesar de serem caros. Entendo que os direitos da autora devem ser respeitados, e sou contra fazermos cópias dos seus textos, por isto sempre prefiro comprar os livros mesmo. É uma pena que, como sabemos, os herdeiros mesmos vão ver pouco deste dinheiro. Mas nunca devemos ir compiando os textos, porque pelo menos alguma coisa beneficia seus herdeiros, e assim respeitamos os direitos da autora.

Valderlany- Fale um pouco mais sobre sua pesquisa.

Eva Bueno- Minha pesquisa se concentra em geral nas humanidades e nas artes. Por isso, eu tenho publicações sobre literatura (brasileira, americana, latino americana, comparada), estudos culturais, cinema, teatro, cartoons. Me interessa muito também ver como a mulher está situada dentro da sociedade, especialmente a mulher que vem das camadas mais pobres da população; daí meu interesse no trabalho de Carolina Maria de Jesus, uma mulher negra sem muita instrução formal que demonstrou como nasce, cresce e vive uma intelectual orgânica.

Eva Bueno- Agora, Valderlany, ou gostaria de saber o que levou você a se interessar pela sua linha de pesquisa? Estou muito feliz de encontrar jovens pesquisadores como você aqui no Piauí, especialmente em tempos como os nossos, em que as humanidades em geral estão tão desvalorizadas, e em que empregos dentro desta área são poucos e mal pagos. Por que você quer pesquisar a vida das mulheres em situação de violência? Você está interessada no tempo presente somente, ou está enveredando também para a experiência do passado?

Valderlany- Eu vejo a minha pesquisa como um ato de resistência, principalmente, em tempos difíceis como esses que estamos vivendo. Acredito que nos silenciar não seja uma solução, apenas contribuí para a continuidade desse sistema opressor, escravagista. Precisamos desconstruir discursos machistas/sexistas, racistas, classistas que fortalece tal sistema. É necessário mostrar para a sociedade que a violência contra as mulheres é fruto das práticas  simbólicas e discursivas impostas pelo grupo dominante para continuar oprimindo, escravizando, dominando. A minha pesquisa tem como objetivo questionar, problematizar a realidade de inúmeras mulheres que vivem em situações de violências. Por isso que as áreas de Humanidades são desvalorizadas, porque somos responsáveis por afrontar a classe dominante. E, nesse ponto eu penso, o que adianta ganhar tanto dinheiro, e não fazer nada para melhorá a sociedade que estamos vivendo? Sei que não posso mudar o mundo sozinha, mas tenho convicção que a mudança começa a partir do momento que queremos mudar alguma coisa que nos incomoda e afeta a vida das pessoas que amamos.
 O interesse pela linha de pesquisa História, cultura e arte vem desde a graduação em História pela Universidade Estadual do Piauí- UESPI, Campus Professor Possidônio Queiroz. O tema surgiu através dos encontros do Grupo de Pesquisa História, Cultura e Gênero do qual eu fazia parte. As discussões relacionadas à temática da violência contra as mulheres foram evidenciadas devido à forte presença do referido fenômeno na cidade de Oeiras-PI, culminando na escolha do tema de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Ademais, esse desejo de pesquisar acerca das violências praticadas contra as mulheres em Oeiras, emerge também em virtude de alguns casos de violências, envolvendo mulheres próximas a mim, fazendo com que a compreensão sobre esse processo se refletisse como investigação no campo intelectual. Para além de todas essas questões mencionadas, pretendo no Mestrado dar continuidade aos estudos acerca das práticas de violência contra as mulheres especialmente no espaço doméstico na cidade de Oeiras, também tenho como finalidade proporcionar maior visibilidade a um problema social que afeta a vida de inúmeras mulheres nos centros urbanos e nas pequenas cidades do Brasil.. Agora no Mestrado o meu foco é analisar casos de violência contra as mulheres no tempo presente, mas também penso em pesquisas futuras ampliar minhas pesquisas para as experiências de mulheres em situações de violências do passado.

Valderlany- A senhora poderia falar um pouco sobre sua trajetória de vida, apontando a relação com as pesquisas que a senhora vem desenvolvendo?

Eva Bueno- Eu venho do Paraná. Minha família vem de Minas e vivia em uma situação muito difícil, especialmente depois da morte de dois bebês gêmeos. Quando eu nasci, minha mãe ficou muito doente, e uma vizinha, dona Irma, veio oferecer se minha mãe queria que ela me amamentasse. Minha mãe aceitou, agradecida. Eu acho que devo minha vida à generosidade daquela mulher negra, forte, trabalhadeira, que viu a necessidade da vizinha também pobre, e teve compaixão da criança que teria talvez morrido se não tivesse sido amamentada. O que aquela mulher pobre como nós fez naquele momento em 1953 foi uma coisa muito maravilhosa: ela estendeu a mão e ofereceu seu precioso leite pra uma criança de outra cor, sem esperar pagamento, sem esperar nada. Seu gesto não viu a diferença de cor: só viu o sofrimento de outrem e a sua possibilidade de ajudar com aquilo que vinha dela, seu leite. A solidariedade da minha amada dona Irma tem sido uma estrela guia na minha vida. Nunca vou pagar a bondade dela, nem a de muitas pessoas que me atenderam, me orientaram, me acudiram, me socorreram na minha vida. Minha pesquisa, meus escritos, meu trabalho em sala de aula e outros lugares são uma pequena forma de devolver da melhor maneira que eu posso, os meus agradecimentos a ela, assim como à minha mãe e tantas outras pessoas maravilhosas que tem me acompanhado na minha jornada.

Eva Bueno- E você, Valderlany, tem alguma pessoa parecida com minha dona Irma no seu passado? `As vezes quem nos ajuda é um homem, uma criança... ou mesmo uma ideia ou um ideal. Qual foi pra você?

Valderlany- Tenho sim. Devo tudo que eu sou a minha mãe Eliana Mendes, foi com ela que aprendi a ser forte, a lutar pelos meus objetivos, a levantar sempre que eu tropeçar e cair. Ela é a minha maior fonte de inspiração. É incrível a força, garra, coragem, inteligência que a minha mãe possui para enfrentar as adversidades da vida. Ela é uma mulher simples, negra como eu, uma pessoa fantástica, extraordinária que já passou por grandes dificuldades, por causa do machismo e racismo que infelizmente está presente em nossa sociedade, mas nunca baixou a cabeça para nenhum deles, é uma mulher admirável. É por causa dela que luto diariamente por tudo que acredito e desejo, e eu desejo uma sociedade justa e igualitária para todos e todas, uma sociedade na qual nós mulheres possamos andar livremente, sem corrermos o risco de sermos violentadas pelas nossas escolhas, onde nossa voz possa ser ouvida e aceita, luto por uma sociedade, onde negros e negras não sejam mais humilhados, rejeitados, oprimidos pela cor da pele.

Valderlany- Existe interdisciplinaridade na pesquisa acerca da Carolina Maria de Jesus?

Eva Bueno- Absolutamente! O trabalho de Carolina pode ser visto desde o ponto de vista sociológico, de estudos de gênero, estudos de raça, estudos do desenvolvimento do trabalho no Brasil, etc.

Valderlany- Algum autor influenciou a senhora a pesquisar sobre a Carolina Maria de Jesus?

Eva Bueno- Não. Eu tinha lido alguma coisa sobre Quarto de despejo quando estava fazendo o mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, mas somente muito mais tarde decidi que queria conhecer mais do trabalho desta brasileira. Minha área maior é literatura, e sei que temos grandes nomes de mulheres que são um orgulho para o Brasil e um exemplo para as mulheres do mundo. Por uma grande coincidência, ela morreu no mesmo ano que outra grande escritora brasileira, Clarice Lispector. Mas a diferença entre as duas é muito grande em termos da vida que ambas levaram.

Valderlany- Numa perspectiva de possibilidade múltiplas de interpretação para os textos, como utilizar as obras da Carolina Maria de Jesus como ferramenta de ensino?

Eva Bueno- Eu acho que especialmente seu livro Quarto de despejo pode ser uma inspiração para um curso de escritura. Qualquer um pode escrever um diário, marcando ali a experiência do dia a dia. Escrever é requer disciplina, e um diário ajuda a pessoa a repensar sua experiência, e transmiti-la por escrito. Mais tarde, pode usar este material para pesquisa, ou para produzir um trabalho de caráter literário. Mas antes, tem burilar a prosa, melhorar tecnicamente, aumentar as maneiras de expressar as diferentes realidades, etc. A obra de Carolina também é útil numa aula de história, de sociologia, de estudos culturais, de estudos da mulher... Ah, e também tem a poesia e os outros livros de Carolina, que são material quase que in natura para quem ver como procede uma escritora. E eu tenho certeza que qualquer pessoa que se aproxime do trabalho dela sem preconceitos vai ficar maravilhado com a inteligência, a garra, o caráter dessa mulher excepcional. Tal foi o caso com um grupo de alunas do colegial no estado do Kansas, aqui nos Estados Unidos. Elas leram a tradução de Quarto de despejo em inglês e entraram em contato comigo, porque queriam apresentar um trabalho sobre ela. O trabalho das jovens foi escolhido para representar a sua escola numa conferência na cidade, e depois elas foram escolhidas para apresentá-lo na conferência do estado. Fiquei muito orgulhosa do trabalho das jovens, e elas todas disseram que Carolina vai ser sempre uma inspiração na sua vida. Um detalhe: as quatro estudantes do Kansas são todas brancas!

Valderlany- Mesmo depois da inclusão da escrita acerca das experiências dos sujeitos subalternos na academia, existe na academia uma maior notoriedade no que diz respeito a escrita sobre os sujeitos dominantes?

Eva Bueno- Eu não tenho certeza. Acho que no Brasil, pelas questões notórias de classismo e racismo que percorrem todos os corredores, acho que os subalternos continuam sendo subalternos. É muito difícil “subir” de uma classe a outra no Brasil, mas é muito fácil “descer” se você não tem amigos poderosos em altos postos. Aqui nos Estados Unidos, na minha experiência de mais de 30 anos, existe como que um acordo tácito entre as partes ao dizer que o país é democrático, mas na verdade existe uma velha aristocracia que se mantém no poder desde o começo do país, e pelo jeito vai perdurar. Por exemplo: quem tem um título conseguido em Harvard University ou nas outras Ivy League Universities (universidades mais tradicionais e consideradas a referência, a maioria situadas no leste americano) sabe que tem futuro garantido. Suas pesquisas vão ser aceitas, seus pedidos de emprego sempre colocados á frente dos demais. E para entrar em Harvard, uma das maiores condições é: ser filho de alguém que estudou em Harvard. A aristocracia se perpetua, enquanto joga com palavras fáceis como democracia e igualdade.

Valderlany- A senhora pensa em realizar uma nova pesquisa sobre questões relacionadas ao Brasil, para além dos estudos sobre a Carolina Maria de Jesus, e outras problemáticas que a senhora já vem abordando em seus escritos acerca do país?

Eva Bueno- Eu não sei qual vai ser meu novo projeto. Tenho muito interesse pela situação dos animais abandonados no Brasil. Sempre tive. Claro que não são humanos, mas somos responsáveis por aqueles que nós domesticamos, assim como por aqueles que têm o direito de seguir suas vidas nos seus habitats. Nós, seremos humanos, causamos grandes danos ao nosso planeta, e estamos destruindo muitas espécies animais e vegetais a uma velocidade incrível. Temos que nos conscientizar disso e aprender a viver com menos, consumir menos, respeitar a natureza e os outros seres que compartilham a Terra conosco. Mas francamente não sei nem onde começar a trabalhar com isto. Aceito sugestões.

Valderlany- Como uma profissional das Letras e especialista em literatura enxerga o papel que a literatura ocupa na educação atual?

Eva Bueno- O papel da literatura hoje é o mesmo de sempre: primeiro de tudo deleitar e algumas vezes também instruir. E nesta instrução se juntam muitas coisas: história, arte, capacidade de expressão, questões sociais, etc.

Valderlany- O que a senhora pode nos dizer do poder da ficção sobre a realidade?

Eva Bueno- Eu acho que lemos ficção porque não podemos viver todas as vidas. Também lemos para aprender lições que às vezes surgem à revelia do próprio escritor. Quando lemos um texto literário, nos unimos a todas as gerações que leram este texto, em todos os lugares. Tomemos os contos de Machado de Assis, por exemplo: ao ler, digamos, “O caso da vara,” entramos no universo machadiano, que era ao mesmo tempo o universo do Rio de Janeiro do ano 1850 (o que Machado diz no conto), o que tem sido o universo do Brasil deste então, e o que é o nosso universo mundial, em que as pessoas buscam seu próprio interesse e se esquecem de seus deveres morais. Isto é: Machado de Assis (considerado um dos 100 maiores escritores mundiais de todos os tempos) nos traz sua palavra que continua viva e válida até hoje, e continuará no futuro, enquanto haja pessoas que vendem seus ideais a troca de favores.

Valderlany- Como a senhora vê a intersecção de estudos que aproximam a Literatura e a História?

Eva Bueno- Eu acho estes estudos fundamentais! A História em geral é a história do vencedor, e na maioria das vezes o subalterno não deixou nem uma palavra sua escrita ou gravada...sua experiência passou pelo “filtro” de quem conta a história e na maioria das vezes aparece deturpada. O escritor—voltemos outra vez a Machado de Assis—com seu ouvido afiado, é capaz de guardar para a memória humana aquela experiência de um indivíduo que de outra forma não poderia ter sido ouvido. Logicamente, precisamos muito de jovens historiadores que se dedicam a revisar documentos menos conhecidos, a revisar coisas já escritas, para revelar o que muitas vezes ficou escondido por anos e `as vezes até séculos.

Valderlany- Como a obra da Carolina Maria de Jesus pode ajudar a pensar sobre as questões do gênero e de raça no campo da escrita literária?

Eva Bueno- A obra de Carolina Maria de Jesus é fundamental para se pensar tanto em raça como em gênero, em liberdade da mulher de ser mulher com tudo o que isto significa. Ela não foi uma “feminista” de cartão. Ela foi uma guerreira e uma lutadora, ademais de ser uma intelectual que sabia do que falava e falava do que sabia. E ela sabia muito do Brasil, apesar de ter tido uma educação de poucos anos, além de grande sofrimento na sua vida. Qualquer feminista brasileira ou brasileiro, qualquer pessoa que queira pensar em questões de raça e de igualdade para a mulher no Brasil deve primeiro ler Carolina Maria de Jesus. Ela é uma precursora para todos nós.

Valderlany- Nos últimos anos, embora timidamente, alguns direitos foram conquistados para negros (as), mulheres, contribuindo para a ocupação de alguns espaços públicos por esses sujeitos, mas também percebemos um forte crescimento de correntes fundamentalistas em todo o mundo, como a senhora compreende esse crescimento? O que ele representa para negros (as), mulheres, homossexuais, pobres, enfim, todas as “minorias”?

Eva Bueno- Sim, você tem razão. Os direitos conquistados são poucos e insuficientes, mas temos que nos alegrar, que estamos sempre tentando. Por outro lado, como você bem lembra, estamos sofrendo um período de “infecção direitista e fundamentalista” no nosso planeta, não muito diferente do que a humanidade sofreu na terceira e quarta décadas do século XX. Esta “infecção” vai passar, eu acredito! Espero que o remédio necessário para extirpá-la não seja tão doloroso e custoso como foi o que se fez necessário para eliminar o nazismo e o fascismo.

Eva Bueno- E você, Valderlany, o que pensa desta questão deste crescimento? você acha que para os grupos oprimidos a esperança de justiça tem diminuído ultimamente? Como uma mulher jovem, como você encara a possibilidade desta luta pelos direitos de todos ficar mais dura à medida que os anos passam?

Valderlany- Eu vejo como uma reação dos grupos conservadores a conquista de direitos sociais pelas mulheres, negros e negras, pobres, enfim, as “minorias”, uma vez que muitos direitos sociais foram conquistados ao longo dessas últimas décadas, embora timidamente, visto que muito ainda precisa ser conquistado, entretanto essa tímida conquista de direitos sociais tem causado medo a classe dominante, pois coloca em risco sua supremacia, a prova disso são os fortes ataques aos direitos já conquistados pelas “minorias”. O que podemos fazer frente a essa reação conservadora, fundamentalista? Continuar lutando pela nossa sobrevivência, pelos nossos direitos, como sempre fizemos, talvez fique mais violento, mas somos um povo forte, resistente. Não tenho dúvidas que saberemos enfrentar o que virá pela frente.

Valderlany- Como a senhora entende as questões raça e gênero na atual conjuntura? Na sua opinião o que mudou e o que permanece?

Eva Bueno- Infelizmente, pouco mudou em questões de raça no Brasil. Eu ainda vejo meus irmãos e irmãs negros ocupando os cargos mais baixos no Brasil, e sofrendo mais opressão. Não importa que haja jogadores de futebol negros e ricos. Eles são a exceção que provam a regra, e não os considero negros como os demais que trabalham todos os dias pra sustentar suas famílias. E, ademais, enquanto estes jogadores de futebol e outros milionários negros não voltarem à sociedade para fazer não caridade, mas engajamento com as necessidades reais de grande parte da comunidade de origem negra no Brasil, eles são só objetos de enfeite. Quanto à questão do gênero, continua me preocupando muito a violência contra a mulher. Na verdade, esta é uma violência também contra o homem, que não é educado para respeitar a mulher. Não podemos esquecer a violência contra os homossexuais e as pessoas transgender. Tudo isto é violência. Nenhuma destas formas deveria ser aceita numa sociedade que se quer civilizada. A sociedade como um todo não deve aceitar nenhum tipo de violência, porque com ela todos sofrem.

Valderlany- Como é que a senhora percebe a questão do feminismo negro? E, qual a sua importância para a conquista da igualdade racial?

Eva Bueno- Houve um tempo em que as feministas do primeiro mundo achavam que estavam falando por todas as mulheres. Não estavam. As mulheres não são todas do mesmo tamanho e da mesma medida. As mulheres negras – e, para nós aqui nos Estados Unidos, também a mulher latina—temos nossas especificidades. Não se trata de sairmos queimando sutiãs e /ou outros símbolos da sujeição da mulher. A mulher branca ou negra ou latina ou asiática, cada uma tem sua especificidade, e esta especificidade tem que ser respeitada. Mas a libertação e igualdade da mulher sempre tem que vir junto com a libertação, educação de todos, mulheres e homens. Eu sou fundamentalmente contra a ideia que a melhoria da vida para as mulheres tem que necessariamente passar pela humilhação dos homens ou do cerceamento de sua libertação. Como mãe de um homem, eu mantenho que tem que haver respeito para todos, para que todos, homens e mulheres de todas as cores e orientações sexuais de todas as classes sexuais, não somente dos ricos e metrossexuais das grandes metrópoles, destes que saem nas revistas.

Valderlany- Na palestra intitulada “CAROLINA MARIA DE JESUS: questões de raça, gênero e de classe social”, ministrada no dia 14 de maio no Auditório Noé Mendes, uma das questões abordadas pela senhora foi o uso do testemunho nas pesquisas realizadas na acadêmia. Por que os testemunhos devem fazer parte dos estudos praticados na academia?

Eva Bueno- Eu pessoalmente acho que às vezes as leituras acadêmicas se perdem em tecnicalidades, em estudos que pouco tem a ver com o mundo real que existe além dos corredores acadêmicos e das páginas de teses e dissertações, e que, enfim, se constituem num discurso interno que pode ser interessante e até engraçado, mas que não sai dos confins da academia. A academia não deve ser um espaço contido somente nele mesmo. Nós acadêmicos –especialmente da área de artes e humanidades--temos o dever de ensinar a pensar, de propiciar aos nossos alunos o encontro com outras formas de ver o mundo, com outras experiências. Os testemunhos são uma grande fonte deste tipo de experiência.

Valderlany- Quais são os limites, se é que eles existem, enfrentados pela pesquisadora quando ela trabalha com testemunhos?

Eva Bueno- Os limites, no meu entender, são que os pesquisadores devem ter uma noção muito bem clara da sua posição de ouvinte, e não se imporem à pessoa que está dando o testemunho. Muitas vezes, porque o/a pesquisador/a vem da Universidade, sabe falar “difícil”, acaba intimidando a pessoa que está dando seu testemunho. É uma coisa muito complexa, recolher o testemunho de alguém, como eu disse no meu texto apresentado na UFPI. Por um lado, muitas vezes a pessoa que precisa falar não tem como levar seu testemunho para além das quatro paredes do lugar em que falou com o pesquisador. Por outro lado, o pesquisador pode se aproveitar desta situação de subalternidade (`as vezes até mesmo de fragilidade) da pessoa que dá o testemunho para direcionar a conversa pra um lado ou pra outro. Eu falo disso no texto sobre a Carolina Maria de Jesus no contexto dos testemunhos. Na minha opinião, o que faz o exemplo de Carolina tão excepcional—quando comparado com os testemunhos de Rigoberta Menchú e Domitila Barrios de Chugara--é o fato que Carolina não precisou de “contar” pra alguém suas experiências; ela as escreveu. Lógico que um jornalista levou os textos para o jornal e os “revisou”, mas mesmo assim a voz de Carolina atravessa tudo e chega praticamente pura, aos seus leitores.

Valderlany- Que conselho a senhora daria para um pesquisador (a) iniciante que deseja trabalhar com testemunhos?

Eva Bueno- Só um conselho: vá com humildade. Na maioria das vezes a pessoa que está dando o testemunho é muito mais sábio/sábia que todos os doutores que conhecemos (incluindo e especialmente eu).

Valderlany- Como a senhora enxerga a função do pesquisador (a), hoje?

Eva Bueno- A função do pesquisador hoje é igual à de sempre: ir em busca da verdade. Às vezes é muito difícil revelar esta verdade. Há muitos obstáculos: políticos, financeiros, logísticos, etc. Mas precisamos sempre ir adiante e continuar na luta.

Valderlany- O que a senhora diria de uma sociedade que ainda nos dias de hoje não possui o hábito da leitura e onde a TV possui uma grande influência?

Eva Bueno- Ler um livro é, reconheçamos, um ato “anti-social.” Isto quer dizer que, enquanto está lendo, a pessoa está imersa num outro mundo, e portanto indisponível pra conversas de pouca duração. É difícil a pessoa se ausentar do seu telefone (hoje em dia mais pernicioso que a TV) e se engajar em uma atividade que requer silêncio, concentração. Nós professores sempre teremos esta luta conosco. Mas o melhor que podemos fazer é dar exemplo, além de engajar nossos alunos com o prazer da leitura. Não resolve só ficarmos pregando; temos que criar o hábito e as condições para que nossos alunos, nossos filhos, nossos amigos e nossos parentes possam ler em sossego.

Valderlany- Para finalizar, gostaria de perguntar, qual é a imagem que a senhora possui do Brasil, tendo em vista a situação política atual?

Eva Bueno- Vejo a situação política brasileira atual com muita apreensão. Já sabemos que quando algum político sem juízo evoca com admiração os erros e os criminosos do passado, isto é ruim. Quando o representante máximo do país o faz, isto é uma tragédia. Infelizmente, esta é uma fase que teremos que suportar, atravessar. Novamente esperamos que não seja muito longa, e que consigamos continuar com o processo de promover todos os brasileiros, não somente os brancos ricos, ou os filhinhos de políticos importantes. Precisamos manter-nos unidos, e sempre ter em mente a meta, que é a justiça e a igualdade.

Considerações finais

            Conversar com a Eva Paulino Bueno é como encontrar uma luz em meio a escuridão, é ter a certeza que sempre haverá esperança, é ver o lado positivo de cada pessoa, é perceber o amor como o único sentimento capaz de mudar o mundo. Falo isso porque foi dessa forma, que eu me senti a cada resposta dada pela professora e escritora Eva Bueno.
            No decurso da entrevista foram abordadas questões como raça, classe, gênero, política, literatura e ensino, isso porque não tem como pensar na Carolina Maria de Jesus fora de todas essas questões. Alguns pontos explorados foram os seguintes: a relevância dos estudos a respeito da Carolina Maria de Jesus para se pensar questões de gênero, raça e classe social, como também o uso dos testemunhos e de sua importância para a escrita da história das “minorias”, em razão de existir muita dificuldade em encontrar documentação acerca desses sujeitos. Tendo como objetivo dar voz aos excluídos que foram e ainda são silenciados em nome da história dos homens brancos das elites, tidos como vencedores.
            A professora Bueno contrapõe a história oficial quando dá visibilidade a um sujeito que não foi contemplado com as oportunidades dadas aos homens brancos das elites, por ser mulher, negra e pobre, no entanto a negação dos privilégios não fez da Carolina um sujeito  passivo diante das adversidades, pelo contrário, ela as enfrentou utilizando-se das ferramentas que possuía para vencê-las; portanto, podemos compreender a Carolina como uma guerreira, heroína, uma mulher de garra, coragem, forte, inteligente, e não de forma passiva como a história oficial trata os sujeitos que como ela, não se encaixa no padrão social tido como “normal”.

Comentários

  1. Bom dia! Belíssima entrevista, professora Valderlany. Como colega e amigo, estou muito orgulhoso da intelectual que está se tornando. A sua entrevista me lançou para aquele 14 de maio, na palestra da professora Eva Bueno. Foi muito inspirador. Realmente a literatura e a nossa área de saber mantém inegáveis complementaridades. A literatura é muito além de entretenimento, é saber. A sua entrevista-conferencia reforça isso.
    Parabéns!

    Comentário de Francisco Adriano Leal Macêdo.

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    1. Obrigado, Francisco Adriano! A professora Eva Bueno é uma verdadeira fonte de inspiração. Sinto que fomos privilegiados pela oportunidade de conhecê-la, por isso que, busquei por intermédio desta entrevista fazer com que seus estudos chegassem aos ouvidos de outras pessoas, uma vez que são pesquisas de extrema relevância para pensar diversas questões essenciais para refletir acerca do contexto sociocultural em que estamos inseridos. Em relação a literatura não tenho dúvidas, que é um saber grandioso, inesgotável de possibilidades, que nos instiga a pensar sobre a nossa realidade e as experiências vividas por outros sujeitos. Estou imensamente feliz com o resultado da entrevista, principalmente, pelos impactos provocados.

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  2. Francisco Lucas Gonçalves dos Reis31 de julho de 2019 às 07:11

    Excelente entrevista.
    A entrevista toca em um assunto importante que é dar voz ás minorias como forma de entendê-las e buscar por justiça social.
    Gostei das considerações relacionadas á função do pesquisador nos dias de hoje que é ir em busca da verdade, sempre com humildade, pois como foi ressaltado não é fácil realizar uma entrevista com pessoas que muitas vezes por inúmeras dificuldades e falta de oportunidades não possuem uma formação ou instrução básica. Daí a importância de falar com humildade e adaptando a uma linguagem menos acadêmica.
    Os estudos sobre os grupos que ao longo da história foram marginalizados e oprimidos (e ainda são, infelizmente), ajudam a dar voz e melhorar aos poucos suas condições, numa luta constante por justiça social. Obrigado Valderlany, parabéns!
    FRANCISCO LUCAS GONÇALVES DOS REIS.
    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - CAMPUS CAXIAS.

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    1. Valderlany Mendes Dantas2 de agosto de 2019 às 19:47

      Obrigado, Francisco Lucas! Fico feliz que tenha gostado da entrevista. Também considero um conselho extraordinário dado pela professora Eva Bueno, visto que acredito que a humildade seja essencial para a realização de qualquer entrevista. É preciso entender que o outro não é você, que cada pessoa pensa, agi, percebe as coisas de forma diferente. Em uma entrevista é necessário saber antes de tudo, escutar a voz do outro.
      A utilização de entrevistas como fonte histórica é um método, que veio para revolucionar, porque ajuda a dar visibilidade a sujeitos que foram e são silenciados pela historiografia.

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  3. Grande entrevista. Parabéns

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    1. Valderlany Mendes Dantas2 de agosto de 2019 às 19:49

      Obrigado, Misael Croto! Fico extremamente feliz que tenha gostado.

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  4. Parabéns pela entrevista. E muito bom ver que universidade está trazendo gente de fora do país para contribuir com a educação brasileira.
    Luiz Samuel Sousa Oliveira

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    1. Valderlany Mendes Dantas2 de agosto de 2019 às 19:58

      Obrigado, Luiz Samuel! É uma troca de experiência extremamente relevante para a construção do conhecimento, não tenho dúvidas que a Universidade Federal do Piauí e demais universidade só tem a ganhar com tais propostas.

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  5. Querida Valderlany, muito orgulhosa estou por ver a grande pesquisadora e profissional que se tornou. Essa entrevista mostra seu potencial com o uso das memórias orais como fonte de pesquisa. Parabéns e continues sendo essa excelente pesquisadora. Lêda Rodrigues Vieira

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    1. Valderlany Mendes Dantas2 de agosto de 2019 às 20:11

      Obrigada, professora Lêda Rodriguês! Fico imensamente feliz que esteja orgulhosa. E, pode ter certeza, que irei continuar lutando para me tornar uma pesquisadora extraordinária como você.

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